Luciana diz que Marco Maciel plantou a semente da conciliação

Ao receber o convite para o lançamento do livro sobre Marco Maciel, há pouco, a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), elogiou a trajetória política do homenageado. “Marco Maciel merece todas as homenagens. Ele sempre foi um homem condutor do diálogo e da interlocução”, afirmou.

Sobre as especulações em torno da sua saída do Ministério que ocupa para assumir a pasta das Mulheres, Luciana disse que em nenhum momento o presidente Lula (PT) tratou com ela sobre esta possível mudança. Ela afirmou estar tranquila e mantendo a sua rotina de compromissos. A ministra atribui essas especulações ao clima natural das mudanças que estão para acontecer na minirreforma ministerial. “Estou cumprindo a missão que me foi confiada pelo presidente”, falou.

O lançamento do livro ‘O Estilo Marco Maciel’, de minha autoria, pela CRV Editora, de Curitiba, será no próximo dia 24, a partir das 18 horas, na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro.

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Da BBC News Brasil

O partido de centro-direita União Democrata-Cristã (CDU) deve vencer as eleições parlamentares da Alemanha neste domingo (23), com 30% dos votos, indicam pesquisas de boca de urna.

As pesquisas também confirmam o avanço da legenda de direita radical Alternativa para Alemanha (AfD) que deve se tornar a segunda maior força política no país, com um recorde de 20% dos votos, de acordo com a boca de urna.

Líder da CDU, Friedrich Merz terá a missão de formar um novo governo alemão, no lugar do chanceler Olaf Scholz, da coalizão de centro-esquerda do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). O partido de Scholz terminou em terceiro lugar, segundo a boca de urna.

Merz falou a apoiadores na sede do seu partido neste domingo. Ele elogiou uma “campanha eleitoral fantástica”, mas falou sobre seu “respeito por nossos oponentes políticos”. “Agora vamos conversar juntos e é importante formar um governo o mais rápido possível… O mundo lá fora não está esperando por nós”, disse o líder dos democratas cristãos.

“Todo mundo no mundo vê que a Alemanha tem um governo confiável e digno de confiança”, acrescentou ele. “Esta noite estaremos comemorando e a partir de amanhã retomaremos nosso trabalho.”

Aos 69 anos e com 1,98 m de altura, Merz é um conservador social, pró-negócios e de discurso direto, que passou anos aguardando sua chance.

Ele faz parte do partido da ex-chanceler Angela Merkel, com quem travou disputas no passado sobre a liderança da CDU. Ofuscado por Merkel desde 2002, ele acabou deixando a política, atuou nos conselhos de bancos de investimento e passou a pilotar aviões como um hobby.

Ele disputou a liderança do partido, mas perdeu para Merkel em 2018 e depois para Armin Laschet, que acabou sendo derrotado na eleição alemã de 2021. Merz então assumiu o comando da CDU e concorreu sob o slogan “Uma Alemanha da qual possamos nos orgulhar novamente”.

Ele prometeu controles permanentes nas fronteiras e regras de asilo mais rígidas para restringir a imigração, além de reduzir impostos e cortar 50 bilhões de euros em gastos com assistência social para reaquecer a economia alemã. Também se comprometeu a reforçar a ajuda à Ucrânia.

No entanto, ele provocou forte reação antes das eleições ao tentar endurecer as regras de imigração para contar com votos do partido de extrema-direita Alternativa Para a Alemanha (AfD), o que acabou não dando certo.

Embora Merz tenha descartado qualquer aliança com o AfD, a ex-chanceler Angela Merkel disse que ele estava “errado” ao aceitar os votos do partido, e ele enfrentou grandes protestos. Merz também prometeu uma liderança mais firme da Alemanha na Europa e maior apoio à Ucrânia, sem descartar uma futura adesão do país à Otan.

Votação histórica da AfD

As pesquisas boca de urna mostram que a AfD será a segunda força na política do país — conquistando uma votação histórica para o Parlamento alemão.

