Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco
O que se diz em Brasília, tanto na oposição quanto em setores do próprio Governo, é que o presidente Lula (PT), ao comparar o Governo de Israel e os judeus em geral com Hitler, criou um problema incomensurável para ele e o seu governo e que pode se refletir fortemente no projeto da sua reeleição, em 2026.
O confronto com Israel e o povo judeu envolve reações de poderosíssimos grupos econômicos que controlam desde redes de lojas, jornais, revistas, controle de propaganda nas grandes mídias, além de megas corporações financeiras, capazes de eleger ou derrotar qualquer candidato que se exponha numa disputa política.
Lula entregou o próprio destino político a meia dúzia de homens poderosos, que podem destrui-lo, caso o considerem inimigo do povo judeu. Esse episódio é muito mais grave do que imagina a superficialidade da imprensa.
Ontem, o ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, voltou a exigir um pedido de desculpas do presidente Lula pela fala em que compara os ataques de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler durante a 2ª Guerra Mundial. No X (ex-Twitter), o chanceler subiu o tom e disse que a declaração de Lula é “um cuspe no rosto dos judeus brasileiros”. Declarou que não é tarde para que o presidente “aprenda História” e “peça desculpas”.
“Milhões de judeus em todo o mundo estão à espera do seu pedido de desculpas. Como ousa comparar Israel a Hitler? É necessário lembrar ao senhor o que Hitler fez?”, escreveu Katz. O chanceler afirmou que conflito no Oriente Médio é uma “guerra defensiva” contra “os novos nazistas”, em referência ao grupo extremista palestino Hamas.
Reiterou que Lula continua sendo “persona non grata” em Israel caso não se retrate. “Não importava para eles se eram idosos, bebês, deficientes. Eles assassinaram uma garota em uma cadeira de rodas. Eles sequestraram bebês. Se não tivéssemos um exército, eles teriam assassinado mais dezenas de milhares. Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros. Ainda não é tarde para aprender História e pedir desculpas. Até então – continuará sendo persona non grata em Israel”, disse.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou, hoje, para manter a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está detido na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. As informações são do portal G1.
Ele foi acompanhado pelo ministro Flávio Dino. A Primeira Turma do Supremo julga nesta segunda se mantém a decisão individual de Moraes, relator do caso, que converteu a prisão domiciliar de Bolsonaro em preventiva nesse sábado (22).
A análise ocorre no plenário virtual, formato em que os ministros inserem seus votos no sistema eletrônico da Corte. A sessão está prevista para terminar às 20h. No voto desta segunda, Moraes considerou os novos fatos obtidos durante a audiência de custódia de Bolsonaro, realizada nesse ontem.
Na ocasião, o ex-presidente justificou a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica como resultado de surto causado por medicamentos psiquiátricos, e negou qualquer tentativa de fuga.
Moraes destacou que, “durante a audiência de custódia, Bolsonaro novamente confessou que “inutilizou a tornozeleira eletrônica com cometimento de falta grave, ostensivo descumprimento da medida cautelar e patente desrespeito à Justiça”.
Portanto, diante dos novos fatos, julgou que o caso cumpre os requisitos necessários para a decretação da prisão preventiva. Além de Moraes e Dino, também votam os ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
A mulher do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), Rebeca Ramagem, publicou, ontem, um vídeo do momento em que ela e as filhas foram recebidas pelo parlamentar em um aeroporto de Miami, nos Estados Unidos. As informações são do portal Estadão.
Ramagem foi condenado em setembro a mais de 16 anos de prisão em regime fechado por envolvimento na trama golpista e estava proibido de deixar o Brasil. A prisão preventiva do deputado foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira, 21.
“Há uma semana, desembarquei com minhas filhas nos EUA com um único propósito: proteger a minha família”, escreveu Rebeca na publicação. As imagens mostram as filhas de Ramagem correndo pelo aeroporto para abraçar o pai e indicam que o parlamentar e o restante da família chegaram ao País em momentos diferentes.
Rebeca disse que a mudança para os EUA ocorreu porque eles não encontraram no Brasil “a garantia de uma justiça imparcial”. “Somos vítimas de lawfare e temos enfrentado uma perseguição política desumana”, afirmou. O termo lawfare diz respeito à utilização da lei para perseguir um oponente.
“Mantemos a esperança de um dia voltar a um Brasil, onde a escolha político-ideológica não seja tratada como crime, e onde a liberdade de pensar e expressar ideias não se torne motivo de condenação”, acrescentou a mulher de Ramagem.
