Por Gabriel Garcia*
O discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante o congresso nacional do PSB, surpreendeu a maioria dos políticos do Partido Socialista. Não faltaram adjetivos: enfadonho, cansativo, confuso, disperso, desordenado, bagunçado, caótico. Foram quase duas horas de uma narrativa que passeou por temas variados: Faixa de Gaza, eleição para senadores, expectativa de reeleição (ou não), ataque à direita, Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula se distancia do político habilidoso e astuto dos primeiros dois mandatos como presidente. Cansativo em sua retórica, o petista, curiosamente, anunciou durante o encontro uma medida já divulgada aos ministros do governo: a duração máxima das explanações deverá ser de cinco minutos, segundo determinação de Lula.
Leia maisEx-primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, que era dono de uma retórica encantadora, já havia ensinado que o tempo ideal de um discurso seria de sete minutos. O Velho Buldogue rascunhava cada palavra, com textos minuciosamente elaborados, que, normalmente, alcançavam e conquistavam a maioria dos ouvintes.
Lula, pelo visto, desconhece essa máxima de Churchill. Ao contrário do petista, o prefeito do Recife, João Campos, abusou do carisma. Fez um discurso conciso e direto. Neto de Miguel Arraes e filho de Eduardo Campos, ex-governadores de Pernambuco, João foi eleito presidente nacional do PSB, empolgando a plateia socialista.
Ainda jovem, João demonstra maturidade de políticos rodados, o que o coloca como uma importante liderança do chamado campo progressista.
Gestor consolidado à frente da Prefeitura, João caminha em direção a novos rumos. Os socialistas apostam em sua eleição para o Governo de Pernambuco, concorrendo contra a governadora Raquel Lyra, que patina nas pesquisas de intenção de votos.
A depender do resultado das urnas em 2026, João se tornará um herdeiro do espólio da esquerda, que sofre para encontrar um sucessor de Lula. João tem tudo para seguir a trajetória política do pai.
Após o trágico acidente aéreo durante a campanha presidencial de 2014, que tirou a vida de Eduardo Campos, o PSB se reinventou. Nas eleições municipais, foi o partido de esquerda que elegeu o maior número de prefeitos, 301. Tem crescido e aposta em João para renovar ainda mais o campo progressista.
Já o PT envelheceu… e muito mal.
*Jornalista
Leia menos