Por Ismael Alves
Há poucos dias, escrevi um artigo mostrando que a desvalorização contra a mulher na capital pernambucana começava na própria Câmara Municipal. O caso veio à tona após conversa vazada em grupo de WhatsApp do Legislativo em que os vereadores Paulo Muniz, até então do PL, e Kari Santos, do PT, chamaram a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro de “quenga”, apenas por divergência política.
Volto ao tema da perseguição contra mulheres, agora no alto escalão de outra instituição que deveria proteger a sociedade: a Polícia Civil de Pernambuco. A delegada Natasha Dolci, há anos, denuncia situações de assédio e perseguição dentro da corporação. Em vez de apoio, passou a sofrer retaliações até ser demitida da Polícia Civil por supostas “transgressões disciplinares”, mas na verdade apenas por mostrar crimes dentro da própria polícia.
Leia maisNos vídeos que publica, Natasha sempre mostrou coragem, mas nos últimos meses é claro o abalo emocional que enfrenta. A delegada firme e combativa ainda resiste, mas agora entrecortada por lágrimas, dor e desespero de quem pede ajuda em público, enquanto o Governo de Pernambuco, comandado por Raquel Lyra (PSD) e sua vice Priscila Krause, seguem inertes diante da destruição da vida profissional e emocional de uma servidora que chegou lá por mérito em concurso.
Para completar, a Justiça de Pernambuco achou por bem de determinar a suspensão das redes sociais da delegada, numa decisão que só fará silenciar sua voz, sua denúncia e sua dor.
Se a governadora permanece indiferente e a Justiça toma decisões que mais penalizam quem é vítima, cabe perguntar: o que tem feito a Assembleia Legislativa de Pernambuco, além da atuação de Gleide Ângelo, para salvar a vida de uma mulher que está sendo pisoteada pelo próprio Estado?
Ser omisso diante de um caso tão gritante de violência institucionalizada contra a mulher é ser covarde. Estão esperando o quê?
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