CORREIO DA MANHÃ
O deputado Pauderney Avelino (União-AM) comenta sobre uma nova modalidade de crime que vai se intensificando na Amazônia: a pirataria nos rios. Na região, o transporte de caras é essencialmente fluvial, feito com o uso de grandes chatas. Segundo Pauderney, os piratas ficam acompanhando o movimento das margens ou em rios menores.
Abordam os barcos e levam as cargas. Tudo articulado pelo crime organizado. No caso, não apenas os grandes grupos que atuam nos grandes centros do país, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Mas facções locais, como a Família do Norte. A situação relatada por Pauderney é sintoma da grande doença brasileira: o crime se alastrou pelo país inteiro.
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As cenas de guerra – e não há outro termo possível – ocorridas nesta terça-feira (28) no Rio de Janeiro são o sintoma mais agudo de algo que se espalhou pelo país, e o caso do Amazonas é um exemplo. “O Estado perdeu. O crime venceu”, resume o cientista político André Cesar.
Transnacional
Algumas apreensões de armas ocorridas na terça no Rio revelam sua origem vinda de outros estados. O que acontece, portanto, não é mais isolado. “Há uma transnacionalidade hoje no crime, o que claramente exige no combate uma ação organizada e nacional”, diz André.
Segurança é a preocupação
Com o debate interditado, resulta que as pesquisas mostram que hoje a segurança é um dos maiores, senão o maior, ponto de preocupação da sociedade. O tema certamente dominará a campanha eleitoral do ano que vem. Mas, infelizmente, sem que se apontem claramente soluções. “É incrível como o ponto de maior preocupação da sociedade tem seu debate interditado”, comenta o cientista político. E isso acontece pela forma como a Constituição divide as tarefas na área de segurança. Principalmente, o policiamento ostensivo e o combate mais intenso ao crime é tarefa das Polícias Militares, estaduais. Esse modelo precisa ser rediscutido.
Empurra
Em momentos graves como o desta terça, fica claro o jogo de empurra. De maneira legítima, o governo estadual reclama falta de apoio federal. O governo federal responde dizendo o que faz. Enquanto isso, um projeto de segurança segue estacionado no Congresso.
Exército
O governador Claudio Castro (PL) afirma ter pedido várias vezes o envio de Forças Armadas ao Rio de Janeiro. Outros questionam, como o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), se a solução estaria em ainda mais violência. O fato: algo precisa ser feito urgentemente.
Desafio
“O país mergulhou em uma guerra de fato contra o crime organizado, com facções que se estruturaram como exércitos, controlam territórios, impõem leis e desafiam abertamente o poder do Estado”, observa o líder da Oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS).
SUS
A solução exigiria a construção de um grande debate que fosse capaz a essa altura de eliminar as disputas políticas. Como os sanitaristas, de esquerda e de direita, conseguiram fazer na Constituinte quando criaram o Sistema Único de Saúde (SUS). Há, porém, ambiente?
