O copresidente do partido, Tino Chrupalla, diz que está “muito orgulhoso do partido”, após as pesquisas de boca de urna deste domingo (23). “Estávamos unidos, nossa campanha foi direcionada e fomos disciplinados”, disse ele, ao lado da copresidente Alice Weidel. “Podemos realmente provocar uma mudança histórica”, afirmou, acrescentando que o partido “está sempre abertos a negociações”.

Outros partidos têm sido inflexíveis em não formar uma coalizão com a AfD. Mas Chrupalla diz que seu partido recebeu “um mandato para provocar mudanças políticas”.

Ao longo da última década, a AfD tem sido um dos partidos que mais cresceu junto ao eleitorado alemão. O partido é liderado por Weidel, uma mulher lésbica e conservadora que se tornou popular entre os eleitores jovens no TikTok, principalmente homens.

A AfD propõe medidas como a saída da União Europeia, a volta do marco alemão no lugar do euro como moeda nacional, o reestabelecimento de relações com a Rússia, a desativação de usinas eólicas e uma política de “remigração” — com deportação de cidadãos alemães baseado nas suas etnias.

Novo governo

Nas eleições desde domingo, estavam sendo disputados 630 assentos no Parlamento alemão. As eleições para o chamado Bundestag normalmente ocorrem a cada quatro anos. A próxima estava prevista para 28 de setembro de 2025, mas foi antecipada devido ao colapso do governo Scholz.

A coalizão governante será formada pelos partidos que conseguirem juntos mais de 50% dos assentos. Isso quer dizer que os conservadores CDU e CSU precisam se somar a outras legendas.

No entanto, Friedrich Merz descartou formar uma coalizão com o partido de extrema-direita AfD, o que limita suas opções de parceiros de governo.

Isso torna mais provável um acordo com os Sociais-Democratas (SPD), de Scholz, embora haja resistência dentro do partido devido a disputas recentes sobre migração. Scholz disse neste domingo que os resultados das eleições são “amargos” para seu partido, chamando-os de “derrota”.

Falando com apoiadores em Berlim, o chanceler alemão disse que é um momento “em que temos que reconhecer que perdemos a eleição”. Na eleição anterior, ele disse, o partido teve um resultado “melhor” pelo qual ele foi “responsável”, acrescentando que esse resultado “é pior, e eu sou responsável por isso também”.

Jaboatão - Combate Dengue

Da BBC News Brasil

Em uma coletiva de imprensa neste domingo (23), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que estaria disposto a “abrir mão” da presidência do país em troca da paz.

“Se for necessário que eu deixe este cargo, estou pronto para isso, e também posso trocá-lo pela adesão da Ucrânia à Otan”, disse Zelensky, referindo-se à aliança militar dos países da Europa e América do Norte.

A Rússia se opõe consistentemente à ideia de que a Ucrânia se torne membro da Otan, temendo que isso traga forças da aliança militar para mais perto de suas fronteiras.

Zelensky enfatizou ainda que seu foco está na segurança da Ucrânia agora, e não daqui a 20 anos, deixando claro que não é seu “sonho” permanecer presidente por uma década.

O mandato presidencial de Zelensky expirou em maio do ano passado. No entanto, a Ucrânia está sob lei marcial desde a invasão russa em fevereiro de 2022, o que suspendeu as eleições presidenciais.

Em novembro, todos os partidos do parlamento ucraniano apoiaram o adiamento das eleições até o fim da guerra, e Zelensky prometeu realizar uma nova eleição assim que o conflito terminar.

As declarações do ucraniano aconteceram após a Rússia lançar o seu maior ataque único de drones em três anos de guerra.

Na segunda-feira (24), líderes mundiais irão à Ucrânia para discutir garantias de segurança para o fim da guerra – Zelensky disse que espera que seja um “ponto de inflexão”.

Minerais para os EUA?

O presidente ucraniano também se pronunciou sobre as exigências dos Estados Unidos por uma participação nos minerais de terras raras da Ucrânia — um “acordo” que o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou refletir a quantidade de ajuda que os americanos forneceram ao país durante a guerra.

