O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fixou prazo de cinco dias para que sejam apresentados documentos complementares da representação da plataforma X em território brasileiro, bem como da regularidade da constituição de seus novos advogados. A decisão se deu na Petição (PET) 12404, em que o X Brasil informou a representação pela advogada Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição.
Entre as medidas determinadas pelo ministro, devem ser apresentadas as procurações da Twitter International Unlimited Company e da T.I. Brazil Holdings LLC à advogada, bem como a comprovação de regularidade da indicação da nova representante na Junta Comercial do Estado de São Paulo.
O ministro determinou, ainda, a apresentação de dados da Receita Federal, do Banco Central, da Polícia Federal e da Anatel, no prazo de 48 horas.
A decisão também estipula que a Secretaria Judiciária do Tribunal contabilize o valor das multas devidas por descumprimento de decisão judicial, bem como verifique se as decisões anteriores foram cumpridas.
Em 1981, cartazes espalhados pelo Recife anunciando uma missa foram vandalizados. Havia no ar o temor de que a Igreja do Carmo, na capital pernambucana, fosse intencionalmente explodida. Até mesmo o Vaticano se colocou contra a missa. Afinal, como um evento religioso conseguiu se tornou tão polêmico?
Durante a ditadura militar (1964-1985), na noite de 22 de novembro de 1981, a chamada Missa dos Quilombos reuniu católicos progressistas, o cantor Milton Nascimento e o poeta e político de esquerda Pedro Tierra no mesmo lugar onde a cabeça do líder quilombola Zumbi dos Palmares foi exibida depois de sua execução, em 20 de novembro de 1695 — 330 anos atrás.
A missa foi o primeiro grande evento público para celebrar a Consciência Negra, contribuindo para que se tornasse feriado nacional. Artisticamente, teve poesia e música de alta qualidade. Religiosamente, era uma celebração católica — contudo, incorporando referências afro, de uma maneira que ainda não era plenamente aceita pelo Vaticano naquela época.
Politicamente, foi uma afronta: denunciava as consequências sociais da escravidão e escancarava preconceitos, além de exaltar a luta quilombola. “Ao denunciar a existência do racismo no Brasil, a Missa dos Quilombos afrontava o discurso oficial do regime militar sustentado no mito da democracia racial”, explica à BBC News Brasil o historiador Petrônio Domingues, professor na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
“Além disso, a afronta era intensificada com a presença de um ex-membro Ação Libertadora Nacional [principal organização de luta armada contra a ditadura, atuou de 1968 a 1974] e ex-preso político do governo ditatorial como um dos seus coautores, no caso o poeta Pedro Tierra.”
Cerca de 6 mil pessoas se apinharam no Pátio do Carmo, no centro da capital pernambucana, para acompanhar a missa. O evento teve repercussão nacional.
“Não basta pedir perdão pelos erros de ontem. É preciso acertar o passo de hoje sem ligar ao que disserem. […] Problema de negro acaba se ligando com todos os grandes problemas humanos, com todos os absurdos contra a humanidade, com todas as injustiças e opressões”, recitou o então arcebispo de Recife, Hélder Câmara (1909-1999).
Perseguido pela ditadura e chamado pejorativamente de “comunista de batina” e “bispo vermelho”, Câmara cobrou que a Igreja Católica não ficasse apenas “em palavra” — partindo para a ação. “Claro que dirão […] que é política, que é subversão, que é comunismo”, disse o arcebispo, defendendo que seguia o evangelho de Cristo.
Segundo o sociólogo Charlisson Silva de Andrade, também professor na UFS, há documentos confidenciais da época, hoje disponibilizados pelo Arquivo Nacional, com evidências de que o evento em Recife e seus organizadores foram monitorados pelos militares.
Por trás, a Teologia da Libertação
Hélder Câmara no início dos anos 1980: ‘Problema de negro acaba se ligando com todos os grandes problemas humanos’, disse na Missa dos Quilombos | Arquivo Nacional
A ideia da celebração começou a ser desenvolvida dois anos antes por dois religiosos que estavam entre os principais nomes da Teologia da Libertação no Brasil: Hélder Câmara e seu colega Pedro Casaldáliga (1928-2020), bispo de São Félix do Araguaia (MT).
Corrente cristã surgida entre os anos 1960 e 1970, a Teologia da Libertação incomodava por conta de sua interpretação do evangelho como resposta à pobreza e a injustiça social — a partir da ótica dos oprimidos e promovendo luta por justiça social e dignidade humana.
O movimento sempre foi visto como “de esquerda” e, não raras vezes, motivo de controvérsia até mesmo dentro da Igreja Católica. Os dois religiosos convidaram o já renomado Milton Nascimento para a empreitada.
“Prontamente, Milton aceitou o convite, motivado pela admiração que já nutria pelo trabalho pastoral e poético de Casaldáliga e pela temática centrada no negro”, afirma Domingues. “Ou seja, a conjunção entre antirracismo e ressignificação do cristianismo num viés progressista animaram o cantor e compositor.”
