Por Thiago Freire
Do JC
Moradores do Córrego da Bica, no bairro do Passarinho, no Recife, estão apreensivos com a interdição de suas casas depois das fortes chuvas que provocaram o deslizamento de uma barreira no local, que matou duas pessoas ontem (6).
O deslizamento atingiu a parte de trás de uma casa, onde dormiam a técnica de enfermagem Maria da Conceição, de 51 anos, e sua filha Nicolle Kelli, de 23 anos, que morreram soterradas.
Ao todo, 45 famílias da região próxima ao deslizamento tiveram que deixar suas casas, que receberam uma sinalização de interdição pela Defesa Civil. Técnicos continuam na região para avaliar o terreno, cadastrar moradias e acompanhar a mudança dos moradores.
Leia maisMoradores relatam que não têm para onde ir
Na manhã desta sexta-feira (7), algumas pessoas tentaram retornar ao local, mas descobriram que os imóveis continuam interditados por tempo indeterminado. Elas falaram com TV Jornal.
José Severino, que é repositor de lojas e era vizinho das vítimas, disse que está apreensivo com a situação, porque não tem para onde ir com a família.
“Infelizmente a gente não tem para onde ir, só tem as casas de parentes para dormir. Mas e o cotidiano, como fica? A gente vai sair e deixar tudo dentro de casa?”, diz Severino.
A situação é parecida para Taylor das Neves, que mora na parte de cima da barreira, conhecida como Crista do Talude, e não quis sair de casa, mesmo com a recomendação da Defesa Civil, por não ter para onde ir.
“A barreira da casa da minha vizinha caiu, que é a mesma barreira da minha. Aí agora, com essas chuvas, ficou preocupante”, desabafa.
A casa da irmã da empregada doméstica Taciana Francelina também foi interditada. Ela diz que o sentimento é de preocupação, porque o auxílio-moradia de R$ 300 recebidos pelas famílias desalojadas é insuficiente para pagar o aluguel em um local seguro.
“Um aluguel em área protegida, sem barreiras, é de 600, 700 reais, fora águe e luz”, reclama Taciana. “Não dá para fazer nem a feira, quem dirá um aluguel.”
Ela lamenta o que aconteceu com as vítimas do deslizamento, que eram suas amigas de longa data, e afirma que a região do Córrego da Bica é negligenciada pelo poder público.
“Não tinha nada, não tinha paliativo, nunca vieram fazer nada na barreira. Como se diz, só vêm quando a tragédia acontece. Então é muito lamentável, a gente fica muito sentida por essas duas mortes. Lamentável terem ido embora nessas condições”, lamenta.
Segundo a gerente geral de Engenharia da prefeitura do Recife, Elaine Hawson, a barreira que deslizou vinha sendo monitorada, mas não havia indícios de que ela poderia cair.
“Nas últimas vistorias que tinham sido feitas, o talude não apresentava instabilidade”, afirma a gerente.
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