Por Rudolfo Lago
Do Correio da Manhã
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) adiou mais uma vez a apresentação do seu parecer sobre o segundo projeto de regulamentação da reforma tributária. Agora, segundo ele, o projeto ficará somente para o segundo semestre. Essa possibilidade já havia sido adiantada pelo Correio Político, e era uma preocupação com o deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), pai da reforma.
É um dos reflexos do acirramento da disputa entre o governo e o Congresso. Que pode levar ao travamento da pauta legislativa, como se vê. Um vídeo divulgado na quarta-feira (2) mostra que a briga pode fugir do controle. Semelhante aos feitos pelo PT, esse mostra o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), como “Hugo nem se importa”.
Sátira
O vídeo foi produzido pelo perfil Brasil – Sátira do Poder, mas segue estilo semelhante ao dos vídeos produzidos pelo PT, o que gera confusão. Ele mostra Hugo Motta participando de um jantar com empresários, no qual diz que seu plano é defender os mais ricos e “sangrar” Lula.
Vídeo
Motta, então, fez ele mesmo um vídeo. Num quadro no seu perfil chamado “Dá um Google”, ele diz que “é mentira” que o Congresso não olhe para o povo e que o governo tenha sido traído na aprovação da derrubada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Trava pode gerar mais problemas, como segurança

Pesquisa do Instituto Quaest com deputados mostrou claramente o risco. Na avaliação de 57% dos parlamentares, as pautas de interesse do governo não vão avançar. Entre elas, está a proposta do Ministério da Justiça de criação de um Sistema Único de Segurança, a PEC da Segurança. Começou no dia 1o de julho um grande encontro do setor em Brasília. Além da PEC, os secretários estaduais de segurança estão encaminhando nove anteprojetos de lei para discutir a questão que, segundo o mesmo Quaest, é o maior problema nacional, de acordo com 70%. O mesmo clima que trava a reforma tributária pode travar essa discussão.
Propostas
O Conselho Nacional de Secretários de Segurança (Consesp) apresentou primeiro 20 propostas que, submetidas aos secretários, foram reduzidas, então, a nove anteprojetos, que serão agora encaminhados ao Congresso Nacional na esteira da PEC para discussão.
Conselho
A primeira delas altera a formação do Conselho Nacional de Segurança Pública, que administraria o sistema único. Os secretários reclamam que o conselho hoje é muito amplo, com 50 membros, e pouca participação de fato de especialistas no setor.
Compensações
Pede, ainda, compensações pela atuação dos estados em crimes federais. Caso da repressão ao tráfico de entorpecentes. Os secretários estaduais querem que um fundo compense as ações que as polícias militares e civis dos estados fazem nesse combate às drogas.
Bets
Na mesma linha do financiamento, pedem que dinheiro das apostas esportivas – as bets – financie a segurança pública. Há outras propostas. Mas o problema agora passa a ser o mesmo. Qual será o ambiente no Congresso para discutir esses e outros assuntos?