Inimigo público número um do PT, o ex-juiz federal e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) nega ter cometido excessos na Operação Lava Jato. Em entrevista ao podcast Direto de Brasília, apresentado por este blogueiro, ele defendeu o legado da ação e atribuiu o fim da operação à “reviravolta política” dos últimos anos.
“As pessoas despertaram para os males da corrupção. Primeiro teve o Mensalão, depois o Petrolão. Qual país prospera dessa forma, onde a trapaça vira regra, o crime vira rotina? A Lava Jato mudou a percepção sobre esse problema. Infelizmente, a tradição da impunidade voltou com força e até para nos intimidar. Mas a gente não se dobra e tenho certeza, claro que não será fácil, mas essa pauta anticorrupção voltará com força. Precisamos retomar, porque o país não aguenta mais quatro anos de Lula”, disparou Moro.
Leia maisO ex-juiz reforçou que não havia razão jurídica para a anulação dos processos por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiram a volta de nomes que haviam sido presos pela operação, como José Dirceu e Sérgio Cabral, além do próprio presidente Lula (PT).
“Claramente, não existe razão jurídica para a anulação dos processos. O próprio Supremo autorizou a prisão do presidente Lula em março de 2018. Ele foi condenado em mais de uma instância. A realidade está posta, o STF reconheceu e manteve a prisão e as condenações. Depois, numa reviravolta política, anulou as condenações. Acho que é uma decisão absolutamente errada, mas segue a vida. Não vamos ficar nos lamentando, mas vamos apontar esses erros”, colocou Sérgio Moro.
“Não houve excessos. Se houvesse algum caso de reversão de prisão que decretei ou de condenação que emiti, porque a pessoa era inocente ou as provas não eram convincentes, eu seria a primeira pessoa a pedir desculpas. Colocar um inocente na cadeia, jamais. O que vemos é reviravolta política. Nenhum tribunal teve coragem de dizer que as pessoas eram inocentes. Pode ver: eles não falam isso, porque sabem o que aconteceu de verdade. Não tenho nada de que me arrependa, fiz o meu papel. Tenho consciência do dever cumprido, mas tenho o sentimento de que precisamos retomar essa agenda para restaurar a dignidade moral da administração pública brasileira”, concluiu o senador.
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