Inicialmente, Zelensky rejeitou essas exigências, mas agora afirma: “Estamos prontos para conversar sobre minerais” com os americanos. “Estamos prontos para compartilhar”, mas ressalta que os EUA precisam fazer Putin “acabar com esta guerra”.

Ele reitera que a Ucrânia precisa de garantias de segurança, e que os acordos preliminares oferecidos até agora não são o que o país deseja. Ainda assim, Zelensky afirma que as negociações estão avançando.

O presidente também foi perguntado sobres as recentes declarações de Trump, que classificou o ucraniano como “ditador”. Zelensky disse: “Eu não chamaria as palavras de Donald Trump de um elogio”. “Eu não fiquei ofendido, mas um ditador ficaria”, acrescentou ele com um sorriso.

Ucrânia e Otan

Zelensky tem defendido há muito tempo que a Ucrânia se torne um membro da Otan.

A aliança militar foi formada em 1949 por 12 países ocidentais, com o acordo de que, se um membro fosse atacado, os outros ajudariam a defendê-lo. O objetivo era conter o avanço da então União Soviética.

A Segunda Guerra Mundial acabara quatro anos antes, e os soviéticos que haviam ajudado a derrotar a Alemanha nazista emergiam, principalmente por questões ideológicas, como o maior adversário da Europa Ocidental e dos Estados Unidos.

Ou seja, a aliança militar nasceu de uma rivalidade com a Rússia, o principal país-membro da URSS, numa oposição entre dois campos: o capitalista e o comunista.

Hoje, a Otan conta com 32 membros, espalhados pela Europa e América do Norte. O mais recente membro foi a Finlândia, que quebrou uma longa política de neutralidade para ingressar na aliança após o início da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, com a qual compartilha uma fronteira terrestre.

A Rússia se opôs consistentemente à ideia de a Ucrânia se tornar membro, citando preocupações de que isso colocaria forças da Otan muito perto de suas fronteiras.

Para Vladimir Putin, a Otan serve como instrumento da política externa americana e exemplo da forte influência que o país exerce sobre seus aliados.

Recentemente, o Kremlin disse a Zelensky que “enxergasse a realidade”, quando o ucraniano sugeriu que a adesão à Otan fazia parte de seu “plano de vitória”.

A Otan anunciou que a Ucrânia poderia se tornar um membro em 2008, mas o chefe da aliança, Jens Stoltenberg, negou essa possibilidade, afirmando que a Ucrânia poderia ingressar “a longo prazo”, mas não até que a guerra termine.

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Da CNN Brasil

O desenho de divisão das comissões da Câmara dos Deputados deve ser debatido pelos líderes partidários em reunião após o feriado de Carnaval. Na mesa de discussão, está a possibilidade de aumentar o poder dos chefes de bancada para que cada partido determine, sem a necessidade de eleição, os presidentes dos colegiados em que a sigla tiver o comando.

Os líderes e o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), devem debater o mapa de divisão das comissões na reunião de 13 de março, após o feriado. Até lá, seguem as negociações sobre a medida que daria mais poder para os chefes de bancada que poderiam, inclusive, trocar o presidente escolhido ao longo do ano.

A expectativa de Motta é retomar as atividades nas comissões até o início de março. A escolha das presidências das comissões depende de acordo entre as bancadas. Por regra, as siglas maiores comandam mais colegiados e têm o direito de fazer as primeiras escolhas.

Uma vez escolhidos, os presidentes passam por eleição nas comissões. Apesar disso, raramente há disputa entre mais de um candidato, já que a indicação dos nomes é feita previamente por meio de acordo político entre as bancadas. O deputado escolhido para o posto ocupa o cargo durante todo o ano.

A ideia de acabar com a etapa de eleições, no entanto, não é consenso. A proposta tem a simpatia do líder do PT, Lindbergh Faria (RJ), que afirma que a indicação dos nomes continuará respeitando a vontade da maioria da bancada.

