Por José Nivaldo Junior*
Eles sempre pareceram nascidos profissionalmente destinados a uma convergência absoluta. Dois sergipanos com pequena diferença de idade. Que conquistaram o renome, o sucesso, as vitórias com empenho, competência, coragem e muita, mas muita capacidade de trabalho.
Fizeram isso a partir de Pernambuco, sem renegar as origens. Fizeram, ambos, do Leão do Norte, o centro do mundo, de acordo com a visão iluminada de Cícero Dias. E têm ambos um profundo traço comum: são, o que se convencionou chamar, “gente do bem”. Caráter adamantino, se dizia antigamente. Pessoas que crescem sem desalojar ninguém. Criando, com excepcional talento, os próprios espaços para construir sua grandeza.
Leia maisA medida de nenhum grande homem, nenhuma grande mulher, pode ser o tamanho da sua fortuna. Uma pessoa vale pela dimensão do seu espírito. Pelos valores que emprega na vida. Pela contribuição à sociedade e à humanidade. Dinheiro, fama, poder, são, ou pelo menos devem ser, sempre, encarados como consequência, nunca como objetivo. É o caso desses dois titãs. Cujo primeiro mandamento é sempre servir. O povo resume tudo em aforismo sensacional: Quem não vive para servir, não serve para viver. Estamos diante de duas vocações de diligentes servos do interesse coletivo.
João Carlos Paes Mendonça, o primeiro a vir ao mundo, escolheu o caminho familiar já traçado, de empreendedor. Foi pioneiro e do alto clero do ramo de supermercados. Desembarcou na hora precisa. Encarou o difícil setor das comunicações e impôs sua marca. Investiu nos grandes centros de compras e multiplicou verdadeiras cidades mercantis. Expandiu. Está ditando padrões além-mar.
O outro João não nasceu para empreender e sim para divulgar. E com que simplicidade ajudou a transformar o colunismo social no Brasil. De poço de futilidades virou noticiário que interessa e contribui. O profissional voou mais longe, acompanhando a evolução dos tempos. Ganhou as ondas do rádio, as imagens da televisão, os espaços digitais. Cunhou marcas originais. Coluna de João Alberto, o café da manhã. Sem ela, as pessoas saiam de casa com carência proteica de informação. Um mago.
Durante mais de 50 anos João, o Alberto, ocupou as páginas do Diário de Pernambuco. Comecei a escrever no DP por volta de 1967, se bem me lembro. Mas só fiz a estreia como notícia na coluna pioneira de João Alberto, Geração Jovem, novamente se não me falha a memória. Pelos meados de 1969, a primeira nota a gente nunca esquece.
Como jornalista, João Alberto sempre abriu espaço justo e merecido para o conterrâneo empreendedor. Quando este adquiriu o então falido Jornal do Commercio, o espaço continuou garantido. Concorrência respeitosa, louvemos as direções do DP, nesse sentido, todas.
As circunstâncias da vida ditaram a convergência e os dois grandes João se abraçam no mesmo projeto. Tenho certeza de que nunca serão vistos como patrão e funcionário, embora o sejam. Serão dupla de vividos cavaleiros andantes, a conquistar a cada dia tanto campos de trigo como moinhos de vento.
Minha respeitosa saudação a esse encontro de águas, esse abraço do São Francisco com o Oceano Atlântico. Sem ninguém distinguir quem é quem, porque só a imensidão interessa.
NR – O jornalista João Alberto Martins Sobral estreou ontem, quinta-feira, 01/02/24, sua prestigiada coluna nas páginas do Jornal do Commercio, do Recife, que faz parte do grupo de comunicação JCPM.
*Comunicador e consultor político, historiador e membro da Academia Pernambucana de Letras.
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