Amigo Magno,
Aí você excedeu. A criança e o adolescente interiorano falaram mais alto, bem mais alto. A Matriz, o prédio dos Correios, o ponto comercial do seu Gastão, da família. Lembro bem da Matriz e do prédio dos Correios, onde meu irmão mais velho, Marcos Magela, morou.
Na casa de Seu Machado e Dona Hilda, o próprio Correio, fui apresentado a uma linda radiola e a um LP todo preto, que achei muito bonito e mágico, pois rodou e tocou Moxotó, antológica canção que diz:
Leia mais“Tem fazendeiro que morre e não sabe
Quantas reses tem
E tem morena de fala doce e amena
Que outra terra não tem (isso também tem)”.
Salve, Jacksson do Pandeiro! Diante de tanta modernidade, me senti um habitante de Macondo, maravilhado com tanta modernidade. Não sabia que o mundo tinha tanta beleza. Gabriel Garcia Marquez e o seu “Cem Anos de Solidão” é quem melhor nos traduz, aprisionados que somos em nossas crenças, mitos e lendas.
Na Matriz, muito dormi encostado no ombro de minha mãe. Lá em casa não teve colo. Afetivamente, somos uns bichos duros ou brutos, meu amigo.
Para mim, e para você, sem dúvida, outro símbolo poderoso é o Cine São José. Lá, assisti ao primeiro filme de minha vida: “Tarzan e a Expedição Perdida”, com Gordon Scott e a linda atriz Betta St. John, que, na ausência de Jane, fez uma mulher casada explosiva e tentadora para o nosso herói Tarzan.
Jane, possivelmente, estava em Londres ajudando nos esforços da guerra. A coitada quase leva um chifre do puríssimo e imaculado Tarzan.
Suas reminiscências são muito minhas. E universais, pois tocam no coração de todos os homens, meu amigo.
Termino com João Guimarães Rosa, que, sobre a vida, diz: “Viver é um ragar-se e remendar-se”. Este é ou não é o nosso exercício diário?
Por Zé da Coruja
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