Por Natasha Dolci
Em nove de janeiro deste ano, denunciei formalmente todos os atos ilícitos contra mim praticados e os encaminhei para o Governo e para a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social. Tentaram cancelar o documento, mas como não conseguiram, ignoraram e a Corregedoria o arquivou.
Um mês após, meu então chefe, que havia me convidado para trabalhar com ele (o que já fez ele ficar malvisto), foi expulso da gestão, apesar dos 9 anos de trabalho, e se tornou adjunto de uma delegacia. No dia que tomei conhecimento, fiquei com muita raiva e liguei para Rodrigo Carvalheira e narrei que queria denunciar os números fictícios da gestão (falei que minha vingança seria ver “vagabundo trabalhando”). Nesse dia, fomos ao Palácio do Governo e, na mesma semana, a SDS passou a fazer exigências com base no que eu havia narrado. As denúncias consistiam em:
Leia mais– Homicídios não investigados. A gestão da PCPE exige que os IPs sejam remetidos de qualquer jeito mesmo sem elementos mínimos e com um indiciamento, visando computar como IP “resolvido”. Ocorre que ao chegar no MP, não há elementos para denúncia e o IP retorna a Delegacia como requisitório. Mas a partir do momento que foi uma vez, já se computa como resolvido e o IP é encaixotado na delegacia. Tive caso de investigar autor de vários homicídios que não possuía um processo criminal;
– Prisão de quem já se encontra preso: cumprem mandados de prisão de presos já recolhidos no COTEL por outro motivo, apenas para divulgar como uma “prisão da área”;
– TCO de usuários de drogas divulgados como prisão;
– Prisões que não possuem nenhuma relação com a área de atuação: as equipes passam o dia atualizando o site do BNMP e quando sai qualquer mandado de prisão inicia a saga de “quem chega primeiro” mesmo que seja em cidade diferente (é comum ir na residência do preso e ser informado que várias viaturas já foram até o local), tanto que a delegacia de capturas a quem caberia tal serviço não tem sequer delegado, já que a polícia inteira fica em fazer o mesmo trabalho (enquanto isso não há equipe para investigar os crimes da área, já que estão ocupados nessa saga)
– Corregedoria com metas de abertura de procedimentos e metas de punição, o que desestimula PM e PC, já que os procedimentos são abertos mesmo não havendo indícios para abertura.
– Não falta efetivo, falta gestão.
Paralelamente, Rodrigo estava sendo investigado desde outubro de 2023, em outra delegacia, por estupro. Eu tinha conhecimento do IP através do que ele me passava (o IP é sigiloso, então sequer tinha acesso). Devido as investigações, Rodrigo estava interceptado e, em uma ligação comigo, realizada no mês de abril, falamos sobre o caso e eu pergunto: “Como está seu caso?” (não perguntaria se eu tivesse acesso) e reclamávamos da demora do procedimento (motivo pelo qual foi solicitado a mudança de Delegacia nos autos e eu mesma pergunto se ele ‘não ia tirar de lá’).
Em outra ligação, peço ajuda para me lotar em Fernando de Noronha, tendo em vista que vagou (pleito que já faço há 3 anos, justamente para fugir das perseguições). Com base nessas 2 ligações, as delegadas do caso induziram que existia uma troca de favores, configurando corrupção passiva e solicitaram a prisão do Rodrigo e a suspensão das minhas funções.
O juiz negou o pedido de suspensão das funções, requisitando investigações. Mesmo com o juiz denegando, a própria PCPE suspendeu minhas funções por 120 dias, solicitando o recolhimento da minha arma e documento funcional, abriram Inquérito Policial por corrupção passiva e um Processo Administrativo Disciplinar Especial. Confira abaixo a denúncia formal realizada pela delegada.
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