MONTANHAS DA JAQUEIRA – Corrupção é coração partido. Esta Terra de Vera Cruz, a terra da verdadeira Cruz, padece da síndrome do coração partido. Aconteceu uma metástase. As veias, as artérias, o cérebro, as vísceras, o sangue e as células estão contaminados. A corrupção ataca com unhas e dentes e coração. Mas, ainda há lampejos na alma.
Depois da Covid, foi decretada a pandemia de corrupção, roubos e furtos, drogas e delinquência, à direita, à esquerda, em todas as latitudes e longitudes. Do lumpen às falsas elites, a sociedade está doente. Não tem vacina que dê jeito.
Programas de assistência social, tipo o Bolsa Família, servem de amparo e também alimentam a parasitagem. Está criado um dilema. As exceções confirmam a regra. O crack destrói indivíduos e destrói famílias. Nas áreas mais pobres do Nordeste existe o problema de escassez da mão-de-obra por conta do Bolsa Família. Diaristas e faxineiras nas regiões urbanas preferem o auxílio do Governo ao invés de carteira assinada.
A Justiça do Trabalho é uma fábrica de ilusões paternalistas. Pequenos empresários e comerciantes evitar a contratação de empregados por conta dos encargos trabalhistas. De tal modo inibem a expansão dos seus negócios e por conseguintes das atividades empresariais. Esses pequenos e médios empreendedores trabalham sempre aquém da necessidade de mão-de-obra. Na realidade, o que garante emprego é a expansão das atividades econômicas e não legislações paternalistas.
A corrupção é um grande império nesta terra de Vera Cruz, a terra da verdadeira Cruz. O assalto bilionário aos aposentados pensionistas do INSS, eis o grande exemplo. Com dentes de marfim feito elefantes, os mega-bandoleiros apresentam-se blindados da cabeça aos pés para depor na CPMI do Congresso Nacional. Eles tripudiam sobre os deputadozinhos e senadorzinhos que os interpelam.
Um ladravaz do INSS ameaçou dar voz de prisão a um repórter, por desacato a autoridade, que perguntou “de Vossa Majestade tirou tantos denários para comprar um apê de 26 milhões no balneário Camboriú” Tirei de minha conta, não é da sua conta, trovejou. O pobrezinho ficou se tremendo todo de medo. Se fosse eu saia correndo em disparada pelas ladeiras de Brasília.
Fim de ano é época de maiores dispêndios supérfluos ou estéreis de prefeituras e órgãos públicos. Prefeituras passam o ano inteiro arrecadando IPTU e recebendo transferências da União. Nos festejos de Natal e Réveillon raspam os cofres em foguetórios e para pagar cachês milionários a artistas da fuleiragem ou de meia tigela. Mesmo que não fossem artistas da fuleiragem não se justificaria a orgia com recursos púbicos diante das urgências sociais em saúde e educação.
O ditador narcotraficante da Venezuela morreu politicamente, respira com ajuda de aparelhos da corrupção monetária. O Véio do Pastoril do Cordão Encarnado tentou intervir em favor dele. Inútil. A Venezuela deixa um débito de 1,5 bilhão de dólares com o BR. O ditador abocanhou uma parte dos empréstimos. As esquerdas latino-americanas estão de luto. Guenta mundiça!
A prisão do ex-presidente Bolsonaro estava escrita nas estrelas para esta semana. O acórdão, já publicado, com prazo para os segundos embargos de declaração, terminou ontem. O relator deve rejeitá-los sem levar o caso de volta à Turma, o que, segundo o que está documentado, abre caminho para a execução da pena.
Não há possibilidade de embargos infringentes, porque Bolsonaro não obteve dois votos pela absolvição. O rito estava definido, mas, como sempre, ele e os filhos levaram Xandão, como é conhecido o ministro Alexandre de Moraes, a antecipar a prisão, de forma preventiva.
A convocação de uma vigília para o sábado à noite, pelo senador Flávio Bolsonaro, despertou ira em Xandão, mas não o suficiente para antecipar a prisão. O que pesou de fato foi a tentativa de violação da tornozeleira, confessada pelo próprio Bolsonaro, que usou um ferro de solda. Independente do desespero de Bolsonaro, os filhos parecem algozes do pai, porque são criadores de problemas, trapalhões, com atitudes muitas vezes infantis.
E isso não vem de agora. Jair Bolsonaro mal havia vestido a faixa presidencial quando aliados começaram a reclamar das ações de seus filhos. O primeiro a se queixar em público foi o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Acabou demitido antes de completar dois meses no cargo.