A ideia seria que Casaldáliga compusesse as letras dos cânticos e o texto-base para a missa. Ao artista, caberia a composição musical. “Modéstia à parte, vamos fazer a melhor coisa do mundo”, escreveu Milton Nascimento ao bispo, na época.
Em seguida, uniu-se ao projeto o poeta goiano Pedro Tierra, pseudônimo de Hamilton Pereira da Silva, que havia sido preso pela ditadura no início dos anos 1970.
Naquele momento, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vinha defendendo trazer a Igreja Católica para o debate racial.
A CNBB incentivava padres a abordarem questões como preconceito racial em suas paróquias e comunidades e esteve entre os apoiadores da formação do Movimento da União e Consciência Negra, núcleo de religiosos e leigos negros que militavam no então incipiente movimento negro brasileiro.
Durante a ditadura, a CNBB foi um dos organismos da sociedade civil que se colocaram como resistência ao regime ditatorial, sobretudo pela influência de nomes como Hélder Câmara e o cardeal arcebispo Paulo Evaristo Arns (1921-2016), entre outros.
Ainda em 1980, ficou definido que a missa seria celebrada por José Maria Pires (1919-2017), bispo da Paraíba e naquela época o único bispo negro do país — quando morreu, aos 98 anos, era o bispo mais idoso dentre os que viviam no Brasil.
Na celebração, ele usou uma batina especial, com cores e motivos africanos. Antes apelidado de “dom Pelé”, tomou para si a alcunha de “dom Zumbi” depois desse projeto — demonstrando seu vínculo com a causa negra.
Ameaças e tensão: ‘Missa vermelha’
O evento levaria ainda um ano para sair do papel, em grande parte por conta da agenda atribulada de Milton.
Em um artigo acadêmico publicado este ano na revista Afro-Ásia, os pesquisadores Petrônio Domingues e Charlisson Silva de Andrade afirmaram que Milton, Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra compuseram a missa a partir de uma pesquisa sobre a escravidão. O objetivo deles foi criar um “poema litúrgico” sobre a “ambivalência (tragédia e esperança) que constitui o ‘martírio’ do povo negro na América”, dizem os pesquisadores.
À Folha de S. Paulo, alguns dias antes da missa, Casaldáliga declarou que a Igreja Católica havia participado da escravidão — não só como cúmplice, mas também como instituição proprietária de pessoas escravizadas.
Na véspera do evento, cinco mil cartazes divulgando o evento foram espalhados por Recife. O símbolo do projeto aparecia neles: era um mão negra segurando uma cruz, sobre um fundo vermelho.
Conforme apontam os pesquisadores Domingues e Andrade, muitos deles foram vandalizados por opositores da missa. Com spray de tinta preta, a cruz foi transformada em foice, em uma referência ao símbolo comumente usado por comunistas.
Segundo o artigo, o núcleo de opositores do evento era formado por membros do Comando de Caça ao Comunistas (CCC), organização de direita radical que atuava no país.
Na época, houve relatos de que críticos ao evento planejavam explodir a Igreja do Carmo na véspera da celebração — o que é hoje endossado por pesquisadores. Em um documentário produzido em 2009 pela Universidade Católica de Pernambuco, o próprio Milton Nascimento relatou que houve ameaças de bomba.
Fotos publicadas em jornais da época também mostram muros pichados com frases como “Abaixo a Missa Vermelha” e “Cristo sim, Casaldáliga não”.
O bispo José Maria Pires criticou, na homilia, a ausência de pessoas negras em cargos decisórios, inclusive no comando da Igreja Católica.
Apesar da tensão, Missa dos Quilombos reuniu cerca de 6 mil pessoas | Foto: Reprodução/Acervo pessoal de Petrônio Domingues e Charlisson de Andrade
Em 90 minutos da celebração, houve a apresentação de 11 canções de cunho litúrgico, todas cantadas por Milton Nascimento e um coro de 15 pessoas de Minas Gerais, formado por ele. Milton participou da composição da maioria dessas faixas, com exceção daquelas de tradição popular, com origem no folclore afrobrasileiro e na cultura do povo caiapó. A temática social perpassa todo o repertório.
Em “A de Ó (Estamos Chegando)”, por exemplo, canta-se que “dos novos Palmares nós somos, viemos lutar”. Na canção “Ofertório”, dedicada a esse momento específico de uma missa, entoa-se: “Com a força dos braços lavramos a terra, cortamos a cana, amarga doçura na mesa dos brancos.” “Cavamos a terra, colhemos o ouro que hoje recobre a igreja dos brancos.” “Plantamos na terra o negro café, perene alimento do lucro dos branco.”.
“Em Nome do Deus” lembra que Jesus “nasceu moreno” e evoca Xangô, orixá considerado responsável pela justiça na espiritualidade iorubá.
Não há relatos de violência durante a celebração, apesar do clima de tensão política. Segundo o jornal Diário de Pernambuco registrou, houve distribuição de panfletos difamando os religiosos Câmara e Pires durante a missa. “A Missa dos Quilombos aconteceu em um dos momentos mais delicados da ditadura militar, no início dos anos 1980, quando o regime ainda mantinha vigilância e censura, mesmo sob o discurso de abertura”, contextualiza à BBC News Brasil o escritor e palestrante Alê Garcia, autor do livro “Negros Gigantes”.
