Bira Presidente, fundador do Cacique de Ramos e do Fundo de Quintal, morreu aos 88 anos na noite de ontem, no Rio de Janeiro. Ele estava em tratamento de um câncer de próstata e tinha Alzheimer.
Além de fundar o Cacique, um dos blocos de carnaval e centro cultural mais importantes do Rio, Bira, que era percussionista, cantor e compositor, ajudou a transformar as rodas de samba do subúrbio carioca em um movimento musical que revolucionou o samba tradicional. As informações são do portal G1.
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Ubirajara Félix do Nascimento nasceu no dia 23 de março de 1937, no Rio de Janeiro, e em sua carreira ficou marcado como uma das grandes personalidades do samba no Brasil.
Filho de Domingos Félix do Nascimento e Conceição de Souza Nascimento, Bira cresceu no bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio. Desde cedo, foi envolvido pelo universo do samba e do choro, frequentando rodas com figuras lendárias como Pixinguinha, João da Baiana e Donga.
Sua mãe, uma mãe de santo da Umbanda, também influenciou a espiritualidade e a musicalidade das festas familiares, que misturavam rituais e samba.
Aos sete anos, teve seu “batismo no samba” na Estação Primeira de Mangueira, escola que sempre considerou sua de coração.
Cacique de Ramos
Em 20 de janeiro de 1961, Bira fundou, junto com amigos e familiares, o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, bloco carnavalesco que se tornaria um dos maiores centros culturais do samba no Brasil.
O Cacique nasceu da fusão de pequenos blocos do bairro de Ramos e rapidamente se destacou pelas rodas de samba que promovia em sua sede, apelidada de “Doce Refúgio”.
Com desfiles no próprio bairro de Ramos e no Centro do Rio de Janeiro, o grupo, que incluía Bira e seu irmão Ubirany, se tornou um dos blocos de carnaval mais importantes da cidade.

Bira foi o primeiro e único presidente da agremiação até sua morte, sendo conhecido como “o próprio Cacique”.
Fundo de Quintal
No final dos anos 1970, das rodas do Cacique de Ramos surgiu o grupo Fundo de Quintal, com Bira como um dos fundadores. O grupo inovou ao incorporar instrumentos como tantã, repique de mão e banjo, criando uma nova sonoridade que revolucionou o samba de raiz. Entre os sucessos do Fundo de Quintal com Bira estão:
- “O Show Tem Que Continuar”
- “A Amizade”
- “Do Fundo do Nosso Quintal”
- “Lucidez”
- “Nosso Grito”
Bira era conhecido por seu carisma, seu pandeiro inconfundível e sua presença marcante nos palcos e nas rodas de samba.
Bira tocou pandeiro em gravações históricas, como no álbum De Pé No Chão de Beth Carvalho, e acompanhou diversos artistas renomados da MPB. Sua versatilidade e domínio do instrumento o tornaram requisitado em estúdios e shows, consolidando sua reputação como um dos maiores pandeiristas do samba.
Além da música, Bira trabalhou por décadas como servidor público antes de se dedicar exclusivamente à carreira artística. Era pai de duas filhas, avô de dois netos e bisavô de uma menina chamada Lua.
Torcedor do Flamengo e apaixonado pela dança de salão, Bira era uma figura querida e respeitada em todo o Brasil.
Bira Presidente deixa um legado imenso para o samba e a cultura popular brasileira. Sua atuação como líder comunitário, músico e símbolo do Cacique de Ramos o eterniza como uma das figuras mais importantes da história do samba.
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