Ricardo Nunes (MDB) tomou posse para um novo mandato como prefeito de São Paulo nesta quarta-feira (1º). Aos 57 anos, ele é o décimo prefeito a comandar a capital paulista desde a redemocratização do país.
A cerimônia — que também deu posse ao vice-prefeito, Ricardo Mello Araújo (PL), e aos vereadores—ocorreu no Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal. A sessão foi presidida pelo vereador Eliseu Gabriel (PSB), por ser o parlamentar mais velho da Casa.
O emedebista foi reeleito após derrotar o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno das eleições de outubro — Em seu discurso inaugural, Eliseu Gabriel optou por fazer um discurso sobre ciência e política educacional. Ele comentou um caso de fracasso de políticas para a educação nos Estados Unidos baseada em princípios de livre mercado, que eram consensuais na política americanas mas mostraram-se ineficazes.
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Assim, ele lançou um aviso aos novos vereadores: “cuidado com o senso comum, cuidado com tudo na política que parece óbvio demais”.
Nunes assumiu a administração da capital paulista em maio de 2021, após a morte por câncer de Bruno Covas (PSDB), de quem era vice-prefeito. Nascido na periferia da zona sul, foi vereador por dois mandatos e se projetou na região a partir da atividade empresarial no ramo da dedetização.
Mello Araújo, seu vice, é coronel da reserva da Polícia Militar e já foi diretor-presidente do Ceagesp. (Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo), uma empresa pública federal, por três anos. De 2017 a 2019, ele comandou a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da PM conhecida pelos altos índices de letalidade.
O acordo para que Mello Araújo concorresse na chapa que saiu vitoriosa ocorreu por indicação pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é homem de confiança. Além da vice-prefeitura, ele assume também a Secretaria Executiva de Projetos Estratégicos.
Com previsão de R$ 125,7 bilhões em receitas para 2025, Nunes terá o maior orçamento da história. O valor é 12% a mais que o aprovado para 2024.
Ele inicia seu segundo mandato com 82% do Plano de Metas da prefeitura para o período 2021-2024 concluído. Isso após sua própria gestão ter revisado o programa e desistido de inaugurar quatro terminais de ônibus e dois corredores BRT e, também, de construir 11 piscinões em locais afetados pelas enchentes, entre outros pontos. As áreas de educação, cultura e mobilidade estão entre aquelas que não foram concretizadas.
Ao longo de sua campanha, ele exaltou conquistas como a fila da creche zerada, o recapeamento recorde, a tarifa zero de ônibus aos domingos e a faixa azul exclusiva para motos. Apesar desses investimentos, a capital teve em 2024 o maior número de mortes no trânsito dos últimos nove anos, considerado o período de janeiro a novembro.
O tempo de deslocamento aumentou, em média, 10 minutos para aqueles que usam o transporte público na capital, e aqueles que usam o sistema de ônibus municipal relatam mais tempo de espera pelas lotações.
Algumas das primeiras mudanças na estrutura do secretariado foram publicadas no Diário Oficial do primeiro dia do ano. A secretaria de Cultura, por exemplo, passa a incluir também a área de economia criativa. As secretarias de Transporte e Trânsito tiveram seus nomes alterados. O prefeito anunciará seu secretariado completo durante uma cerimônia no Theatro Municipal na tarde desta quarta.
Se completar o mandato que assumiu nesta quarta, Nunes pode se tornar o prefeito mais longevo da história recente da capital paulista. Considerando o tempo que já ficou no cargo após a morte de Bruno Covas, ele pode permanecer, ao todo, 7 anos e 7 meses no comando da cidade.
Da Folha de São Paulo.
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