Vaticano reprime projeto
Milton em foto de 1982, ano em que disco baseado na Missa dos Quilombos foi gravado
Depois, Milton Nascimento transformaria o projeto em disco. “Missa dos Quilombos”, o álbum, foi gravado em março de 1982. O repertório trazia as músicas da celebração de 1981.
Mas tudo foi gravado em outra ocasião: ao vivo na Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, no Santuário do Caraça, cidade de Catas Alta (MG).
Algumas locuções incluídas na gravação, como a oração Invocação à Mariama, de Câmara, foram recuperadas do evento original.
Dentro da Igreja Católica, o evento seguia sendo visto como algo “de inspiração marxista” e era alvo de dissenso interno.
Em julho de 1982, tornou-se pública a notícia de que o Vaticano enviou duas cartas à CNBB reprovando a iniciativa — tudo indica que após o evento ocorrer.
Assinadas pelo então prefeito da Congregação para o Culto Divino, o mais tarde cardeal Giuseppe Casoria (1908-2001), as reprimendas enfatizavam que era inconcebível que uma missa incluísse reivindicações de qualquer “grupo humano ou racial”.
A Congregação para o Culto Divino, atualmente chamada de Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, é uma das pastas da cúpula do Vaticano. Cada um desses órgãos é incumbido de zelar por uma questão da Igreja — no caso deste, é responsável por garantir que a liturgia seja respeitada.
Cada dicastério tem um prefeito, nomeado diretamente pelo papa. A missiva oficial assinada por Casoria determinava que a CNBB se encarregasse de não mais permitir no futuro “atos semelhantes à chamada Missa dos Quilombos”.
“A missa denunciava o passado escravista do Brasil como pecado histórico e fazia a memória dos povos africanos como memória martirial, algo incomum na liturgia oficial até então”, analisa o escritor e músico Rafael Senra, professor na Universidade Federal do Amapá (Unifap).
“Para setores conservadores, isso politizava a eucaristia, transformando a liturgia em ato ideológico. O uso de tambores, expressões corporais e elementos da cultura afro-brasileira foi visto por críticas conservadoras como sincretismo impróprio e desvio litúrgico”
O professor avalia que o evento assumiu um posicionamento claro: “a opção preferencial pelos pobres e contra a opressão racial”. “Isso trouxe a missa diretamente para o centro da disputa ideológica”, contextualiza.
Cabe ressaltar que o entendimento da cúpula católica mudou sobre esse tipo de celebração. Desde o Segundo Concílio Vaticano (1962 a 1965), passou a haver uma maior abertura à incorporação de realidades locais ou regionais às práticas católicas.
Com o pontificado de Francisco (1936-2025), isso foi ainda mais incentivado — o que tornou-se nítido no Sínodo dos Bispos para a Amazônia, realizado em 2018 no Vaticano, no qual muitos elementos indígenas fizeram parte dos ritos litúrgicos.
Ainda não há posicionamentos explícitos do Papa Leão 14 sobre essa questão, mas é de se esperar uma postura semelhante à de Francisco, em parte pela sua experiência pastoral, tendo vivido 40 anos no Peru.
Repercussões da missa de 1981
A Missa dos Quilombos chegou a ter outras apresentações e adaptações. A mais relevante delas foi a de 1995, para celebrar os 300 anos da morte de Zumbi. Participaram 20 mil pessoas. Foi a única vez que ela foi realizada dentro de um templo católico — e não em uma igreja comum, mas sim no Santuário Nacional de Aparecida, a basílica mais importante do país.
Na ocasião, o evento religioso encerrou uma caminhada política de dez dias organizada pelo sindicalista Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, então presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Os participantes caminharam por 227 km, buscando atrair a atenção para a existência de trabalho análogo à escravidão no Brasil contemporâneo.
Milton Nascimento, claro, repetiu sua participação.
Para os entrevistados, a missa de 1981 contribuiu para consolidar o Dia da Consciência Negra no 20 de novembro.
A ideia de celebrar a data veio do Grupo Palmares, movimento negro de Porto Alegre, no início dos anos 1970.
Em 1978, o então Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial incorporou a efeméride. Foi quando o 20 de novembro passou a ganhar capilaridade nacional.
“Um evento de grande proporção e de repercussão nacional, como foi a Missa dos Quilombos, foi fundamental para a ascensão da celebração na memória do povo brasileiro”, comenta o sociólogo Charlisson Silva de Andrade.
Dois anos atrás, em 2023, o Dia da Consciência Negra se tornou feriado nacional. “A Missa [dos Quilombos] não foi a origem da [instituição da] data, mas foi determinante para projetá-la e consolidá-la no debate público”, concorda o escritor Alê Garcia.
