Por Edilson Mougenot Bonfim*
A maior operação contra crime organizado da história comprovou uma nova realidade. Durante quatro anos, uma sofisticada rede criminosa construiu um império financeiro de R$ 46 bilhões utilizando o sistema de combustíveis como fachada. O mais impressionante: tudo parecia completamente legal.
COMO A ENGENHARIA FUNCIONAVA:
Postos de combustível legítimos serviam como ponto de entrada de recursos → Dinheiro era transferido para fintech controlada pela organização → Recursos eram “limpos” através de fundos de investimento → Capital era reinvestido em usinas e empresas → Gerava mais receita para a estrutura → Ciclo se perpetuava indefinidamente
O resultado foi devastador: uma máquina de sugar bilhões da economia formal enquanto consumidores recebiam combustível adulterado e o Estado perdia arrecadação essencial.
A DIMENSÃO DO ESQUEMA:
- Mais de 1.000 postos espalhados pelo território nacional vendendo produtos fraudados
- Uma fintech movimentou volume superior ao orçamento educacional de diversos estados
- 40 fundos de investimento com aprovação da CVM operavam como instrumentos de ocultação
- R$ 8,6 bilhões que deveriam financiar hospitais, escolas e segurança foram desviados
O SIGNIFICADO HISTÓRICO:
Este caso representa a evolução do crime organizado brasileiro. Não estamos mais falando apenas de atividades periféricas, mas de organizações que se sofisticaram ao ponto de operar no mercado financeiro formal com aparência de total legalidade.
A QUESTÃO QUE PERMANECE:
Se uma estrutura criminosa conseguiu operar por anos no coração do sistema financeiro nacional, quantos outros esquemas similares podem estar funcionando neste momento?
O Brasil criminal mudou de patamar hoje.
*Jurista
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