Por Cláudio Soares*
A democracia, no Brasil, surge na denominada “Primeira República”, mas de modo reduzido. Naquela época, eram considerados cidadãos apenas os homens escolarizados e os votos eram influenciados pelos “coronéis”, o chamado “voto de cabresto”.
O voto de cabresto é um mecanismo de acesso aos cargos eletivos por meio da compra de votos, com a utilização da máquina pública ou o abuso de poder econômico. É um mecanismo muito recorrente no interior do Brasil como característica do coronelismo.
Leia maisA Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. A posse de Getúlio Vargas como presidente, após a Revolução de 1930, marcou o fim desse período. A política dos governadores e a política do café com leite eram práticas importantes desse período.
A democracia no Brasil foi evoluindo e passando por diferentes gerações de maior ou menor estabilidade. Foi somente em 1932 que o voto feminino foi instituído. Com o Estado Novo, em 1937, com Getúlio Vargas, houve a suspensão dos direitos democráticos e a redemocratização só ocorreu logo após a segunda guerra mundial, em 1945.
Foi em 1964 que se deu início à ditadura militar, seguido do AI-5 em 1968, que suspendeu a democracia e impediu a participação política dos cidadãos. Vivenciamos, naquele período, os movimentos que despertaram a consciência democrática e um forte instrumento de oposição à ditadura, que ensejou no movimento “diretas já” e no término do regime ditatorial em 1985.
Hoje, o Brasil se encontra em um período democrático: consta no artigo 1º da Constituição que o Brasil é um Estado Democrático de Direito. Mas os direitos relativos a uma democracia plena com liberdades para todos e todas ainda são alvo de inúmeros protestos de diversos segmentos da sociedade.
Ultimamente, a ameaça a democracia brasileira é algo corriqueiro, ignóbil e estarrecedor que ocorre sob a batuta de um governo onde o chefe do executivo é um militar que foi eleito democraticamente. Esse seu comportamento inspira horror do ponto de vista moral, de um caráter vil. Ele costuma atacar as urnas eletrônicas e o TSE, esse mesmo sistema que o elegeu várias vezes deputado federal e presidente da República. Seus filhos também foram eleitos, de vereador a senador, através do voto eletrônico.
As Forças Armadas não devem se curvar a um projeto de poder pessoal de Jair Bolsonaro. Um plano ditatorial não vai encontrar guarida no Brasil nem no mundo. Não podemos aceitar tanta canalhice produzida pelo presidente da República contra às instituições públicas como STF e TSE. Zé Trovão, Sara Winter, Daniel Silveira, Sérgio Reis, Roberto Jefferson são bolsonaristas alimentados pelo discurso covarde, mesquinho, nojento de um presidente paranoico que não tem valor nenhum para a democracia do país. Viva nossa democracia!
*Advogado e jornalista
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