Por Osvaldo Matos Júnior*
O dólar elevado exerce efeitos profundos sobre uma economia como a brasileira, altamente dependente de importações, carente de investimentos estrangeiros, e marcada por juros elevados e incertezas quanto à gestão fiscal. A combinação desse cenário potencializa os desafios econômicos do país, criando um ciclo que ameaça desde a estabilidade monetária até a capacidade de crescimento sustentável.
A valorização do dólar encarece diretamente os produtos importados, como insumos industriais, combustíveis e bens de consumo, pressionando a inflação. Em uma economia onde parte significativa da produção depende de insumos externos, esse impacto inflacionário se torna ainda mais agudo. No Brasil, onde os juros já estão elevados para conter os preços, a manutenção desse quadro pode tornar o crédito ainda mais caro, desestimulando o consumo e os investimentos.
Além disso, o cenário de desconfiança em relação aos governantes agrava a percepção de risco por investidores estrangeiros. Embora o país registre recordes de arrecadação, a falta de responsabilidade fiscal, evidenciada pelo aumento de gastos públicos sem os cortes e ajustes necessários, mina a credibilidade do Brasil no mercado internacional. Essa falta de confiança pode levar à fuga de capitais, intensificando a pressão sobre o câmbio e ampliando o endividamento do Estado em dólar.
Leia maisSem mudanças estruturais na política fiscal, o risco de retorno à inflação descontrolada é real. A alta dos preços pode gerar um efeito cascata: a população perde poder de compra, empresas enfrentam aumento de custos, e a produção nacional é desestimulada. Esse ambiente sufoca a economia, limitando a geração de empregos e promovendo um círculo vicioso de estagnação.
O cenário é preocupante, mas reversível. A adoção de políticas fiscais responsáveis, com corte de gastos excessivos e estímulo à produção interna, pode restaurar a confiança do mercado e atrair investimentos estrangeiros. A estabilidade econômica só será alcançada com um compromisso claro com o equilíbrio fiscal e a transparência. Sem essas mudanças, o Brasil corre o risco de enfrentar um futuro de baixa competitividade, crescimento pífio e um aumento do fosso entre suas potencialidades e sua realidade.
*Cientista Politico e Social; publicitário e especialista em gestão pública, Comércio Exterior, Inteligência Competitiva e Planejamento Estratégico, Comunicação e Marketing. CEO da BM5 Comex e Marketing.
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