Por Anthony Santana – Blog da Folha
O ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho, à frente da pasta desde 1º de janeiro de 2023, no início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é reconhecido por seu perfil conciliador e pela habilidade de transitar entre diferentes espectros ideológicos. A escolha dele para a Defesa foi estratégica. Após um período de forte politização das Forças Armadas, Lula buscou um nome civil que tivesse a confiança dos militares e capacidade de diálogo. O presidente acertou.
Diferente de antecessores que adotavam tons mais impositivos ou ideológicos, Mucio é conhecido pela diplomacia. O papel do ministro na instalação da Escola de Sargentos do Exército (ESE) em Pernambuco é considerado central e decisivo. Como pernambucano e ocupando o cargo de ministro da Defesa, ele assumiu o projeto como uma de suas principais bandeiras de gestão, atuando como articulador político e orçamentário para garantir que a unidade permanecesse no estado.
Leia maisAtuação em 2025
“Levamos o ITA para o Ceará. Levamos o Cimatec para Salvador. Estamos levando o IME, Instituto Militar de Engenharia, para a Amazônia. A tendência natural do Brasil é que os nossos filhos vão todos estudar no Sul. A gente agora está querendo que os filhos venham do Sul, estamos trazendo os professores para onde estão as famílias nordestinas, as famílias do Norte, para que o Brasil seja mais igual nas oportunidades”.
Sobre a ESE
“Aqui, algumas pessoas que não estão informadas dos números, geraram um problema em relação a desmatamento. Nós vamos tirar 40 hectares, vamos plantar 400 e agregar mil. Em troca de 40 hectares nós vamos colocar quase mais 1.500 hectares. Para trazer uma escola que vai ter uma folha de pagamento de R$ 200 milhões por ano. Entre alunos e professores, são seis mil empregos, seis mil atividades. Muda o cenário daquela região”.
A escolha
“Só há três lugares no Brasil que podem ter essa escola. Santa Maria, no Rio Grande do Sul; Três Corações, em Minas; e aqui. Porque tem que ter um espaço grande para treinamento de tiro, essa coisa toda, que já tem lá no quartel. Estamos apenas querendo agregar uma escola. Foi essa dificuldade toda, já conseguimos uma parte do dinheiro, está tudo pronto, só faltando assinar. Estou tentando falar com o maior número de pessoas para que elas entendam. Porque algumas que questionam não sabem da realidade. Não vão tirar quase nada (da vegetação). Quando eu cheguei no ministério, o projeto era tirar 400 hectares. Hoje, na realidade vão desmatar somente 40 hectares”.
Demora
“Talvez eu esteja protelando, faço até uma mea-culpa, porque estava querendo que as pessoas entendessem isso melhor, porque é tão bom para cá, todos os estados desejam isso. O governo do Ceará deseja isso, o governo da Paraíba deseja isso. Só que eles não têm espaço. Duas coisas estão fazendo com que essa escola esteja aqui, primeiro eu já encontrei os passos caminhando, o projeto estava pronto, e o fato de ter um ministro de Pernambuco que não quer de forma nenhuma assumir que vamos ter essa possível perda”.
Perda
Indagado se há a probabilidade de Pernambuco vir a perder a ESE para outro estado, o ministro é enfático. “Não. Eu estou crendo que não. O governo ao qual eu sirvo tem mais um ano. Então, garanto que não sai. Comigo lá não sai. Em hipótese nenhuma. E eu consegui agora o que nenhum outro tinha conseguido. Consegui recursos para que a gente comece. A escola vai custar R$ 2 milhões e um pouco. Nós já conseguimos R$ 150 milhões, que vai dar para começar muito bem. Um passo importantíssimo. Não temos ainda nem projeto para gastar esses R$ 150 milhões no ano. Mas eu quis me antecipar para que a gente possa definitivamente assegurar essa escola aqui”.
Raquel Lyra
“Ela tem ajudado, fico triste quando diz uma nota que ela não tem ajudado. Ela tem facilitado, falamos sempre por telefone ou pessoalmente, e ela deseja que isso venha para cá. Todos os pernambucanos pr
ecisam entender, isso é uma oportunidade raríssima na história de Pernambuco, raríssima. Semana passada, recebi um telefonema de um deputado de Minas, de Três Corações. Ele dizia: ‘Mucio, quando é que você vai cansar de insistir com esse negócio? Ele quer que fique em Três Corações. O de Santa Maria também quer em Santa Maria”.
Ministério
No que diz respeito aos desafios do ministério, Mucio diz que recurso é um problema grave. “Primeiro é um ministério muito caro. Não é um ministério político. Você compra um submarino que custou de 100 milhões de euros, e não dá um voto. Você compra um gripen que precisa de 30, 40, 100 milhões de dólares, e não dá um voto. Num país onde você precisa de dinheiro para comprar comida, merenda, livro, investir em defesa é uma tese muito difícil. Como é que os países estão superando isso? Criando uma previsibilidade para que qualquer que seja o governo tenha recursos para a defesa. A defesa não pertence a partido político. Não se faz uma casa, não põe nem porta, nem janela. A defesa não é para atacar ninguém, é para que não nos ataquem. O Brasil é um país que tem tudo pelo qual o mundo briga. Tem aqui petróleo, gás, água doce, sol, terra. Esse país é uma bênção. Nós precisamos apenas tirar a eleição um pouco da cabeça e nos dedicarmos às futuras gerações”.
Bolsonaro
Quanto a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de integrantes da alta cúpula das forças armadas, o ministro é incisivo: “Isso é justiça. Justiça você pode gostar ou não gostar, mas não discute”.



