Eleito por um partido de aluguel, Bolsonaro não tinha quadros para montar o governo. Loteou a Esplanada entre militares e permitiu que os filhos Flávio, Carlos e Eduardo interferissem à vontade na gestão federal. Flávio, o senador, foi promovido a líder informal do governo no Congresso. Carlos, o vereador, ganhou o comando das redes sociais do Planalto. Eduardo, o deputado, quase virou embaixador nos Estados Unidos.
Terminou aboletado na liderança do PSL na Câmara, o que deixou mais alguns bolsonaristas insatisfeitos pelo caminho. A defesa incondicional dos filhos não foi bom negócio para Jair. A cada crise, o então presidente viu aumentarem o desgaste público e o isolamento político. Os herdeiros atrapalharam o governo e afastaram aliados. Agora ajudaram a antecipar a prisão do pai.
Há três meses, a atuação de Eduardo levou o Supremo Tribunal Federal a impor as primeiras medidas cautelares ao capitão. O deputado fugiu para os Estados Unidos e passou a tramar contra as instituições brasileiras. Convenceu a Casa Branca a baixar o tarifaço e presenteou o pai com uma tornozeleira eletrônica — mais tarde convertida em prisão domiciliar.
No início da noite da sexta-feira passada, Flávio incitou seguidores a se concentrarem na porta do condomínio de Bolsonaro em Brasília. Em vídeo nas redes sociais, o Zero Um convocou uma “vigília” em favor do pai. “Com a sua força, a força do povo, a gente vai reagir e resgatar o Brasil desse cativeiro que ele se encontra hoje”, bradou.
Xandão não quis pagar para ver. Na madrugada do sábado passado, decretou a prisão preventiva do ex-presidente para a garantia da ordem pública. A decisão equiparou as ações da família Bolsonaro às de uma quadrilha. “O vídeo gravado por Flávio Bolsonaro incita o desrespeito ao texto constitucional, à decisão judicial e às próprias instituições, demonstrando que não há limites na organização criminosa na tentativa de causar caos social e conflitos no país”, anotou o ministro.
ALERTAS SEM EFEITO – Ao longo de 2019, não foram poucos os aliados que advertiram o capitão para o risco de dar tanto poder aos herdeiros. “O que está desgastando muito o presidente são filhos com mania de príncipes”, disse em outubro o senador Major Olímpio. “Esses moleques precisam de camisa de força. São um risco para o Brasil e para o mandato do presidente”, emendou dias depois a deputada Joice Hasselmann. Os alertas não convenceram Bolsonaro a reduzir a influência da prole no governo. Ao contrário: ele ampliou o espaço dos filhos e afastou todos os aliados que se queixaram — alguns deles, com requintes de crueldade.
Nas tetas – Os filhos do presidente atrapalham muito, são o maior problema do governo”, disse, na época, Gustavo Bebianno, poucos meses depois da degola da Secretaria Geral da Presidência. E completou: “São mimados, nunca trabalharam na iniciativa privada, nunca enfrentaram um ambiente de trabalho normal. Sempre mamaram nas tetas do Estado”. Traduzindo: sem controlar com mão de ferro os filhos, Bolsonaro cavou a sua própria sepultura. Na vida, tudo tem que ter limites, especialmente em se tratando do poder.
Fim do bolsonarismo? – Cientistas políticos e antropólogos que estudam a evolução do bolsonarismo desde 2018 afirmaram ao jornal O Globo que a maior privação de liberdade, devido à prisão na superintendência da Polícia Federal, pode afetar o papel de Bolsonaro como cabo eleitoral e aumentar o risco de fragmentação de seu campo. Na avaliação dos especialistas, o ex-presidente “perdeu o timing” da definição de um sucessor, o que ameaça a própria permanência do termo “bolsonarismo” para caracterizar a oposição ao governo Lula (PT).
A diferença para Lula – A cientista política Camila Rocha, diretora do Centro para Imaginação Crítica do Cebrap, disse que a presença física de Bolsonaro já se mostrava relevante, por exemplo, para atrair público em manifestações bolsonaristas. A passagem da prisão domiciliar para o regime fechado, se confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao fim do julgamento dos recursos do ex-presidente, pode acentuar uma sensação de que sua imagem está “sumindo”. “Quando Lula estava detido em 2018, também em uma superintendência da PF, ele estava fisicamente bem de saúde, as pessoas tinham acesso, ele deu entrevistas. Em relação a Bolsonaro, a situação é diferente. Ele não está do ponto de vista de saúde muito bem e não parece haver um grande apoio internacional, por parte de outras lideranças, em relação a uma possível libertação”, comparou a pesquisadora.
