Pernambuco entra neste fim de semana no auge da sua maior manifestação cultural do ano: o ciclo junino. São milhares de turistas circulando pelo Estado, dezenas de polos de festa espalhados da capital ao interior, trânsito caótico, pouco efetivo policial e, como sempre, um aumento previsível nas ocorrências policiais.
Em meio a esse cenário de tensão e alerta máximo para as forças de segurança, uma informação inusitada chama atenção e gera indignação até nos bastidores da própria Secretaria de Defesa Social: a secretária executiva em exercício, a delegada federal Mariana Cavalcanti, que deveria estar à frente da coordenação estratégica de todas as ações de policiamento, simplesmente está de férias.
Leia maisPior: embarcou para o Rio de Janeiro, onde participa, neste fim de semana, para participar da Maratona do Rio. A decisão, vista como no mínimo irresponsável por servidores da própria pasta, acontece num momento sensível. A titular da secretaria executiva – responsável direta pelos bons resultados alcançados na segurança nos últimos seis meses – foi afastada recentemente, segundo informações de fontes internas, justamente por conduzir a gestão com pulso firme e por não ceder a pressões políticas.
Nos corredores do poder, o que se diz é que a sua postura “linha dura” não agradou a determinados setores da chefia da polícia.
A situação chegou a um nível tão inspirador de desespero que, na última reunião do programa Juntos por Pernambuco, com a cúpula da segurança na SEPLAG, diante dos números cada vez mais preocupantes da violência, a secretária em exercício, sem muitas alternativas técnicas à mão, resolveu recorrer ao plano B da gestão pública: a fé. Pediu a todos para “rezar”. Só não especificou se era para São João, São Pedro ou, quem sabe, para o santo das causas impossíveis.
O fato é que, com a ausência da titular e agora com a gestora interina literalmente fora do Estado em meio ao maior desafio operacional do ano, a sensação que fica é de abandono. Policiais de todas as unidades estão em regime de sobreaviso, com escalas extraordinárias, enquanto a chefe da segurança estadual cruza quilômetros de asfalto carioca.
A pergunta que ecoa nos bastidores é direta e incômoda: quem está correndo pela segurança de Pernambuco?
Enquanto a governadora Raquel Lira tenta vender a imagem de redução de índices criminais – fruto, aliás, de uma gestão que agora foi afastada – a realidade nas ruas é bem diferente. Delegacias lotadas, ocorrências em série e um sistema de segurança que, sem comando efetivo, parece operar no piloto automático.
O cidadão que se cuide. Porque, ao que tudo indica, a prioridade da cúpula da segurança pública do Estado de Pernambuco no momento… é baixar o pace na maratona da orla do Rio ao invés de baixar os índices de criminalidade.
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