A Câmara de Vereadores de Mirandiba, no Sertão Central de Pernambuco, concedeu ontem (19) o Título de Cidadão Mirandibense ao jornalista e radialista Silva Lima. A homenagem, proposta pelo vereador Dito Messias (PT) e aprovada por unanimidade, reconhece a relação construída por Silva com o município desde 2006, quando atuava no Exército Brasileiro e participou de operações locais, e celebra sua trajetória na comunicação regional.
Cumpriu-se a crônica de uma crise anunciada. A indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga de Luís Roberto Barroso no Supremo fez o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pegar em armas.
Ele está no Amapá e desligou o telefone, não sem antes fazer questão de avisar a aliados que Lula não o comunicou previamente da escolha e que rompeu com Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.
O Planalto está ciente do tamanho da confusão. “Vamos fazer o quê?”, diz um ministro de Lula. “Deixar o Alcolumbre indicar o ministro Supremo? É crise? Vamos enfrentar”, conclui.
Entre os aliados de Alcolumbre, há quem pregue acelerar a tramitação da indicação, pautar rapidamente a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça e, no mesmo dia, levar o nome de Messias ao plenário. Tudo para que o governo não tenha tempo de articular uma reação.
Hoje, mesmo entre petistas é consenso que Messias não tem os 41 votos necessários para ser aprovado pelo Senado. Com a oposição aberta de Alcolumbre, a situação fica ainda mais complexa.
Lula formalizou a indicação de seu advogado-geral da União para o posto antes de uma viagem internacional, ciente da adversidade no Congresso. O governo já não tem maioria na Câmara e agora esgarçou as relações com o Senado.
Mas a escolha do presidente foi consciente. Ele havia avisado que não poderia deixar o Parlamento “sequestrar” uma atribuição que constitucionalmente compete ao chefe do Executivo: a indicação ao STF.
Aliados do petista lembram que, nos últimos anos, o Congresso foi ampliando seu poder de tutela sobre o Executivo, inclusive controlando parte expressiva do Orçamento, por meio das emendas.
Os bombeiros vão entrar em campo, mas o presidente da República riscou o fósforo — e o do Senado parece disposto a tacar fogo no parquinho.
O maior complexo portuário do hemisfério sul, o Porto de Santos, terá investimento de R$ 1,6 bilhão para ampliar a capacidade de movimentação de cargas. O anúncio foi feito no final desta manhã pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, em Dubai, durante missão oficial aos Emirados Árabes.
A ampliação do aporte para o Porto de Santos se deu após reunião realizada entre Costa Filho e representantes da DP World. A empresa opera um dos maiores e mais modernos terminais portuários privados multipropósito do país. O investimento total se soma aos R$ 450 milhões já anunciados, e tem por objetivo elevar a capacidade para 2,1 milhão de TEUs até 2028, incluindo obras de ampliação do cais em 190 metros.
“Esses investimentos reforçam a modernização do setor portuário, ampliam a eficiência do porto e demostram a confiança dos investidores no Brasil”, afirmou o ministro após reunião com representantes da DP World, nesta quinta-feira (20), em Dubai, onde realiza missão oficial nos Emirados Árabes. Também nesta quinta-feira, o ministro visitou o Porto de Jebel Ali.
A segunda fase dos investimentos, recém-aprovada, contempla a construção de um novo píer de atracação, a ampliação da retroárea com a implementação de uma laje sobre estacas, além de melhorias no gate de acesso, nas áreas de inspeção, na infraestrutura para cargas refrigeradas, bem como outras estruturas de apoio operacional.
No conjunto das duas fases, o programa contempla a aquisição de quatro novos portêineres, essenciais para a operação de navios de grande porte; 15 RTGs, que aumentarão a capacidade e velocidade de movimentação de contêineres no pátio; e 40 ITVs, que reforçarão a frota responsável pelo transporte interno de cargas.
Esses equipamentos atendem padrões modernos de eficiência energética e sustentabilidade, alinhados à estratégia global da DP World de reduzir emissões e adotar tecnologias de menor impacto ambiental. Com a expansão, segundo a empresa, o cais poderá receber navios porta-contêineres da classe New Panamax, com até 150.000 TPB (366m) simultaneamente.
O cais ganhará mais 190 metros lineares, passando de 1.100 para 1.290 metros, o que vai ampliar as áreas de exportação de celulose e de operação de contêineres. A previsão é de que a obra seja concluída em agosto do próximo ano.
Em agosto, em visita técnica ao terminal, o ministro participou da cerimônia de lançamento da pedra fundamental das obras de expansão do cais. O ministro conheceu o local onde foram cravadas as primeiras estacas e conversou com trabalhadores portuários.
Costuma-se dizer que a ocasião faz o ladrão. No BRB, banco estatal de Brasília, é diferente. Ali, o ladrão faz a ocasião. Ao trocar R$ 12,2 bilhões por títulos de pirlimpimpim recebidos do Master, o BRB criou um tipo novo de crime: o autoassalto. Conseguiu fazer assalto a banco parecer mais simples do que roubo de galinha.
O assalto ao galinheiro exige planejamento. Antes da ação é preciso responder a inúmeras perguntas: Como neutralizar o cachorro? Como romper a cerca? Como agarrar as galinhas? Como fugir das bicadas do galo? No assalto ao BRB, o dono do Master, Daniel Vorcaro, teve menos trabalho.
