Tentativa de desgastar
Basta olhar as últimas declarações de ACM Neto tentando desgastar Lula e seu partido. Todos nós sabemos que a eleição de 2026 na Bahia passará necessariamente pela disputa nacional. Com o presidente caindo na avaliação no estado que lhe garantiu a vitória no primeiro e no segundo turnos de 2022, o ex-prefeito e provável candidato do UB passou a “soltar o verbo” contra o presidente e o PT. O detalhe é que a queda na avaliação do governo federal impacta diretamente na reeleição do governador Jerônimo Rodrigues, que foi escolhido sob a batuta do líder maior do seu partido. O que se fala entre os políticos da oposição no estado é que “de nada vai adiantar o governador atuar politicamente para despistar as fragilidades da sua gestão”, até porque “Lula não é mais o mesmo e não terá o mesmo fôlego para embalar o candidato do seu partido”.
Agenda pelo interior
Dentro da estratégia de se consolidar como principal nome da oposição para 2026, ACM Neto anunciou, inclusive, que vai iniciar uma agenda de viagens pelo interior da Bahia. O objetivo, como disse no feriado na cidade de Santo Estêvão, é que as viagens marquem o início “de um novo ciclo de articulações políticas no estado”, com vistas às eleições do próximo ano. “Ainda esta semana vamos para Ilhéus, passaremos dois dias na região. A expectativa é que, a partir de agora, essas agendas aconteçam a cada 15 dias, ou mesmo semanalmente, a depender da velocidade dos ajustes que a gente vai fazer”, disse.
Ritmo intenso
No interior, ACM Neto já começou a propagar a maratona de viagens que pretende fazer nos próximos meses. “O começo ainda é de arrumação, mas a ideia é que o ritmo possa se intensificar, como fiz em 2021 e 2022”, explicou. O ex-prefeito de Salvador lembrou que, em 2021, a partir do segundo semestre, a agenda de viagens também foi turbinada. “Foram mais de 330 viagens na pré-campanha. Em 2022, foram 550 viagens, em mais de 330 municípios visitados. Vamos repetir, mantendo esse contato direto com o povo. Minha sustentação principal, aliança mais forte pensando em 2026, é com o povo da Bahia”, enfatizou.
Articulação para 2026
No último sábado (19), o ex-prefeito de Salvador recebeu em sua fazenda, no município de Cabaceiras do Paraguaçu, o deputado estadual Alan Sanches (União Brasil) e o empresário Ditinho Lemos, pré-candidatos a deputado federal e estadual, respectivamente. O encontro, que reuniu outras lideranças da oposição, teve como pauta central as articulações para 2026. Participaram também os prefeitos de Santo Antônio de Jesus, Genival Deolino (PSDB); de Santo Estevão, Tiago Dias (UB); Tote Fróes (UB), além dos deputados federais Leo Prates (PDT) e Dal Barreto (União Brasil) e do ex-prefeito de Governador Mangabeira, Marcelo Pedreira.
Reação ao apetite do PT
A decisão de ACM Neto, de dar início a uma agenda política no interior, é vista como uma reação à estratégia do governador Jerônimo de avançar sobre as bases oposicionistas no estado. Nos últimos meses, o petista intensificou a atração de prefeitos historicamente ligados ao União Brasil. Foi assim com Hildécio Meireles, de Cairu, e de Zé Cocar, de Jequié. Ontem, foi a vez de a prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, também do União Brasil, ser recebida pelo governador e seu secretariado em audiência na Governadoria.
Avanços para Conquista
Na reunião de ontem, o governador Jerônimo Rodrigues discutiu com a prefeita Sheila Lemos pautas como a possibilidade de construção de uma nova maternidade ou de ampliação dos serviços de assistência neonatal no Hospital Esaú Matos. A reunião também contemplou temas como infraestrutura urbana e rural, além de medidas para melhorar o abastecimento de água em regiões que enfrentam dificuldades.
Investimentos milionários
O pacote de ações prevê investimentos milionários para atender demandas históricas do município. Só para a implantação de sete novas Unidades Básicas de Saúde (UBS) na cidade, a previsão é que sejam investidos cerca de R$ 20 milhões. No encontro, a prefeita tratou de dar uma conotação institucional, sem espaço para firulas políticas. “É fundamental que possamos discutir as necessidades de nosso município de forma clara e objetiva, buscando encaminhamentos que atendam aos interesses da população”.
Arrocho na Sefaz
Parece que as dificuldades nas finanças da Prefeitura de Salvador vão além do déficit na área de saúde. Segundo informação recebida pela Coluna Vixe!, a crise atinge também a Secretaria Municipal da Fazenda. Auditores fiscais da Sefaz estão desde o ano passado sem receber seus proventos, referentes à conversão da licença prêmio em pecúnia. “Mesmo com parecer favorável da Procuradoria Geral do Município e processo administrativo concluído, a secretária Giovanna Victer resiste em liberar os recursos”, como disseram dois servidores da pasta, ao relembrar o déficit da saúde de mais de R$700 milhões, que, somados a outros setores, passa de R$1 bilhão”. É muita informação!
O caminho de volta do PDT
Aliado do União Brasil em Salvador, o PDT está prestes a deixar a posição de independência no estado e voltar a se aliar ao PT. Segundo o presidente estadual do partido, deputado Félix Mendonça Júnior, as conversas com o governador Jerônimo Rodrigues estão acontecendo, através da articulação direta dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Carlos Lupi (Trabalho). Na Bahia, o partido está na oposição aos governos petistas há mais de dez anos. A expectativa, inclusive, é que as tratativas avancem nos próximos dias já que, no dia 2 de maio, Lupi estará em terras baianas, quando deverá formalizar o ingresso do partido na base governista.
Base será ouvida
Antes disso, a executiva do PDT deve realizar um encontro para ouvir prefeitos e lideranças da sigla, antes de bater o martelo sobre a mudança de lado na política. Segundo Félix, entre os pedetistas o sentimento é que os prefeitos deverão reafirmar o desejo de marchar com o PT em 2026. Na eleição de 2022, o partido de Lupi apoiou a eleição do ex-prefeito ACM Neto. No entanto, a relação entre o dirigente e o possível candidato do União Brasil azedou. O ápice da crise foi a mudança da agora prefeita de Lauro de Freitas, Débora Regis, que deixou o PDT para disputar a última eleição pelo União Brasil. A movimentação foi vista como uma traição pelo presidente estadual da sigla.
Cargos não estão na pauta
Segundo Félix, no momento, não há pretensão de o PDT pleitear espaços na administração estadual. “Caso seja confirmada a aliança, isso se dará em 2026. Não estamos pedindo participação na atual gestão, pois nos elegemos na oposição. Mas, claro, se houver interesse do governo, a gente pode conversar sobre isso também. A princípio, espaço no governo não é foco do nosso diálogo”, garantiu. Além de Rui e Carlos Lupi, o secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, também tem se debruçado sobre a costura com os pedetistas.
Um pé lá e outro cá
Uma vez o PDT decidindo marchar com o PT, a dúvida é se essa mudança vai criar mal-estar ou tensionamento na relação com o prefeito Bruno Reis e o União Brasil. A vice-prefeita de Salvador, inclusive, é a pedetista Ana Paula Matos. “Da nossa parte, não. Isso aí vai caber à Prefeitura. Nós já fizemos a nossa parte, que foi apoiar Bruno, que foi votar junto com o prefeito. Portanto, da nossa parte altera nada em relação a Salvador. Caso aconteça [algum rompimento], será uma questão unilateral e a gente vai respeitar”, disse Félix.
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