A responsabilidade de Wolney Queiroz e a confiança que recebeu de Lula
Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog
O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), completa, nesta quarta-feira (2), 60 dias à frente da pasta. Assumiu a função em meio a uma das maiores crises da terceira gestão do presidente Lula (PT): o escândalo dos descontos indevidos nas aposentadorias dos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), algo que vem rendendo um desgaste incalculável ao Poder Executivo.
Com excelente relação com o presidente e pessoas próximas a Lula, além de transitar facilmente pelos corredores de Brasília após acumular experiência como deputado federal, Queiroz recebeu do chefe do Executivo uma prova de confiança imensa, o que automaticamente se traduziu na alta responsabilidade do ministro.
Leia maisAs missões eram, e continuam sendo, fazer justiça aos aposentados e responsabilizar aqueles que os lesaram, além de administrar uma pasta que, por si só, já é cheia de complicações. Também cabe ao titular cuidar para que o Ministério da Previdência Social atue de maneira mais eficaz na proteção necessária para evitar novos golpes.
Ontem (1º), ao ser entrevistado pelo titular deste blog no podcast semanal Direto de Brasília, Wolney Queiroz prestou contas desses dois meses cumprindo as tarefas dadas pessoalmente pelo presidente Lula. Segundo ele, o Governo Federal trabalha em conjunto com vários órgãos na elaboração de uma minuta que estabelecerá as regras para o ressarcimento dos aposentados.
Na semana do São João, inclusive, houve uma reunião entre Defensoria Pública da União, Ministério Público Federal, Advocacia-Geral da União, Ministério da Previdência e INSS, com a mediação do ministro Dias Toffoli, da segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF), para que se alcance um consenso.
A ideia é que, a partir dessa minuta, o Governo Federal anuncie o cronograma de pagamentos. “O que eu posso dizer é que o governo quer fazer rápido. Quando esse acordo judiciário for celebrado, o presidente Lula vai editar uma medida provisória pedindo crédito suplementar extraordinário com a finalidade de efetuar esses pagamentos”, explicou o ministro.
Questionado se os recursos sairão dos bolsos daqueles que roubaram os aposentados, como seria justo, Wolney Queiroz explicou que o projeto do governo é pagar aos aposentados inicialmente com dinheiro do Tesouro, mas buscar depois o ressarcimento. “Nós já temos bloqueados cerca de R$ 2,9 bilhões das associações, tanto da pessoa física como da pessoa jurídica, para fazer esse ressarcimento. Porém, isso leva tempo. O aposentado que tem 65, 70, 80 anos não pode esperar essa briga jurídica. Então, o governo vai adiantar e buscar esse ressarcimento depois”, detalhou.
Balanço – O ministro apresentou alguns números desses dois meses à frente da pasta. De acordo com ele, nove milhões de aposentados foram informados pelo INSS de que haviam recebido descontos, para que respondessem ao Instituto se teriam autorizado ou não os débitos. Foram abertas 5.272 agências dos Correios para atender especificamente esses beneficiários. Cerca de 1,3 milhão de aposentados compareceram presencialmente aos Correios; outros 3,7 milhões responderam pelos canais digitais ou pelo telefone 135.

Roubos antigos – Wolney Queiroz também ressaltou que os descontos não começaram no governo Lula, o que pretende expor na CPMI que deve iniciar os trabalhos no Congresso no segundo semestre. “O Governo Federal teve coragem e iniciativa de desvendar e desbaratar essa quadrilha, trazendo isso à tona por meio da Controladoria-Geral da União, comandada pelo ministro Vinícius Carvalho, junto com a Polícia Federal. Fizeram uma investigação profunda até a deflagração da Operação Sem Desconto, em abril de 2025”, reforçou.
PDT continua com Lula – O ministro ainda comentou sobre o PDT, de Carlos Lupi, que o antecedeu na pasta, continuar na base de apoio ao presidente. “O PDT estará na reeleição do presidente Lula. O próprio presidente do partido, Carlos Lupi, já declarou isso publicamente. Logicamente, não há como nos alinharmos com o PL e votarmos com eles no plenário. Nosso campo é progressista, estamos votando com o governo, e tenho feito ponte com as bancadas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal”, afirmou Wolney.
Lula x Bolsonaro 1 – Por falar em Lula, o presidente, como é de praxe, falou a língua do povão ontem e fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Lula disse que nunca solicitará PIX a apoiadores e que jamais vai pedir “anistia” antes de uma condenação pela Justiça. O petista deu as declarações a produtores rurais durante o lançamento do Plano Safra 2025-2026, que prevê financiamentos de até R$ 516 bilhões para agricultores de médio e grande porte.

Lula x Bolsonaro 2 – Sem citar diretamente Bolsonaro, Lula afirmou que “quem é frouxo não deveria fazer bobagem” para não precisar de doações ou anistia. “Quero que provem que já teve um presidente mais decente com vocês (produtores rurais) do que este governo. Nunca vou pedir PIX para mim. Guardem o dinheiro para pagar os funcionários. Não quero PIX e jamais pedirei anistia antes de ser condenado. Quem é frouxo não deveria fazer bobagem”, declarou o petista durante evento no Palácio do Planalto.
CURTAS
Por falar em Bolsonaro – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enviou ontem mensagem a parlamentares cancelando reuniões e visitas por recomendação médica. Bolsonaro afirmou estar com crises de soluço e vômitos que o impedem de falar. Segundo a CNN Brasil, ele se sentiu mal nos últimos dois dias e não compareceu à sede do Partido Liberal ontem; não deve ir hoje também.
Raquel e as agências 1 – A 1ª Câmara do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) confirmou ontem, por unanimidade, decisão monocrática do conselheiro Eduardo Porto que suspendeu pagamentos de contratos de publicidade do Governo de Pernambuco. Até que supostas irregularidades sejam apuradas em auditoria especial, a governadora Raquel Lyra (PSD) está proibida de executar o vínculo com quatro agências de publicidade, cujo valor, em dez anos, chegaria a R$ 1,2 bilhão. As informações são do Blog do Lauro Jardim.
Raquel e as agências 2 – O parecer de Eduardo Porto, porém, exclui da suspensão campanhas essenciais, como ações emergenciais, e libera pagamentos por serviços já prestados desde o início dos contratos.
Perguntar não ofende – Quando a governadora Raquel Lyra vai desenrolar os contratos de publicidade?
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