Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
Para o cientista político e presidente do Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (Ipespe), Antônio Lavareda, a economia será o grande norteador do resultado das eleições presidenciais do ano que vem. Nenhuma surpresa nessa constatação. Geralmente, é mesmo a economia, como já demonstrara James Carville, assessor de Bill Clinton em sua campanha à Presidência dos Estados Unidos, quando cunhou a famosa frase: “É a economia, estúpido!”.
Nos momentos em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu com queda na popularidade, já deve ter sido a economia, notadamente a inflação dos alimentos. Agora, é outra vez a economia. Como mostra o Pulso Brasil, pesquisa mensal do Ipespe.
Leia mais“O debate sobre a economia terá centralidade na eleição do próximo ano”, considera Lavareda. “Para ganhar a eleição, o governo precisará fazer um grande esforço para que a leitura negativa não se consolide antes mesmo da campanha”. O centro é fundamental. De um modo geral, houve uma melhora na percepção, embora a negativa ainda supere a positiva. Para 54%, a percepção da economia está errada (mas houve uma queda de quatro pontos com relação à rodada anterior). Para 40% está correta (melhora de três pontos).
Impressiona, porém, a radicalidade dos posicionamentos dos extremos. A quase totalidade dos que se posicionam como de esquerda acha que a condução é correta: 88%. É o mesmo percentual de 88% entre quem se considera de direita que acha que está errada. A possibilidade, então, de reversão, se dá pelo centro. No caso, 73% dos que assim se consideram acha a condução errada. O que pode vir a ajudar o governo é a percepção de futuro. Nesse caso, o percentual dos que acham que a economia está crescendo ultrapassou os que pensam que está andando para trás: 38% contra 36%. Antes, 39% achavam que estava andando para trás.
Novamente, 88% dos que se consideram de esquerda apostam no crescimento. E 70% dos de direita ao contrário. No centro, 51% acham que está parada, 30% que anda para trás e 18% que cresce. Para Lavareda, para onde se mover esse centro é que definirá a eleição.
Pragmático como é, o grupo político que se denomina Centrão já parece ter farejado para onde o vento sopra no momento. A derrubada unânime no Senado da PEC da Blindagem e a troca da anistia plena pela “dosimetria” já parecem sinais da movimentação.
Isso significa a reeleição de Lula? Não necessariamente. Mas pode significar uma mudança de curso. Como não parece haver espaço para um perdão total ao ex-presidente Jair Bolsonaro e demais condenados, move-se no sentido de atenuar as penas.
Nesse sentido, é sempre bom lembrar que uma das pessoas nessa articulação é o ex-presidente Michel Temer. E é bom lembrar também que é ele o padrinho da indicação de Alexandre de Moraes, o relator de tudo, como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
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