Todo mundo sabe o que ele fez – Do presidente Lula ao ser questionado sobre a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro: “Não faço comentário sobre decisão da Suprema Corte. A Justiça tomou uma decisão, ele foi julgado, ele teve todo direito à presunção de inocência, foram praticamente dois anos e meio de investigação, de delação, de julgamento. A Justiça decidiu, está decidido, ele vai cumprir com a pena que a Justiça determinou e todo mundo sabe o que ele fez”.
CURTAS
DE VOLTA – O ex-senador e agora deputado Aécio Neves (MG), neto de Tancredo Neves, será eleito, por unanimidade, novo presidente do PSDB em convenção marcada para a próxima quinta-feira, no Centro de Eventos Brasil 21, em Brasília. Chega com muita disposição de soerguer o partido, hoje sem governador, sem senador e uma minúscula bancada na Câmara Federal.
NO PODCAST – Aécio, aliás, é o meu convidado do podcast de amanhã, o Direto de Brasília, em parceria com a Folha de Pernambuco, com transmissão para 165 emissoras no Nordeste. Vai falar do novo desafio, do quadro nacional e das eleições 2026.
ESCLARECIMENTOS – Ao tomar conhecimento pelo blog, através da coluna assinada por Larissa Rodrigues, de que a Secretaria de Educação de Pernambuco fez operações com o BRB, banco estatal de Brasília, envolvido no escândalo do Banco Master, o deputado Waldemar Borges (PSB) antecipou que entrará esta com um pedido de informações à governadora Raquel Lyra. “Pernambuco precisa saber qual foi o critério que fez a governadora retirar dinheiro da educação de Pernambuco de uma instituição pública, sólida, como é o Banco do Brasil, para colocar num BRB, cujos indícios de má gestão já são de conhecimento do mercado faz muito tempo”, afirmou.
Perguntar não ofende: Bolsonaro ainda será um influente cabo eleitoral em 26?
Um policial militar do Distrito Federal usou spray de pimenta para intervir em uma confusão em frente à sede da Polícia Federal em Brasília, na tarde deste domingo (23), onde o ex-presidente Jair Bolsonaro está preso. A equipe do Estadão presenciou o momento (confira no vídeo abaixo).
O Estadão buscou contato com a Polícia Militar, a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Nas imagens, o jovem usando uma camisa regata preta aparece dançando e erguendo os braços em tom de alegria antes de chacoalhar a bebida e abri-la. Outra pessoa se aproxima segurando um celular, e os dois passam a se estranhar. Um manifestante envolto na bandeira do Brasil também aparece e tenta atingi-lo.
Diante do princípio de confusão, um policial militar se aproximou e fez uso de spray de pimenta. Algumas pessoas que estavam em volta, incluindo manifestantes, curiosos e jornalistas, dispersaram a concentração e apresentaram sintomas de tosse.
Diversas pessoas estão no local por conta da prisão preventiva de Bolsonaro, decretada ontem (22). Bolsonaro chegou a admitir que danificou sua tornozeleira eletrônica usada na prisão domiciliar. Na tarde deste domingo ele recebeu a visita de sua mulher, Michelle Bolsonaro, que ficou por lá durante cerca de duas horas.
Em entrevista no encerramento do encontro de líderes do G20, neste domingo (23), o presidente Lula (PT) descreveu um cenário “muito difícil” nas negociações finais da COP30, o encontro da ONU sobre mudanças climáticas.
O petista disse que conversou com autoridades na África do Sul sobre o tema e que chegou a fazer ligações de madrugada para Belém, onde acontecia a conferência. A cúpula do G20 acontece em Joanesburgo. As informações são da Folha de S.Paulo.
“Foi muito difícil mudar de decisão, foi muito difícil. Nós conversamos duas horas da manhã, três horas da manhã, falamos com a Ursula Von der Leyen [presidente da Comissão Europeia] aqui, falamos com o António Costa [presidente do Conselho Europeu], falamos com o [Emmanuel] Macron [presidente da França], telefonamos com o André [Corrêa do Lago, presidente da COP] muitas vezes, com a Marina [Silva, ministra do Meio-Ambiente] muitas vezes, telefonamos com o [Gustavo] Petro [presidente da Colômbia], telefonamos com a ministra [do Ambiente] do Petro [Irene Vélez], ou seja, eu sei que deu certo”, relatou o presidente.