Uma eventual mudança no comando das bancadas é vista com bons olhos entre alguns partidos do Centrão, mas ainda não há unanimidade entre as siglas de centro. Um líder ouvido pela CNN afirmou que, atualmente, apesar da indicação respeitar acordos previamente firmados, o espaço não é “dos partidos”.

Na avaliação do deputado, se a alteração for aprovada, as bancadas partidárias ganharão maior autonomia. Ele também informou que nenhum projeto sobre o assunto foi redigido até o momento, mas que o tema segue em discussão.

Por outro lado, a líder da minoria, Caroline De Toni (PL-SC), avalia que a mudança prejudicaria o mandato parlamentar e poderia gerar “insegurança” para o indicado ao cargo, que não teria um mandato fixo.

Líder do PSOL, a deputada Talíria Petrone (RJ) também é crítica da ideia. A alteração precisaria ser aprovada no plenário por meio de um projeto que altera o regimento interno da Casa. “Espero que pelo menos o rito seja cumprido e a gente possa fazer a discussão de mérito”, afirmou a deputada à CNN.

Atualmente, a Câmara tem 30 comissões temáticas permanentes. Uma das sugestões em debate prevê ainda que o presidente da Casa indique diretamente o presidente de comissões temporárias.

Dulino Sistema de ensino

Por Ana Dubeux, Denise Rothenburg e Carlos Alexandre de Souza

Do Correio Braziliense

Aos 94 anos, o ex-presidente José Sarney tem um motivo especial, em 2025, para reafirmar sua trajetória única na política brasileira. No próximo 15 de março, completam-se 40 anos de um capítulo dramático da história nacional: a posse como presidente da República. Na véspera, o presidente eleito, Tancredo Neves, havia sido submetido a uma cirurgia de emergência no Hospital de Base de Brasília. Para Sarney, aquelas semanas foram críticas para a recém-renascida democracia brasileira. “Enfrentei problemas quase intransponíveis”, relembra o ex-chefe do Palácio nesta entrevista ao Correio.

Uma das frentes mais delicadas era com os militares. Sarney lembra-se de dois personagens importantes nessa jornada: Leônidas Pires, “o melhor ministro do Exército que já tivemos” e Ulysses Guimarães. Em relação a este último, o ex-presidente lembra da recomendação expressa de se aprovar uma nova Carta Constitucional, em meio às ameaças institucionais. “Ulysses, sem Constituição, não tem transição, porque a Constituição é que vai marcar a transição”, disse Sarney à época.

São memórias como essas que justificam, segundo Sarney, uma intensa comemoração de quatro décadas de regime democrático sem hiato. “Estamos num caminho irreversível”. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista e assista no YouTube do Correio.

Olhando toda a sua trajetória até aqui, como enxerga o Brasil de hoje?

Em primeiro lugar, eu, que sou um homem religioso, sou possuído de uma grande gratidão pela graça da vida que Deus me deu. Então, todos os dias, nas minhas orações, de manhã e de noite, a primeira coisa é agradecer. Vejo o Brasil com otimismo. Muitas vezes, todos nós temos certas dúvidas sobre o destino do país. E até começamos a duvidar daquela expressão usada por Stefan Zweig, que escreveu o livro “Brasil, o país do futuro”. Parece que é difícil a gente responder isso, quando a gente vê que ficamos muito atrasados na área de tecnologia. Tomamos uma decisão errada, de esperar sermos autossuficientes nessa matéria. O resultado é que nos atrasamos grandemente. Agora estamos verificando todo o mundo preocupado com a inteligência artificial, que é realmente o grande instrumento de mudança da civilização.

E onde estão os avanços?

