Nos últimos anos, o Brasil viu um grande número de cursos de medicina sendo implantados. São atualmente 436, dos quais 64% pertencem a instituições privadas de ensino superior. Embora a falta de profissionais para a área seja uma carência histórica no país, a preocupação agora é com o tipo de formação que os estudantes vêm recebendo. Em função disso, o deputado federal Allan Garcês (PP-MA) apresentou um projeto de lei que cria o exame de proficiência médica, nos moldes rigorosos da prova aplicada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Esse exame foi motivado pelo cenário atual que a gente está vivendo no Brasil. Nos últimos anos, foram abertas inúmeras escolas médicas, muitas sem as mínimas condições de oferecer um curso de formação médica, de capacitação para uma profissão extremamente importante. E, com isso, vieram profissionais mal formados, e isso foi sendo detectado pelo Conselho Federal de Medicina. Então, reunido com o deputado Doutor Luizinho (PP-RJ), elaboramos esse projeto, a gente sentiu essa necessidade. Estava no momento. Acho que pode ser semelhante ao que acontece com a OAB”, afirmou Garcês, em entrevista ao podcast Direto de Brasília, apresentado por este blogueiro.
Leia maisO parlamentar reforçou que o exame não visa impedir a abertura nem solicitar o fechamento dos cursos, por ser uma prerrogativa do Ministério da Educação (MEC). Mas Garcês acusou a pasta de não cumprir seu papel, o que prejudica a população.
“O MEC tem esse controle, só que não está fazendo nada quando detecta que determinada escola está formando mal o egresso. O MEC tem três ferramentas: o Enade, que foi a primeira ferramenta para avaliar as escolas médicas; tem o Enare, que não avalia especificamente a escola, mas o aluno para uma residência médica. E agora veio o Enamed, que avalia o aluno e o curso também, e que foi criado depois que o nosso projeto de lei começou a tramitar na Câmara Federal. Então é como se o governo federal estivesse tomando alguma atitude para descredibilizar essa ferramenta que propomos, que é do Conselho Federal de Medicina e que avalia o aluno”, disparou.
“Uma coisa é importante. O MEC é que tem a prerrogativa de avaliar o curso, de fechar e abrir cursos. A prerrogativa do Conselho Federal de Medicina é de promover um médico bem formado, a qualificação, a qualidade desse médico na sua formação. Então o exame de proficiência médica é para avaliar as competências, as técnicas, o conhecimento e a habilidade médica, não para avaliar o curso. O conselho não vai propor fechamento de curso com as notas dos médicos que não conseguirem passar no exame. Isso é prerrogativa do MEC, que tem um raio-x das universidades, das escolas privadas que estão deficientes, mas não toma posição. Não existe restrição de abertura das escolas médicas, pelo contrário. Abriram a porteira e foi exatamente nessa abertura desenfreada onde as escolas médicas estão sem cumprir as mínimas condições, como hospital escola, laboratório, centro cirúrgico, leitos”, completou Garcês.
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