O presidente da Associação dos Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio) e do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, disse ser totalmente “desnecessária” e que seria uma “irracionalidade” baixar a tarifa de importação do etanol dos Estados Unidos. O etanol americano paga uma taxação de 18% para ingressar no Brasil e, há alguns anos, empresas importam justamente a partir de setembro, quando está na safra das empresas do Nordeste.
A discussão em torno da importação veio a tona numa reunião, que ocorreu esta semana, com lideranças de vários setores do agronegócio na qual se falou da possibilidade do etanol voltar a mesa nas negociações comerciais com os Estados Unidos, segundo informações divulgadas pelo Agro Estadão. As informações são do Movimento Econômico.
Leia maisA produção de etanol das empresas brasileiras já supre o mercado nacional e exporta o excedente, como lembrou Renato. Nos anos em que ocorreu a importação do etanol de milho americano, impactou principalmente os produtores nordestinos. “Só se coloca álcool importado no Nordeste, sobrecarregando o mercado em plena safra. Muitas importadoras passam a preterir a produção local por causa dessa importação”, resumiu Renato.
Segundo o executivo, não há qualquer negociação no sentido de baixar as tarifas de importação do etanol que vem dos Estados Unidos. E essa importação, na opinião dele, poderia gerar excesso de oferta, gerando um desequilíbrio interno, principalmente no mercado nordestino. A NovaBio representa 35 usinas do Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
O tarifaço de Trump, o etanol e os produtores do Nordeste
Os produtores nordestinos foram prejudicados pelo tarifaço de Donald Trump que pode deixar as empresas da região sem fornecer a cota americana de açúcar que vendiam aos Estados Unidos desde a década de 70. Com o tarifaço, o açúcar brasileiro passou a ter uma taxação de 50% para ingressar nos EUA.
A cota americana do Brasil gira em torno de 150 mil toneladas e os Estados Unidos pagavam o dobro do preço do mercado para o açúcar enviado nestas condições. O açúcar da cota americana não era taxado ao ingressar nos EUA. O Brasil era a segunda maior cota em volume e esta iniciativa contemplava 39 países.
Geralmente, a cota era anunciada em setembro. O não envio da cota americana vai trazer um impacto superior a US$ 200 milhões na receita bruta das usinas do Nordeste, o que corresponde a cerca de R$ 1 bilhão, segundo cálculos feitos pelas entidades do setor.
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