Nós já resolvemos alguns dos problemas mais difíceis que os países mais desenvolvidos não resolveram. Não temos problema de raça, de fronteiras, de religião, não temos problemas que significam grandes divisões da sociedade, coisa que países como os Estados Unidos, como a Europa, de uma maneira global, ainda não resolveram. E agora eles têm os problemas da imigração em massa. E o Brasil não tem esses problemas. Por outro lado, nós somos o continente que ainda não teve os seus anos dourados. Assistimos aos anos dourados da Europa, aos anos dourados da Ásia e, sem dúvida nenhuma, nós vamos assistir aos anos dourados da América do Sul.

Estamos completando 40 anos de democracia, mas entramos em uma profunda polarização política. Como sair desse redemoinho?

Quando estive com Deng Xiaoping (o líder supremo da República Popular da China entre 1978 e 1992), perguntei: “Como o senhor vê os 50 anos futuros da humanidade?” E ele me respondeu: “Os senhores, do Ocidente, não sabem o que é o tempo. Nós aqui sabemos o que é o tempo”. Eu digo, evidentemente. Os chineses têm 6.000 anos de civilização e quase todas as conquistas. Nós tivemos algumas. Essa é uma coisa que eu aprendi com ele.

O que isso traz para o contexto brasileiro?

A gente precisa ter a perspectiva do tempo. Nós tivemos 40 anos de democracia, estamos celebrando este ano a nossa volta ao regime democrático. E criamos instituições tão fortes que elas resistiram a dois impeachments e a uma tentativa de mudança de regime, como estamos vendo na apuração que está sendo feita pelo Supremo Tribunal Federal. Estamos num caminho irreversível. Nós não teremos mais, de maneira alguma, tipos de ações que nós tivemos. Acho até que os presidentes não sofrerão essas tentativas permanentes de golpe. Mas, para isso, temos um encontro marcado com uma mudança política profunda que no Brasil ainda não ocorreu. Temos que fazer essa reforma, que é muito difícil.

Qual reforma?

Uma reforma de caráter eleitoral, de caráter do próprio regime e com as experiências que tivemos. Precisamos evitar essas constantes instabilidades políticas que nós temos. E isso é muito da Constituição de 1988, que eu acho muito boa nos capítulos dos Direitos Humanos e dos Direitos Individuais e dos Direitos Sociais. Mas há alguns pontos que precisamos ver. Por um lado, essa capacidade de alterar a Constituição de modo mais rápida do que fazer um projeto de lei. Nós já temos cento e tantas emendas constitucionais. Por outro lado, há a judicialização da política, no momento que a Constituição permite que todo mundo, a toda hora, faça uma proposta de inconstitucionalidade. E o Supremo vive abarrotado dessas propostas de inconstitucionalidade.

Qual a consequência dessa disfuncionalidade?

Essa judicialização da política nos leva à politização da Justiça. Se nós levamos aos tribunais questões políticas para eles resolverem, evidentemente eles vão se habituando, como se habituaram, a resolver questões políticas. E daí, muitas vezes, podem cometer excessos que são muitas vezes apontados. Ultimamente, nós temos visto isso. E também a política deixa de ser um processo normal, para ser um processo de apelo cotidiano ao Judiciário, para que ele possa resolver o que, em um regime normal, se lida dentro dos partidos políticos.

Mas há problemas nos partidos.

De fato. Eles não têm democracia interna. Nós não temos vivência de partidos políticos. Basta dizer que é de 1946 a Lei Agamenon Magalhães, que nós voltamos a ter partidos nacionais. Antes, nós tínhamos partidos estaduais. Isso provocou um atraso muito grande em relação a países como Chile, Argentina, Uruguai. Eles têm partidos centenários, há uma grande vivência partidária e, por consequência, a formação de lideranças. Nós, sem tradição partidária, não temos formação de lideranças. E hoje estamos sentindo essa falta.

A ditadura também contribuiu para esse cenário.

A coisa pior que a revolução fez, sob o ponto de vista político, foi a extinção dos partidos. Porque, bem ou mal, eles eram uma escola de formação de liderança. E com essa extinção, queria estabelecer dois partidos por decreto, o Arena e o MDB. Sabemos que isso não existe. Por decreto não se cria, como não se resolve por decreto a inflação, também não se resolve por decreto a formação de liderança.

