Por Flávio Chaves*
Há viagens que não se fazem apenas com o corpo, mas com o espírito. A jornada que o jornalista e escritor Magno Martins inicia a partir desta semana pelo Sertão do Araripe, passando por Trindade, Ouricuri, Exu e Araripina, é dessas travessias em que o livro não é apenas um objeto de papel, mas uma tocha acesa na mão da história.Em cada cidade, não será apenas um lançamento literário, mas um reencontro com o sentido mais nobre da palavra educação — essa força silenciosa e persistente que molda o destino dos povos e ergue as pontes invisíveis entre o passado e o futuro.
Leia maisTrindade o recebe primeiro, como quem abre as portas de um templo cívico, na Câmara de Vereadores, com o apoio da prefeita Helbinha Rodrigues. Ouricuri segue como eco da segunda noite, quando a Câmara de Vereadores voltará a ser casa da palavra e da memória, com o apoio do prefeito Victor Coelho. Em Exu, terra sagrada de Luiz Gonzaga, o livro pousará no Colégio Municipal Bárbara de Alencar — nome de mulher e símbolo de coragem, de quem também fez da liberdade uma lição. E, em Araripina, capital do Araripe, o ciclo se completa no auditório do Centro Tecnológico, com o apoio do prefeito Evilásio Mateus, encerrando uma sequência que mais parece uma procissão laica pela cultura.
“Os Leões do Norte” é muito mais que um compêndio biográfico. É uma geografia da liderança e da coragem, um mapa de nomes e gestos que ajudaram a desenhar o destino de Pernambuco entre 1930 e 2022. Ao retratar 22 ex-governadores, Magno Martins não apenas narra fatos: ele reanima consciências, devolve vozes ao tempo e reafirma o papel do jornalista como guardião da memória pública.
A cada página, o livro convida o leitor a refletir sobre o poder e o dever da história. Porque lembrar, num país que tanto esquece, é também um ato político — uma forma de resistência contra o silêncio e a amnésia coletiva. É no exercício da lembrança que a sociedade reencontra seus fundamentos éticos, suas referências e o orgulho de ser o que é.
No fundo, esta obra é uma homenagem à educação, à curiosidade e à vontade de compreender o Brasil através de Pernambuco. É também um tributo ao jornalismo que pensa, à palavra que constrói, à cultura que não se dobra.
E assim, o sertão se faz universidade a céu aberto. Cada lançamento será uma aula pública sobre a importância de conhecer o que fomos, para não perdermos o que somos. Magno Martins leva consigo o testemunho de que escrever é um ato de fé — fé na memória, fé na inteligência, fé na permanência do humano diante do tempo.
Em Trindade, Ouricuri, Exu e Araripina, o sertão voltará a ouvir o rugido dos leões. E cada rugido será um chamado à lucidez, ao civismo e à esperança.
Porque um povo que lê, que pensa e que recorda, não morre jamais — renasce a cada página.
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*Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras
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