A investigação mostra que não havia perdigueiro nem galos no banco de Brasília. Paulo Henrique Costa, o presidente da instituição, foi afastado do cargo sob a suspeita de cumplicidade. Os bilhões foram transferidos eletronicamente. Sem cacarejar. Em março, quando se ofereceu para comprar 58% do Master, mantendo Vorcaro no comando, o BRB tentava encobrir o assalto não abrir um novo negócio.
Ibaneis Rocha, o governador da Capital, é correligionário de Michel Temer, conselheiro de Vorcaro. Ibaneis é amigo também de amigões do banqueiro. Gente como Ciro Nogueira e Antonio Rueda, os chefes da federação União-PP. Num ambiente assim, tão amistoso, não há arames farpados. A porteira abre sozinha.
A investigação do caso Master será incompleta se não esclarecer a relevância das conexões políticas na formação do escândalo. Só uma irrecuperável mente criminosa se aventura a roubar galinhas sabendo o trabalho que dá. O tráfico de influência parece mais limpinho. Às vezes requer apenas um par de telefonemas.
A deputada estadual Débora Almeida (PSDB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para criticar a decisão da Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), que incluiu a tilápia na lista de espécies exóticas invasoras. Segundo ela, a medida é “tecnicamente frágil”, pode abrir caminho para restrições à atividade e ameaça diretamente a cadeia produtiva da piscicultura no estado. A parlamentar afirmou que seu mandato seguirá “atento, vigilante e atuante” para evitar que decisões equivocadas resultem na criminalização dos produtores rurais.
Débora destacou que a tilapicultura é um dos pilares da piscicultura pernambucana, especialmente no Agreste, no Sertão e no São Francisco, onde garante o sustento de milhares de famílias. A atividade, afirmou, tornou-se uma alternativa real de renda e desenvolvimento para trabalhadores que enfrentam as adversidades climáticas do estado. Ela também reforçou a importância estratégica do setor para Pernambuco, lembrando que a cadeia da tilápia movimenta empregos, impulsiona pequenos empreendimentos rurais e mantém ativa uma rede econômica que vai da produção de insumos ao beneficiamento do pescado, além de fortalecer a oferta de proteína animal acessível à população.
A parlamentar anunciou que buscará diálogo com os ministérios da Pesca, da Agricultura e do Meio Ambiente, além do Congresso Nacional, para evitar retrocessos que possam prejudicar o segmento. Débora afirmou que Pernambuco “não aceitará ser penalizado” por decisões que desconsiderem a realidade socioeconômica dos produtores. “No que depender do meu mandato, os produtores não serão silenciados. Seguiremos ao lado do setor para proteger um segmento vital para a economia do estado e para o povo pernambucano”, declarou.
O espaço da Blue Zone atingido por um incêndio nesta quinta-feira (20) deixa de ser responsabilidade da ONU e passa a ser responsabilidade do governo brasileiro, segundo nota enviada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCC, na sigla em inglês).
O braço da ONU dedicado às mudanças climáticas esclareceu que a evacuação da área foi ordenada pelo chefe do Corpo de Bombeiros do Pará, que deve realizar uma verificação completa de segurança do local e trazer atualizações sobre o incidente. Ainda não foi confirmada a causa do incêndio. As informações são da CNN Brasil.
“Observe que o local agora está sob a autoridade do país anfitrião e não é mais considerado Blue Zone”, diz a nota. Antes do incidente, a seguranças da área de acesso restrito da COP ficava sob responsabilidade da ONU.
O fogo teve início na tarde desta quinta-feira em um dos estandes da Blue Zone da COP30. O incidente causou correria na área de acesso restrito, dedicada às negociações oficiais entre os países, e o local foi evacuado pela equipe de segurança. Segundo a organização da COP30, não há feridos.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, disse que a organização da COP vai dar um parecer sobre a retomada das negociações e se os participantes poderão voltar à Blue Zone ainda nesta quinta ou apenas na sexta-feira (21).
A imprensa internacional repercutiu o incêndio que atingiu a Blue Zone na COP30 em Belém, no Pará, na tarde desta quinta-feira (20). Segundo o ministro do Turismo, Celso Sabino, o incêndio já foi contido e não há feridos. Ainda não há informações sobre como o incêndio teria começado.
O jornal britânica The Guardian publicou vídeos postados no X por jornalistas que estavam no evento no momento em que o fogo se espalhou. Jornalistas da emissora britânica BBC também viram chamas e fumaça na área do pavilhão e disseram ter sido retirados às pressas para a área externa. “Chamas alaranjadas abriram um buraco na lona que cobre o local, que fica em um antigo aeródromo”, relatou a BBC. As informações são da CNN Brasil.
O espanhol El País destacou em manchete: “Um incêndio força a suspensão e a evacuação da cúpula climática no Brasil.” O veículo acrescentou que o incêndio atingiu uma área “muito perto dos escritórios espanhóis” e deixou um “forte cheiro de fumaça”.
