A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes do INSS deverá se debruçar em breve sobre a convocação de Frei Chico, irmão do presidente Lula (PT). Ele é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das entidades mais ligadas a desvios no esquema que fraudou aposentados e pensionistas. Para o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), ninguém deve ser protegido de depor na comissão.
“O Sindnapi é a segunda ou terceira maior entidade em termos de volume, que já tem muito tempo detendo acordos de cooperação com o INSS, e que tem na vice-presidência o irmão do presidente Lula. Ele já foi blindado de ser convocado à CPMI, a base governista impediu. Vamos tentar colocar (o nome dele) de novo em votação, tem fatos que precisam ser esclarecidos. Vamos esclarecer, ele não estará sendo chamado por ser irmão do presidente Lula, mas porque existem indícios muito fortes e provas já concretas, de desvio de recursos. E como o presidente do sindicato (Milton Baptista de Souza Filho), se calou perante a CPMI, ele (Frei Chico), pela hierarquia, é o segundo da entidade e talvez tenha muito o que dizer”, afirmou Gaspar, em entrevista ao podcast ‘Direto de Brasília’.
Leia maisMilton Batista prestou depoimento à CPMI no começo de outubro, mas optou por não responder às perguntas dos parlamentares. Segundo o relator, o dirigente do Sindnapi conseguiu um habeas corpus, através do qual pode manter o silêncio e não sair preso da comissão – situação que já ocorreu com três depoentes desde agosto, quando o colegiado foi instalado.
“Na CPMI, não estamos protegendo ninguém, a não ser determinadas pessoas que a base do governo não deixou que fossem convocadas. Mas que é importante. Posso citar o Frei Chico, irmão do presidente Lula; o Paulo Bodens, que recebeu R$ 3 milhões do Careca do INSS; o Gustavo Gaspar, que tem muito a explicar; e uma ex-marqueteira do PT, que pegou R$ 5 milhões do Careca. Por aí você vê que essas pessoas ajudariam a investigação e estão sendo blindadas. Mas todas constarão no relatório da CPMI, o caminho a seguir e o que iria atingir. Estamos falando de milhões de reais que foram para essas pessoas, e elas repassaram para quem? Quais autoridades estão trabalhando para que esses investigados não prestem esclarecimentos?”, disparou o relator.
“Sabemos o quanto é difícil fazer justiça no país, imagine no ambiente político. Como relator, tenho a obrigação de dar respostas ao povo brasileiro, e irei apontar efetivamente todos que tiveram participação nos desvios. Já a consequência desse apontamento dependerá das instituições. A CPMI aponta os indícios e as instituições tomam conta dos próximos passos. Na minha relatoria, não haverá proteção a quem quer que seja”, concluiu Alfredo Gaspar.
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