Por Tales Faria
Do Correio da Manhã
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), insiste na ajuda do ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo para obter algum aceno do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a seu favor.
Tarcísio despertou a ira de Eduardo Bolsonaro por ter-se encontrado com o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil Gabriel Bacelar, em busca de um aceno de Trump para não aumentar em 50% as tarifas sobre a importação de produtos brasileiros, sobrtetudo aqueles produzidos em São Paulo.
Leia maisEduardo postou nas suas redes sociais que não está disposto a ajudar: “Qualquer tentativa de acordo sem um primeiro passo do regime em direção a uma democracia será interpretado como mais um acordo caracu, pois isso já foi exaustivamente tentado no passado – e os americanos também já conhecem essas histórias.”
“Acordo Caracu” é uma expressão de baixo calão, segundo a qual, por esse acordo, um lado entraria com a cara e, o outro, com o que resta da palavra “caracu”.
Tarcísio acredita que um aceno de Trump seria a melhor forma de neutralizar os ataques dos aliados do governo contra suas manifestações em defesa da decisão do presidente norte-americano pelo tarifaço.
O governador de São Paulo disse a aliados que sua manifestação, na verdade, foi um forma de defender o ex-presidente Jair Bolsonaro dos ataques de Lula e dos petistas que atribuíram a decisão de Trump a uma traição do clã bolsonarista.
Mas, segundo políticos próximos da família do ex-presidente, Eduardo teme inflar o governador paulista antes de seu pais decidir se Tarcísio será mesmo o candidato do grupo à Presidência da República em 2026. Carlos Bolsonaro já disse a amigos que Tarcísio está “indo com muita sede ao pote”.
Eduardo é o mais irritado porque ele próprio acredita que pode vir a ser o nome escolhido pelo pai para concorrer à Presidência.
Mas o governador fez chegar a Bolsonaro que um aceno de Trump, indicando disposição para rever as tarifas em função de um “pedido de São Paulo” — e não do governo brasileiro —, seria fundamental para “blindar toda a oposição” contra os ataques do PT.
Ele próprio tem sido alvo do PT e de aliados do governo federal que passaram a incluí-lo no rol dos “traidores da pátria” que teriam ficado ao lado dos EUA, contra os trabalhadores e a economia do Brasil.
Memes contra o governador proliferaram nas redes sociais, incluindo aquela imagem que ele próprio havia postado vestindo um boné da campanha eleitoral de Trump com o lema do MAGA – Make América Great Again (Faça a América Grande Novamente).
O governador havia publicado na rede social X (antigo Twitter) mensagem criticando o presidente Lula pelo aumento de tarifas. Ele escreveu que Lula “colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”. Disse Tarcísio logo após o tarifaço:
“Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema.”
O líder do governo na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), foi o primeiro a responder: “Como é que um governador de um estado tão importante como São Paulo se coloca contra a democracia brasileira? (…) Se você achava Tarcísio moderado, não pode achar mais. É a extrema-direita golpista (…) ele fica com a bandeira norte-americana enquanto ataca a bandeira brasileira”.
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