Do jornal O Globo
A manifestação deste 7 de Setembro na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 42,2 mil pessoas pedindo apoio ao a Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado. A estimativa de comparecimento é do projeto “Monitor do debate político”, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) — coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP) —, em parceria com a ONG More in Common.
A margem de erro do levantamento, feito com base em imagens aéreas e auxílio de inteligência artificial, é de 5,1 mil pessoas para mais ou para menos. Como o levantamento tem margem de erro de 12%, no momento de pico, havia entre 37,1 mil e 47,3 mil participantes no ato.
Leia maisA contagem foi feita a partir de fotos aéreas analisadas com software de inteligência artificial. Foram tiradas 15 fotos em quatro horários diferentes, e as imagens foram divididas em oito pedaços para cobrir toda a extensão da multidão. No cálculo, foi usado o método Point to Point Network (P2PNet), em que um drone tira fotos aéreas e o software analisa as imagens para identificar e marcar automaticamente as cabeças das pessoas, um processo que possui precisão de 72,9% e uma acurácia de 69,5% na identificação de cada indivíduo.
Num Dia da Independência que caiu no meio do julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF), a presença de manifestantes pedindo sua liberdade foi 12% maior em relação ao último protesto bolsonarista realizado na cidade, no mês passado.
O ato deste domingo superou em muito o público da manifestação convocada pela esquerda, contra a proposta de anistia ao ex-presidente, que juntou 8,8 mil pessoas na Praça da República, no Centro de São Paulo.
Em comparação a outras manifestações bolsonaristas, o protesto de hoje foi o quarto maior dos oito promovidos na Paulista por apoiadores do ex-presidente desde que ele começou a questionar a confiabilidade das urnas e atacar mais o STF, quando era candidato em 2022.
O protesto com maior presença de lá até aqui foi o de fevereiro de 2024, que reuniu cerca de 185 mil pessoas poucas semanas depois de Bolsonaro passar a ser alvo da Polícia Federal, investigado por participar da tentativa de golpe de Estado.
A menor concentração de uma manifestação bolsonarista ali foi em junho deste mês, quando o ex-presidente já estava sendo interrogado pelo tribunal sobre a tentativa de golpe. Na ocasião, os bolsonaristas reunidos na Paulista fora cerca de 12,4 mil pessoas.
Sob o mote de anistia ampla e irrestrita para os réus e condenados pela trama golpista e pelos atos de 8 de janeiro de 2023, a manifestação na Avenida Paulista deste domingo foi marcada por discursos críticos ao Supremo Tribunal Federal (STF), em especial ao ministro Alexandre de Moraes, e por cobranças direcionadas ao Congresso Nacional para aprovar o projeto de lei (PL) da anistia.
Em seu discurso mais forte contra o tribunal, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) falou em “tirania” de Moraes e pediu que o ex-presidente, inelegível, possa se candidatar em 2026. Já a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) fez um discurso com tom religioso e disse, chorando, que o seus direitos têm sido violados e que o marido está “amordaçado em casa”. O pastor Silas Malafaia, responsável por convocar a manifestação, criticou as movimentações para escolha de um candidato para a eleição federal de 2026 que não seja Bolsonaro.
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