Chegou meu 23 de agosto, minha data magna e também da minha mana Zeza. Viemos ao mundo no mesmo dia, em anos diferentes, ela primeiro, eu mais na frente. Zeza é a segunda da prole de nove, eu o sexto.
Meus pais Gastão e Margarida adoravam namorar e procriar em dezembro. Também são de agosto meus irmãos Marcelo e Denise, 3 e 4, respectivamente. Nossos pais nos educaram sob os preceitos divinos, numa região marcada pelas tragédias de vidas secas, no chão euclidiano, sob os ventos uivantes de noites lembrando o deserto.
Leia maisA cada aniversário dos nove filhos, papai e mamãe nos diziam que tínhamos que sorrir para celebrar o privilégio de existir. Que a maneira de ser feliz é celebrar a vida todos os dias. Quando celebramos a vida, descobrimos novas razões para agradecer, aprendi com Gastão e Margarida.
Celebro mais um ano de vida feliz, ao lado da minha Nayla, dos meus filhos Filipe, André Gustavo, Magno Filho e João Pedro, das minhas duas Marias enteadas — Beatriz e Heloísa. Dos meus irmãos Tarso, Zeza, Fátima, Ana, Marcelo, Augusto, Gastão Filho e Denise.
O tempo me ensinou a enxergar a beleza em cada detalhe, a entender que a vida acontece nos pequenos milagres de cada novo amanhecer. Celebrar a vida é um jeito especial de agradecer. De reconhecer que, apesar de dura, a vida é linda de se viver. Festejar a vida é curtir o hoje, esquecer o ontem e não temer o amanhã.
Festejar a vida é deixar que a música seja o maestro soberano do corpo. É perceber que dinheiro nenhum substitui o valor das amizades. Festejar a vida é ser livre para decidir os rumos da própria vida. É somar, viver todos os momentos com intensidade. É compreender que todos os dias o sol nasce para iluminar o nosso caminho, dar luz as veredas que muitas vezes parecem trevas.
Celebrar a vida é celebrar os ensinamentos de Cora Coralina, que aconselhou: “Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.
Que lindo e emocionante! A vida é boa e, como diz Cora, você pode fazê-la sempre melhor. Nada do que vivemos tem sentido se não for intenso e verdadeiro. “Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo”, disse Cora.
Para completar: “Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma”.
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