O texto final da COP não cita a necessidade de abandonar gradualmente os combustíveis fósseis para combater o aquecimento global, o que gerou críticas ao resultado final. Lula, porém, disse considerar a cúpula um sucesso. “Aprovou-se um documento único e o multilateralismo saiu vitorioso na COP30 e Belém ficou maravilhosamente bonita para o povo do Pará.”
Segundo ele, o “mapa do caminho” proposto pelo Brasil para a transição dos combustíveis fósseis para energias limpas foi uma vitória. Inicialmente, Lula defendeu que esse projeto fizesse parte do acordo final, mas isso foi rejeitado por uma série de países. No fim, acabou sendo apresentado como uma iniciativa da presidência da COP30 — o que sginifica que outras nações não são obrigadas a segui-lo.
“O mapa do caminho não é uma imposição de uma data. É uma discussão em que você tem que envolver especialistas, tem que envolver as empresas de petróleo, até chegar a extinguir o uso de combustível fóssil. Até porque o petróleo não é só para a gasolina e para o diesel. Vai continuar tendo a sua importância. Eu sabia que era difícil. Eu nunca imaginei que a Arábia Saudita fosse concordar com isso”, afirmou Lula.
Quanta coincidência. Todo mundo sabe que o Teatro Santa Isabel tem muita história e que, inclusive, sediou discussões acaloradas durante a campanha abolicionista no século 19 e viveu fatos marcantes também no século 20. Lembrei disso porque, no sábado, fui assistir “Lady Tempestade”, peça inspirada nos diários de Mércia Albuquerque, advogada que defendia presos políticos durante a ditadura e a qual entrevistei várias vezes, em seu apartamento, no bairro da Boa Vista. Pouco antes do início da peça, circularam cartazes de mão em mão com fotografias e nomes de torturados e desaparecidos durante o regime de exceção implantado no Brasil em 1964.
Poucos minutos antes da sessão, a atriz Andrea Beltrão — que interpreta Mércia de forma magistral — lembrou que o 22/11 era uma data “especial” e nem precisou falar no resto, que a plateia entendeu e bateu palmas para a artista. O 22/11 foi o dia em que o ex-Presidente golpista Jair Bolsonaro foi preso na Polícia Federal, em Brasília, após tentar violar a tornozeleira eletrônica que permite ao Supremo Tribunal Federal e à própria PF monitorar seus passos. Andrea foi aplaudida de pé ao final da peça, após mostrar e contar histórias de violação de direitos humanos, práticas de torturas nas masmorras do regime, e a saga de mães que procuravam filhos que apareceram mortos. Ou que nunca apareceram.
Quando ela referiu-se à prisão do ex-Capitão, o “filme” voltou. Em 1979, eu estava na plateia do Santa Isabel, para assistir uma peça que seria apresentada pela companhia de teatro então comandada pela atriz Ruth Escobar. Não lembro se a peça era “Fábrica de Chocolate” ou “Revista do Henfil”, ambas encenadas no final daquela década. As duas com forte conteúdo político, o que não deixava de ser uma façanha, pois em 1979 o Brasil ainda vivia um regime de exceção e sob censura. E o presidente era um General, João Baptista Figueiredo, que dizia que jamais daria anistia a militantes de esquerda e que gostava mais de “cheiro de cavalo do que cheiro de povo”.
Antes da sessão de “Lady Tempestade”, plateia recebeu fotos de desaparecidos na ditadura: de mão em mão
Naquela época, não existia Internet e as informações não circulavam com a velocidade relâmpago com que se espalham hoje. As cortinas do TSI ainda estavam fechadas, Ruth saiu por uma brecha, ocupou a frente do palco e disse para o público. “Gente, tenho uma novidade. O Fleury morreu”. Acreditem, o que seria uma notícia fúnebre e, portanto, triste, virou piada. Pois a notícia gerou uma uníssona gargalhada na plateia. Todo mundo “morrendo” de rir.
E era verdade. Sérgio Paranhos Fleury (1933-1979) havia se afogado, naquele 1º de maio. Ele era uma das figuras mais temidas por presos políticos, e foi acusado de múltiplas torturas, desaparecimentos e assassinatos, quando comandava o famigerado DOPS – Departamento de Ordem Politica e Social, na verdade a máquina mor da tortura em São Paulo.
Entre os casos célebres que ele teria participado no país estão: o assassinato do guerrilheiro Carlos Lamarca; a sessão de torturas contra o dominicano Frei Tito, que ficou com tantas sequelas psicológicas, que cometeu o suicídio, em 1974, na França. Tinha apenas 28 anos. O Delegado também teria comandado as chacinas da Lapa e da Granja de Sã Bento, esta em Pernambuco, quando foi assassinada a militante Soledad Barret, que estava grávida.