O senhor diz que é preciso uma mudança política radical. O que funcionaria melhor?

Sou partidário do parlamentarismo. Eu propus, na Constituinte, que o último ano meu fosse dedicado à preparação do país para o parlamentarismo moderado.

O semipresidencialismo?

Eu digo semiparlamentarismo (Risos). Porque o presidencialismo só funcionou em países muito ricos. No resto, não tem funcionado bem. Acho que o voto uninominal é responsável por essa bagunça da fidelidade política, né? Porque, quando se sai de uma eleição, os adversários são aqueles que participam do partido, da legenda. São eles que disputam entre eles mesmos. Não é uma disputa entre partidos, é uma disputa intrapartidos. Isso é uma coisa que tem que acabar. Eu sou partidário de termos o voto distrital, quer dizer, misto. Que aquele que uma parte parlamentarista e outra parte proporcional. Pode votar na lista ou o termo de escolha também dos candidatos, pela votação que esses candidatos majoritários obtiveram que se conta como legenda.

E como se deu essa discussão sobre o parlamentarismo à época?

Durante o tempo da Constituinte, eu tive que sustentar o presidencialismo, porque não era parlamentarismo o que eles queriam. Eles queriam era um ano do meu mandato. Por quê? Porque tinham feito uma montagem da comissão de sistematização na qual só podia ser derrubado o projeto da comissão se houvesse dois terços do plenário. Esse era o golpe. Ora, isso era impossível.

E o que aconteceu?

Quando esse projeto chegou ao plenário, o Congresso ficou 30 dias sem poder votar, porque todo mundo derrubava. Então Ulysses me procurou e disse: “Sarney, você precisa me ajudar. Não vai ter Constituição”. E eu respondi: “Ulysses, sem Constituição, não tem transição, porque a Constituição é que vai marcar a transição. Nós não podemos ficar com uma transição democrática que deixa uma emenda constitucional que nos regula, cujo preâmbulo é esse: ‘O ministro do Exército, da Marinha e da Aeronáutica decretam a seguinte emenda constitucional.’ Isso é impossível. Então, vamos fazer uma coisa conjunta, para que possamos aprovar a Constituição”. E nós aprovamos a Constituição, que eu tive o orgulho de ser o primeiro a jurar defender. E fui o primeiro também a ter condições de começar a implantá-la, o que não foi fácil. Foi muito difícil.

Qual foi o momento mais difícil da transição?

Eu enfrentei alguns problemas que consideravam quase intransponíveis. Em primeiro lugar, o problema dos militares. A anistia tinha sido feita, eu tinha participado da elaboração da lei com Petrônio (Portela), com Franco Montoro, com Ulysses, com todos. Ela foi a base pela qual nós pudemos fazer o projeto de engenharia política que nos levou à transição. E, na anistia, as Forças Armadas queriam que nós fizéssemos para os dois lados. A oposição tinha uma resistência muito grande, achava que a anistia devia ser só para o lado civil. O Petrônio nesse ponto negociou bem. O (Ernesto) Geisel participou disso, eu participei também. Com isso, nós pacificamos toda a área das Forças Armadas.

Como era a relação com os militares naquele tempo?

Logo no princípio do governo, fiquei sabendo que 70% dos militares ainda tinham muita restrição a meu respeito. Eles achavam, com o (general João Baptista) Figueiredo à frente, que eu os havia abandonado. Na realidade, foi o contrário. Eu estabeleci duas diretrizes em relação às Forças Armadas. Primeiro, que sendo eu o comandante-em-chefe, eu que zelaria por elas. Não queria mais aquelas manifestações de ordem do dia com mensagens subliminares. E, ao mesmo tempo, estabeleci que a transição seria feita com as Forças Armadas e não contra as Forças Armadas. Quer dizer, elas deveriam colaborar no processo de transição democrática. E realmente colaboraram. Com isso, nós voltamos as Forças Armadas aos quartéis. Demos a elas a função que eu disse a Leônidas (Pires) — aliás, o melhor ministro do Exército que já tivemos: “Leônidas, você tem que dar o que eles têm que fazer”. E o Leônidas, então, resolveu modernizar o Exército. E as Forças Armadas se dedicaram a essa função e abandonaram aquela coisa de, não tendo que fazer, buscavam a política, na qual elas se metiam. E essa coisa foi tão forte que, nós vemos, nos últimos episódios, que foram as Forças Armadas que realmente repeliram qualquer mudança ou intromissão no regime.