O francês Le Figaro pontuou que as chamas causaram “pânico entre os seguranças e os participantes”. “As dezenas de milhares de participantes da COP já se encontram fora do recinto, onde um leve cheiro de plástico queimado pairava no ar”, escreveu o Le Figaro. Jornal de maior circulação da Argentina, o Clarín afirmou que “o incêndio começou na entrada do pavilhão central e se alastrou rapidamente”. “Muitos fugiram do local gritando ‘Fogo! Fogo!'”, escreveu o Clarín.
O projeto da ferrovia sempre foi defendido com o pressuposto de que uma linha férrea cortando o estado de leste a oeste traria uma dinâmica diferente para os arranjos produtivos, do Litoral, Agreste e Sertão pernambucanos. Contudo, em momento algum respondeu-se a uma simples pergunta: qual ou quais cargas seriam transportadas entre os extremos do Estado.
Quem é da área de engenharia de transportes sabe que o transporte ferroviário é viável e muito econômico para uma determinada classe de cargas, as chamadas grandes cargas, o que não é o caso da demanda de transportes em Pernambuco, o que ficou claro com a estagnação e decadência da ferrovia da Rede Ferroviária Federal, que foi privatizada em 1997 e posteriormente paralisada com seus importantes ativos virando sucata.
A privatização da malha ferroviária do Nordeste se deu com a aquisição dos seus ativos pela Companhia Siderúrgica Nacional, CSN, que posteriormente apresentou um projeto de financiamento junto ao BNDES e BNB para implantar a ferrovia Transnordestina, um projeto que inicialmente previa integrar a malha ferroviária do Nordeste com a Ferrovia Norte/Sul, na altura do município de Estreito, no estado do Maranhão.
As obras foram iniciadas em 2006, tendo o canteiro central no município de Salgueiro/PE, seguindo o trajeto até Eliseu Martins no Piauí. Também no município de Salgueiro se deu o entroncamento de dois ramais, um com destino ao Porto de Pecém, no Ceará e outro no sentido do Porto de SUAPE, em Pernambuco, sendo que o ramal com destino ao Ceará está com a quase totalidade das obras implantadas, enquanto que o ramal destinado a SUAPE foi construído apenas entre Salgueiro e Custódia, tendo em 2021 a concessionária CSN devolvido a concessão do ramal SUAPE ao governo Federal alegando a sua inviabilidade econômica.
Em 2022, o Governo de Pernambuco publicou um acordo pactuado com a empresa de mineração mineira, BEMISA, onde ficava consignada a intenção daquela mineradora de implantar e operar o ramal de SUAPE. Ressalte-se que em 2021 o Governo Federal disponibilizou uma linha de crédito específica, para o ramal de SUAPE, no valor de R$ 5 bilhões, o que levou a todos acreditarem na finalização da tão sonhada obra.
Passadas as eleições de 2022, o acordo com a mineradora BEMISA sumiu do noticiário não se tendo notícia do destino que tenha tomado tal documento. Em 2024 o Governo Federal anunciou uma licitação para elaboração de um projeto de engenharia para as obras do ramal de SUAPE, havendo notícias recentes de que serão licitadas obras no valor de cerca de R$ 216 milhões para o trecho entre Arcoverde e Custódia.
O porto de SUAPE é estatal e sofre de males comuns a muitas das empresas estatais no país, como aparelhamento político, mau uso dos recursos, lentidão na tomada de decisões, etc.. Já o porto de Pecém é uma entidade privada mais ágil na tomada de decisões e eficiente no uso dos recursos materiais e financeiros, etc., e conferiu aos cearenses uma enorme vantagem competitiva nas negociações para atração dos investimentos relacionados com a ferrovia, senão vejamos:
Cargas
O porto de Pecém buscou investimentos internacionais que viabilizaram a implantação de uma Siderúrgica que utilizará minério de ferro oriundo da região de Paulistana, no Piauí, que está no traçado da ferrovia e, também buscou a implantação de uma indústria de cimento, que aproveitará na sua produção a escória da fundição do minério de ferro, além de gipsita oriunda do município de Trindade/PE, já contemplado com ligação à ferrovia. A demanda por esses dois insumos já representa uma importante fonte de receita para o empreendimento.
Pernambuco, até o momento, não tem a menor ideia do que irá transportar num ramal ferroviário que venha a ser implantado. Fala-se que o gesso da região do Araripe viria a ser exportado pelo porto de SUAPE, no entanto, nos dias atuais, o gesso proveniente da Espanha já chega ao mercado de Recife a um custo bem menor que o gesso proveniente do Araripe inviabilizando, no momento, qualquer perspectiva de conquista de mercados internacionais. Fala-se, igualmente, que as frutas do vale do São Francisco, poderiam vir a ser exportadas por SUAPE. No entanto, toda a exportação atual se dá pelos portos de Pecém, Natal e Salvador, porque nenhum armador oferece o serviço a partir de SUAPE dada a sua estrutura de custos significativamente elevada em relação aos demais portos.
