Por Osório Borba Neto
Toda família política tem o seu filho torto. O bolsonarismo teve Carluxo. Pernambuco agora tem Manoel Medeiros. Carluxo descobriu cedo: a pólvora do século XXI não explode. Viraliza. Não mata no corpo. Mata na reputação.
Medeiros, segundo Álvaro Porto, é o tarefeiro da milícia digital do Campo das Princesas. Não carrega fuzil. Carrega perfil fake. Não dispara bala. Dispara denúncia anônima, aniquilando reputações e, no caminho, a língua portuguesa e sua sintaxe.
Leia maisEm Brasília, Carluxo foi o maestro da orquestra do ódio. Tocava desafinado, mas tinha público. A partitura? O algoritmo do Twitter. Em Pernambuco, Medeiros é o cover de província. Menos talento, esgrima a pena com dificuldade, mas guarda igual sordidez.
Raquel Lyra sonhou em heroína. Mas debaixo do paletó do governo brotou uma caricatura. O “anjo pornográfico” de Nelson Rodrigues: cínico, sorridente, escondido atrás do anonimato de computadores de shopping.
O alvo foi Dani Portela, mas podia ser qualquer um. A regra é simples: inventa-se o escândalo, espalha-se o dossiê, joga-se a lama. Depois, a pergunta cínica: “Mas de onde veio tanta sujeira?”
É o apedrejamento moderno. Cada clique, uma pedra.
Carluxo e Medeiros: irmãos de ressentimento. Um na corte de Bolsonaro. Outro nos bastidores de Raquel. O primeiro jogava em Brasília. O segundo treina no Recife. Mas o script é o mesmo: quando a política perde a palavra, ganha o insulto.
O espetáculo é grotesco. Mas é nosso. Como disse Nelson, o Brasil é uma tragédia com personagens cômicos. Pernambuco, agora, tem o seu. O modus operandi talvez explique o péssimo desempenho de Raquel nas pesquisas.
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