O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou a decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), de negar, na manhã desta terça-feira, sua nomeação como líder da minoria. A indicação era uma manobra pensada pelo PL para ele manter o mandato, mesmo morando nos Estados Unidos. Como mostrou O GLOBO, o parlamentar tem em faltas não justificadas quase o dobro de presenças registradas em sessões deliberativas deste ano. Ao mesmo tempo, o Conselho de Ética da Casa também abriu hoje um processo que pode resultar na perda de seu cargo legislativo.
— O Hugo Motta é um refém do regime, ele está sofrendo extorsão do ministro Alexandre de Moraes, a gente compreende, mas isso não o isenta de receber críticas. Eu esperava mais coragem dele. Ele poderia perfeitamente seguir o regimento interno da Casa e avalizar a minha liderança da minoria, mas preferiu nos perseguir, por entender que nós somos o lado mais fraco da força. O que temos que fazer, então? Levantar a temperatura em cima dele, eu não tenho outra saída — disse em entrevista concedida ao Metrópoles nesta terça-feira. As informações são do jornal O GLOBO.
Leia maisParalelamente, o Conselho de Ética da Câmara decidia pela abertura do processo disciplinar que poderá resultar na cassação do mandato de Eduardo, em resposta a uma representação encaminhada pelo PT que questionava sua atuação no exterior. Na peça, o partido argumenta que Eduardo ultrapassou os limites de seu mandato e feriu o decoro parlamentar ao articular por sanções americanas contra autoridades brasileiras.
Durante a sessão do colegiado, foram sorteados nomes para uma lista tríplice de três possíveis relatores. Foram selecionados os deputados Paulo Lemos (PSOL-AP), Delegado Marcelo Freitas (União-MG) e Duda Salabert (PDT-MG). A escolha final deve ser feita até sexta-feira.
Reação ao discurso de Trump na ONU
Na entrevista, Eduardo também comentou sobre o discurso de Donald Trump durante a abertura da Assembleia Geral da ONU. O presidente americano disse que encontrou com o presidente Lula, o descreveu como um “bom homem”, afirmou que eles tiveram uma “ótima química” e disse que uma conversa entre os dois poderá acontecer na semana que vem. Em resposta, o parlamentar negou que o aceno afetará sua atuação nos EUA por novas sanções:
— Esse encontro por si só não é sinônimo de vitória. Pode olhar os arquivos e ver os casos do primeiro-ministro britânico, dos presidentes da África do Sul e da Ucrânia. Quando eles entram no Salão Oval, eles acabam ouvindo uma verdade inconveniente. Isso mostra muito o estilo do presidente Trump: uma pessoa espontânea, autêntica e que não pensa duas vezes antes de falar. Eu não fiquei nem um pouco surpreso, porque isso está dentro da estratégia dele.
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