Por Tales Faria – Correio da Manhã
O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, ontem, o chamado “trânsito em julgado” da condenação da deputada Carla Zambelli (PL-SP) por ter perseguido em São Paulo, de arma em punho, um jornalista em 2022. Com o trânsito em julgado, Zambelli, que fugiu para a Itália e está presa naquele país, já poderá ser conduzida a presídio para cumprir sua pena, assim que retornar ao Brasil.
A deputada é mais uma do grupo de insensatos, próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se negavam a desembarcar da nau do poder. Além dela e do próprio Bolsonaro, outros passageiros da embarcação já foram engolidos pelas ondas do Estado de Direito do regime democrático.
			
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O grupo atropelado pelo destino já tem os generais Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Oliveira e Mario Fernandes, assim como o almirante Almir Garnier, o tenente-coronel Mauro Cid, o deputado Alexandre Ramagem, o ex-ministro Anderson Torres, os ex-deputados Daniel Silveira e Roberto Jefferson e o ex-assessor da Presidência Filipe Martins. Outros serão revelados.
Mauro Cid teve uma carreira brilhante no Exército até se tornar ajudante de ordens de Bolsonaro e aderir ao golpe. Ganhou o direito à menor pena do chamado “núcleo crucial” por aceitar delatar o esquema. Mas está com a carreira destruída.
Braga Netto é outro que vinha de uma carreira brilhante no Exército. Chegou a atuar como interventor na Segurança Pública do Rio de Janeiro. Mas, como ministro da Casa Civil, entrou de cabeça na tentativa de golpe de Estado. Agora está condenado e preso.
Augusto Heleno, também condenado, era um general respeitado na caserna, apesar do período em que atuou como assessor de Silvio Frota, outro general golpista, na ditadura mil
O Almirante Almir Garnier também jogou a carreira pela janela. Está condenado por se colocar à disposição de Bolsonaro para o golpe na frente de outros comandantes militares.
Paulo Sérgio de Oliveira, outro condenado, nada tinha contra ele até assumir como comandante do Exército. Designado ministro da Defesa, Paulo Sérgio enviou ao TSE, a mando de Bolsonaro, documento em que forçou “relevante risco” nas urnas de votação.
O general Mario Fernandes era o número dois da Secretaria Geral da Presidência. Está preso preventivamente, mas ainda não foi julgado. Confessou ser o autor do plano “Punhal Verde-Amarelo”, que propunha o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Também por ter estado sempre à disposição para o golpe de Estado, jogaram pela janela suas exitosas carreiras de delegados o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o deputado Alexandre Ramagem. Ambos condenados no processo do golpe.
Outro com carreira que parecia ter futuro garantido, talvez até como um guru da direita, é o analista político Filipe Martins, arrolado pelo STF no “núcleo 2” dos golpistas como autor da chamada Minuta do Golpe. Está obrigado a usar tornozeleira eletrônica até que a Corte decida seu destino.
Destino pior só o do ex-deputado Roberto Jefferson, um dos primeiros embarcar na nau dos insensatos. Recebeu à bala policiais federais em sua casa. Agora circulam rumores de que estaria na prisão sem controle de suas faculdades mentais.
Essas histórias lembram aquele poema de “As Mil e Uma Noites”:
“Eles julgaram a seu modo/E se acumpliciaram nesse trabalho/Dentro em pouco, seu poder parecerá que/nunca existiu/Poderiam ter permanecido justos e puros/mas abusaram do poder/e o mundo por seu turno os oprimiu/assim como a adversidade e a provação./Ei-los vivendo na miséria.”
			
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