Minério de Ferro
Falou-se durante muito tempo que a Transnordestina seria viável para o transporte do minério de ferro oriundo de jazidas do estado do Piauí com destino ao mercado internacional. Porém, nenhum dos dois portos, Pecém ou SUAPE, apresentam profundidade (calado) e berços de atracação compatíveis com a exportação de minério de ferro. Apenas para efeito de comparação, o maior navio já atracado no porto de SUAPE operou com carga de 21 mil toneladas, enquanto o porto de Ponta da Madeira, no Maranhão recebe navios com capacidade de carga de 400 mil toneladas, mesma capacidade do porto de Tubarão, no Espírito Santo, o outro tradicional exportador de minério de ferro do país. Lembrando que o minério de ferro é um insumo de baixo valor por tonelada e que somente é viável se transportado em embarcações muito grandes.
Geometria da Ferrovia
Devido às características do relevo da região de transição do agreste para o Sertão de Pernambuco, num trecho de 88km do projeto do ramal de SUAPE, haverá necessidade de uso de um helper, que vem a ser uma terceira locomotiva com potência de 4.000 kW, diferentemente do ramal de Pecém que operará em 100% do trecho com apenas duas máquinas em cada composição de 50 vagões. Tal fato já impõe custos de investimento e custos operacionais, ao ramal de SUAPE, bem superiores aos custos do ramal de Pecém.
Bitola da Ferrovia
O Ramal de Salgueiro a Pecém conta com bitola mista, de três trilhos, que permite a operação de vagões de bitola larga exclusivos de minério de ferro e de vagões de bitola mais estreita, que operam as demais cargas. Com relação ao ramal de Salgueiro para SUAPE, o trecho já construído, que vai de Salgueiro a Custódia, foi implantado apenas com bitola larga, de dois trilhos e servirá apenas para a operação de vagões de minério de ferro ou de vagões do tipo double steck, que são incompatíveis com as possíveis cargas destinadas ou oriundas do porto de SUAPE. Ressalte-se, ainda, que os dormentes de apenas dois assentos, utilizados no trecho de Salgueiro a Custódia, não permitem a instalação de um terceiro trilho pra transformá-lo em bitola mista, que seria a bitola adequada ao transporte de cargas gerais como grãos, combustíveis, gesso, etc.
Finalizando Pernambuco optou por tomar decisões meramente políticas, populistas e eleitoreiras, sem dar importância ao caráter técnico e econômico, deixando de ouvir, para a tomada das suas decisões, os técnicos, os investidores, a iniciativa privada, enfim, e o resultado disso tudo é que seguiremos perdendo posições e protagonismo para os estados do Ceará e da Bahia, que souberam aproveitar as oportunidades.
No Brasil, ser uma pessoa negra é carregar, ao mesmo tempo, a memória de um povo, a resistência de muitas gerações e a esperança de um futuro mais justo. Neste Dia da Consciência Negra, falo não apenas de mim, mas da caminhada coletiva que me formou e me acompanha. Sou negro!
E, embora isso seja motivo de orgulho, também é um lembrete constante de que ocupo um espaço que, infelizmente, ainda não é comum aos que têm a mesma cor que eu. Cada passo que dei, vindo de onde vim, chegando onde cheguei, carrega marcas, escolhas, renúncias e sobretudo coragem. Coragem de não aceitar os limites que tentaram impor. Coragem de abrir portas que não estavam preparadas para me receber. Coragem de permanecer de cabeça erguida quando esperavam que eu baixasse os olhos.
Sei que minha presença incomoda alguns, inspira outros e representa muitos. E é justamente essa consciência que me impede de silenciar. Porque quando um de nós chega, nada é só sobre ele; é sobre todos que vieram antes e sobre todos que ainda virão. É sobre as crianças negras que precisam ver possibilidades reais. É sobre os profissionais negros que, apesar do talento, ainda encontram portas fechadas. É sobre as mulheres negras que carregam duplas e triplas jornadas. É sobre cada pessoa que luta para existir em um país que insiste em nos negar.
Por isso, não posso e não devo calar.
Falo para lembrar que o racismo continua vivo, mesmo quando muitos insistem em fingir o contrário. Falo para reforçar que representatividade tem impacto real, porque muda mentalidades e transforma futuros. Falo porque silêncio nunca foi proteção para nós, e sim permissão para que a desigualdade continue.
Hoje, reafirmo meu compromisso: ocupar, resistir, celebrar, avançar — e sempre falar. Não apenas por mim, mas pelos muitos que me veem, me acompanham e, de alguma forma, se reconhecem na minha trajetória.
O Dia da Consciência Negra não é um convite à acomodação, mas à continuidade da luta. E eu sigo nela. De peito aberto. De cabeça erguida. Com voz firme.
Participantes da COP 30 tiveram que evacuar a Blue Zone (Zona Azul), onde ocorrem as negociações por causa de um incêndio. O foco do fogo é no pavilhão dos países, próximo do Pavilhão do Brasil.
A energia elétrica foi cortada em uma parte da estrutura da COP. Ainda não se sabe a razão do incêndio. É possível que tenha sido um curto-circuito num estande ou em algum gerador, segundo a Globonews.