Já Fleury teria morrido ao passar do seu iate para um outro barco, e caído no mar após ter bebido bastante. O caso que aconteceu na praia de Ilhabela (SP) até hoje não foi devidamente explicado, e há suspeitas que ele teria sido assassinado por companheiros da repressão como queima de arquivo.
Qual a relação, portanto, entre 22 de novembro de 2025 (prisão de Jair Bolsonaro) e 1 de maio de 1979 (quando Fleury morreu?). Ambos são da extrema direita, ambos se alimentaram do ódio a vida inteira. E embora o ex-capitão preso e sua familícia invoquem “direitos humanos” e digam que “o Brasil vive uma ditadura”, a retórica não cola. O Brasil vive uma democracia, em que as instituições republicanas funcionam.
E embora Bolsonaro e seus apaniguados tenham tentado dar um golpe de estado — para que o ex-capitão ficasse eternamente no poder (no caso, um ditador) — o processo a que respondem teve tramitação obedecendo a todos os rituais jurídicos, inclusive com direito de defesa. Lembram que na trama golpista havia projeto para assassinar o Presidente Lula, o seu vice Geraldo Alckmin e o Ministro Alexandre de Moraes, o Xandão do STF?
Imaginem se fosse o contrário… e o golpe tivesse dado certo… O Brasil estaria cheio de “Fleuryzinhos” por aí. E memória é bom. Lembram que no passado, em entrevista, Bolsonaro disse que se fosse presidente “não tenha a menor dúvida, daria um golpe no mesmo dia”. Não foi no mesmo dia da posse, mas em 8 de janeiro, já que não conseguira renovar o seu mandato.
O golpista já defendeu em entrevistas um tipo de tortura muito comum na ditadura brasileira, o pau-de-arara. “Funciona, sou favorável à tortura”. Quando deputado federal, durante a votação do impeachment da então Presidenta Dilma Rousseff, ele prestou uma homenagem a outro torturador: o General Brilhante Ustra. E agora, ele e as crias vivem defendendo “direitos humanos”. Resta saber que “direitos humanos” são esses, no entendimento da extrema direita brasileira, cuja especialidade maior é distorcer a verdade, fabricar fake news e tentar desmoralizar as autoridades e as instituições.
Carina Lins comemora duas décadas de trajetória com um grande show no próximo domingo (30), no Clube Bela Vista. A cantora, que vive uma fase de renovação artística, promete uma apresentação marcante para o público.
Recentemente, Carina lançou o clipe da música “Eu Só Penso em Ti” e prepara ainda mais novidades, como o EP visual gravado na comunidade, reunindo sucessos do brega em releituras modernas e cheias de identidade. O novo projeto reforça o momento de expansão criativa da artista, que aposta em elementos inovadores para movimentar o brega em 2026.
Há um ano integrando o casting da RME Produções, mesma produtora de Priscila Senna, Carina Lins tem mostrado força, versatilidade e evolução constante. No show comemorativo, além da própria Carina, o público poderá curtir apresentações de Conde, Tayara e outras atrações especiais que prometem completar a festa que começa a partir das 12h. Os ingresso estão a venda na bilheteria digital.
Governadores de direita aliados de Jair Bolsonaro (PL) não se manifestaram após a publicação do vídeo em que o ex-presidente admite violar a tornozeleira eletrônica, que começou a circular por volta das 16h de ontem (22). Cláudio Castro (PL), Jorginho Mello (PL), Ratinho Jr. (PSD), Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) fizeram publicações durante a manhã de apoio a Bolsonaro, mas se eximiram de fazer novos comentários a respeito do caso nas redes sociais até às 16h deste domingo (23), 24 horas depois da veiculação do vídeo.
A publicação com tom mais veemente entre os governadores foi a do governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Ele afirmou que a “Justiça hoje no Brasil é utilizada apenas como arma de perseguição ideológica”. O post também foi o mais recente feito pelos governadores até o momento de publicação dessa reportagem: Zema fez o post no X às 15h26 do sábado. As informações são do jornal O Globo.
A Justiça hoje no Brasil é utilizada apenas como arma de perseguição ideológica.
A Lei legitima a tirania. Bastiat já falava isso séculos atrás. É a história se repetindo. pic.twitter.com/u1u6X7gyFw
Entre os governadores, a publicação de apoio ao ex-presidente, feita antes da veiculação do vídeo, foi também a última feita nas redes até o momento, com a exceção de Jorginho Mello, que, às 10h45, anunciou a construção de um hospital em Palhoça (SC). Anteriormente, às 8h do sábado, ele afirmou que “Jair Bolsonaro não teve um julgamento justo e vem sendo privado de liberdade antes mesmo da sua condenação”.