🇧🇷 URGENTE: Novas imagens mostram muito fogo e correria na COP30, a Cúpula do Clima da ONU, que acontece em Belém. pic.twitter.com/zAo2RHF4CW
Segundo o ministro do Turismo, Celso Sabino, não há feridos. Ele estava na Blue Zone na hora do incêndio. “Esse princípio de incêndio poderia ter sido em qualquer lugar do planeta Terra”, disse o ministro.
Segundo ele, a estrutura da COP foi montada com material antichamas.
Pessoas do lado de fora da COP30 após incêndio ter início na conferência climática — Foto: Rafael Garcia
“Quem escolheu Nelson Souza para presidir o BRB, hoje de manhã, foi o Ciro Nogueira. A Celina Leão pediu a ele um nome com quem ela tivesse diálogo, e ele trouxe o Nelson Souza. O governador nomeou sem pestanejar”. A afirmação foi feita ao ICL Notícias no início da tarde de ontem (19) por um secretário do governo do Distrito Federal. A equipe política mais próxima de Ibaneis Rocha (MDB), governador de Brasília, diz que o chefe está “atordoado” com a repercussão e o furacão de fatos do caso BRB/Master e sente que a vice-governadora, Celina Leão, filiada ao PP presidido pelo senador Ciro Nogueira, ocupa o vácuo de poder que se abriu nos corredores apertados e maltratados do Palácio do Buriti, a sede do GDF.
Nelson Souza, funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, presidiu o segundo maior banco federal entre 2018 e 2019, no período em que Michel Temer ocupou a presidência da República, indicado pelo mesmo Ciro Nogueira (PP-PI). Naquela época Nogueira também exercia o mandato de senador, tinha indicado Souza para a presidência do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) como um dos prêmios políticos aos quais fez jus por ter tirado seu partido (o PP) da base de Dilma Rousseff colocando-o na linha de frente do impeachment sem crime de responsabilidade.
Para preservar seu quinhão de poder na equipe montada por Temer, o senador piauiense escalou o novo indicado para presidir o Banco Regional de Brasília para a vaga de Gilberto Occhi. Em 2018, Occhi deixou a Caixa para assumir o Ministério da Saúde, também latifúndio de poder e de negócios designado por Michel Temer aos partidários de Ciro Nogueira. Até ser chamado para se enroscar no novelo de fatos investigados pela PF e pelo MP na relação do BRB com o Master, Nelson Souza ocupava uma das vice-presidências do Cartão Elo.
Ciro Nogueira também indicou presidente afastado do BRB
Celso Elói, indicado na manhã da última terça-feira (18), para substituir Paulo Henrique Costa na presidência do BRB no calor das buscas e apreensões do Ministério Público e da Polícia Federal na sede da instituição financeira estatal do DF, não passou pelo crivo da vice-governadora. Celina Leão vai assumir o GDF em abril de 2026 a fim de disputar a reeleição sentada na cadeira de governadora. Ibaneis se desincompatibilizará do cargo para disputar o Senado.
Paulo Henrique Costa, que também tinha assumido o BRB por indicação de Ciro Nogueira, tinha péssimo relacionamento com Celina. Ele criou uma estrutura operacional própria no BRB, lubrificada por interesses personalíssimos, até fazia concessões a pedidos de Ibaneis Rocha, mas sempre impôs dificuldades para atender a pedidos políticos da vice. Como Elói havia sido escolha pessoal de Rocha e Celina Leão não tinha relação alguma com ele, a vice-governadora bateu o pé e exigiu: ela indicaria o futuro presidente do BRB, uma vez que herdará o imenso mico que hoje é o Banco Regional de Brasília, depois que foram expostas as relações figadais da instituição com o quebrado Banco Master, ora em processo de liquidação extrajudicial pelo Banco Central.
CADE liberou compra do Master pelo BRB
Celina Leão tem lealdade imensurável a Ciro Nogueira, presidente de seu partido, e a Arthur Lira (PP-AL), a quem prestou muitos serviços enquanto foi deputada na Câmara e a quem deve a designação para muitas relatorias recebidas em seus dois mandatos federais. Ela foi buscar o auxílio de Nogueira para a definição do nome que estará à frente do BRB no curso do processo de federalização do Banco Regional de Brasília – porque é esse o futuro que os técnicos do Banco Central querem para a instituição que se prestou a ser usada pelo Master de Vorcaro e do sócio dele, Augusto Lima – em razão da pesada influência que o senador piauiense ainda conserva em algumas agências centrais do poder em Brasília.
Foi Nogueira, por exemplo, quem indicou o atual presidente do CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico), Alexandre Barreto de Souza. De acordo com informações levantadas pelo jornalista Fábio Pannunzio, Ciro Nogueira também relatou (favoravelmente e com elogios) a indicação de Barreto de Souza no Senado, no período de Temer. Em 17 de junho de 2025, Alexandre Barreto de Souza assinou decisão do CADE que liberou a compra do Master pelo BRB quando os dois bancos já eram investigados pela área técnica do BC.