Outra exceção foi Ronaldo Caiado, que foi internado após sofrer uma arritmia cardíaca, e ficará no hospital para a realização de procedimento cirúrgico. Os posts mais recentes das páginas do governador de Goiás foram boletins com atualizações sobre a internação. Às 13h24 do sábado, Caiado publicou um vídeo de apoio ao ex-presidente, e afirmou que a prisão de Bolsonaro se trata de “mais um triste capítulo da vida política nacional”.
Os números contam a história com brutal simplicidade: das tarifas de 50% impostas por Donald Trump em julho de 2025, mais da metade já caiu. Não houve retaliação, não houve bravata. Houve diplomacia — daquela que o Brasil domina desde que aprendeu, há mais de um século, que a força da razão costuma atravessar paredes que a força bruta apenas arranha.
A reversão anunciada no dia 20 de novembro — que retirou a sobretaxa de mais de 200 produtos brasileiros, incluindo café, carne bovina, cacau, frutas e açúcar — reorganizou o tabuleiro comercial entre os dois países. Produtos que até ontem estavam punidos com 50% de sobretaxa voltaram a pagar apenas a tarifa-base americana, que varia entre 0% e 10%.
Segundo dados atualizados do MDIC, a fatia da pauta exportadora brasileira sujeita ao pacote tarifário excepcional caiu de 35,9% para aproximadamente 12%. É um avanço concreto, com impacto imediato em cadeias produtivas inteiras. Mas não é o ponto final. Motores industriais, autopeças, máquinas e parte do setor metalmecânico continuam sob tarifas elevadas, além dos produtos afetados por regras americanas de segurança nacional, como aço e alumínio. O contencioso foi reduzido, não encerrado.
Para entender o que está em curso, é preciso revisitar o momento em que a diplomacia brasileira adquiriu a musculatura que a distingue no mundo. José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco (1845–1912), transformou a política externa em ofício rigoroso: estudava até a exaustão, cruzava mapas, revisava arquivos coloniais e articulava fatos com precisão de relojoeiro. Suas conquistas territoriais — Acre, Amapá, Pirara — foram fruto de método, não de sorte. Ele dizia que “a diplomacia é a defesa dos interesses nacionais pela força da razão”. E acrescentava: “O Brasil deve ser firme, mas jamais agressivo.” O Brasil volta a respirar esse método.
Não houve, nos últimos quatro meses, qualquer gesto de improviso. Ao contrário: diante das tarifas punitivas aplicadas pela Casa Branca, o governo montou uma frente integrada entre Itamaraty, MDIC, Fazenda e Casa Civil. Em vez de reagir com retaliações precipitadas — que apenas elevariam tensões — o país optou pelo caminho que Rio Branco chamaria de “altivez serena”: firmeza sem espalhafato, convicção sem hostilidade.
E essa escolha produziu efeito. O aumento de preços nos supermercados americanos, resultado direto da tarifa sobre alimentos, gerou pressão na política interna. Importadores, redes de varejo e setores industriais passaram a argumentar que manter o pacote tarifário prejudicava mais consumidores americanos do que exportadores brasileiros. Trump recuou. Parcialmente, mas recuou.
O Brasil, fiel à sua tradição diplomática, não humilhou, não comemorou em excesso, não transformou o recuo em espetáculo. Apenas avançou. É assim que se faz política externa eficaz: com método, e não com ruído.
A razão pela qual a diplomacia brasileira alcança resultados está na estrutura que a sustenta. O Itamaraty é uma instituição de Estado, não de governo. Seus quadros estudam história, geografia, comércio internacional, direito, línguas, tratados e precedentes. Sabem negociar porque foram treinados para isso — em um país onde, felizmente, diplomatas ainda são valorizados por conhecimento, e não por alinhamentos ideológicos passageiros.
Essa postura técnica, somada a princípios consolidados, explica o respeito global conquistado pelo Brasil:
— profissionalismo rigoroso, que produz argumentos sólidos e confiáveis;
— autonomia estratégica, que permite dialogar com todos sem submissão;
— firmeza sem agressividade, que impede escaladas desnecessárias;
— apego ao direito internacional, que oferece proteção normativa num mundo volátil;
— busca da paz como instrumento, não como ornamento retórico.
Essa fórmula — discreta, lógica, consistente — foi lapidada por Rio Branco. E, neste momento, reaparece com rara nitidez.
Com a redução das tarifas, inicia-se agora a etapa mais delicada: a remoção completa das barreiras remanescentes. O Itamaraty trabalha em várias frentes simultâneas, seguindo um roteiro que combina técnica, estratégia e cálculo político.
Entendo serem esses os próximos passos da diplomacia brasileira:
1. Ampliar a coalizão internacional.
Unir países igualmente afetados aumenta o custo político de manter tarifas sem justificativa econômica.
2. Usar o G20 e a OMC como arenas de legitimidade.
Sem confronto direto, o Brasil enquadra as tarifas como distorções que afetam cadeias globais de suprimentos.
3. Mobilizar setores econômicos americanos.
Importadores, distribuidores e indústrias norte-americanas sabem que a tarifa encareceu preços internos e prejudicou sua competitividade.
4. Negociar diretamente com o USTR e agências regulatórias.
Um trabalho silencioso, técnico, baseado em dados, mostrando onde as tarifas elevam custos para consumidores americanos.
5. Isolar o custo político das tarifas no Congresso dos EUA.
À medida que parlamentares americanos percebem a pressão inflacionária interna, cresce a tendência de rever tarifas punitivas.
Esse é o mapa. Um mapa que não promete vitórias fáceis, mas promete vitórias possíveis. E, sobretudo, vitórias duradouras.
Rio Branco costumava dizer que “a paz é a vitória da inteligência sobre a precipitação”. Em 2025, essa frase volta a ter corpo, carne e conteúdo. O Brasil não caiu na armadilha da reação impensada, não devolveu agressão com agressão, não buscou holofotes enquanto o problema exigia discrição.
Optou pelo método. E quando o Brasil escolhe o método — o método de Rio Branco — quase sempre avança.
O país não encerrou o contencioso. Mas está resolvendo-o com a ferramenta que mais o honra no mundo: diplomacia com rigor, diplomacia com serenidade, diplomacia com história.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), evolui favoravelmente após apresentar um problema cardíaco, segundo novo boletim médico divulgado, neste domingo (23), pelo Hospital Vila Nova Star.
Internado desde ontem, depois de um episódio de fibrilação atrial, arritmia comum e tratável, o governador segue clinicamente estável e sem novas ocorrências nas últimas 24 horas. As informações são da CNN Brasil.
A equipe médica indicou a realização de uma ablação por cateter, procedimento considerado seguro e padrão para o controle definitivo da fibrilação atrial. A intervenção está marcada para amanhã (24).
De acordo com a cardiologista Ludhmilla Hajjar, que acompanha o caso, o procedimento deve ocorrer pela manhã, sob anestesia geral. “A ablação é um procedimento usualmente realizado para tratar arritmia. [É inserido] um cateter no sistema elétrico para tratar a arritmia”, explicou.
A médica responsável por receitar o medicamento apontado pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro como causador do episódio de alucinação que o levou a usar um ferro de solda na sua tornozeleira eletrônica foi até a Superintendência Regional da Polícia Federal, em Brasília, para visitar Bolsonaro.
De acordo com o ex-presidente, na sua audiência de custódia, Marina Pasolini receitou a Pregabalina sem se comunicar com os demais médicos, causando uma reação com o outro medicamento que estava sendo administrado para Bolsonaro contra a crise de soluços que vinha sofrendo. No depoimento, Bolsonaro falou que teve um episódio de alucinação em que imaginou existir uma escuta dentro do equipamento. As informações são do jornal O Globo.
Na chegada à Superintendência, Marina Pasolini afirmou apenas que irá avaliar o ex-presidente.
Em boletim médico divulgado pelos outros dois médicos que acompanham o presidente, Claudio Birolini e Leandro Echenique afirmaram que Bolsonaro faz uso de diversos medicamentos em decorrência das internações e cirurgias realizadas desde 2018.
“Na noite de sexta-feira, dia 21 de novembro, o ex-presidente relatou que apresentou quadro de confusão mental e alucinações, possivelmente induzidos pelo uso do medicamento Pregabalina, receitado por outra médica, com o objetivo de otimizar o tratamento, porém sem o conhecimento ou consentimento dessa equipe”, afirmaram os médicos.
A Pregabalina apresenta uma interação com os outros medicamentos que ele utiliza para tratamento dos soluços (Clorpromazina e Gabapentina), com efeitos colaterais que incluem a alteração de estado mental, desorientação e alucinações. Os médicos afirmaram ainda que o medicamento foi suspenso imediatamente.