O senhor está falando agora dos fatos de 2022?

Sim, estou falando dos últimos fatos, de 2022, e também alguns fatos durante o meu governo. Que hoje aqui eu não quero de maneira nenhuma revelar. Tem muita gente que já morreu e tem muita gente que está viva. Houve tentativas, que foram bastante…

E o senhor contou com o apoio de quem?

Contei com apoio das Forças Armadas que não participavam disso. Uma vez o ministro Leônidas — e isso é uma revelação que eu vou fazer vocês —, me chamou e me disse que alguns civis — eu não quero dizer o nome, nem vou dizer, guardo até hoje — o estavam procurando para que ele convocasse eleições gerais. De modo que eles me forçariam a renunciar ou a ser deposto. Leônidas, depois de algum tempo, me procurou e disse: “Olha, eles estão me procurando para fazer isso e eu não vou recebê-los mais lá. É uma conversa na que eles estão querendo avançar e que não me agrada”. Eu disse: “Não, Leônidas, você faz o seguinte: ouve até o fim. Não sai, porque senão eles vão procurar outro general, que vai aderir a eles e vai nos criar caso”. E aí Leônidas cortou todos eles.

Ele teve um papel importante nesse processo todo.

Sim, um papel importante nesse processo todo. Foi uma transição muito difícil. Vocês hão de recordar que eu soube que ia assumir a Presidência às 3 horas da manhã do dia 15. Não tinha participado da escolha do governo. Todos os ministros foram escolhidos pelo Tancredo Neves. Muitos eu nem conhecia. Eu não tinha participado da elaboração do programa de governo. E por iniciativa mesmo minha, eu não tinha querido participar da escolha de qualquer auxiliar do governo: ‘Eu quero ser um vice-presidente fraco de um presidente forte’.

E o que o senhor fez?

Fiz o que tinha de fazer: me legitimar. Para me legitimar, abri todas as frentes. Fiz a anistia para todos os sindicalistas todos — que atingiu o Lula, atingiu a todos aqueles daquele tempo. A partir dali, os sindicatos não precisavam mais do ministério para fazer. Resgatei os partidos que estavam na clandestinidade, permiti eleições para todos os municípios e eleição para as capitais. Já naquele ano. Até o Ulysses me procurou: “Ô, Sarney como é que vamos fazer eleição com esses problemas todos?” Eu disse: “Ulysses, Tancredo podia retardar porque ele tinha um capital político muito grande. Mas eu estou em processo de legitimação e tenho que fazer imediatamente isso. E vou fazer porque eu acho que a minha convicção é de que se deve fazer imediatamente”.

Ou seja, havia um sentido de urgência na instalação da democracia?

Havia uma urgência e uma resistência muito grande, também, dos Autênticos (Autênticos do PMDB, ala do partido que defendia uma punição mais rigorosa aos militares). Era uma pressão muito grande sobre mim. Ulysses veio falar comigo: ‘Você dá um sinal a eles’. Eu respondi: ‘Nessa coisa, Ulysses, ninguém pode dar sinal. Nós não ganhamos através das armas. Nós ganhamos por um processo de negociação, um processo de engenharia política e, portanto, nós temos é que realmente atender (às demandas dos militares). Nós não temos armas para dar sinal. Nós somos civis, e o Brasil é uma construção civil. Basta ver que, logo depois da Independência, a primeira coisa que nos preocupamos em fazer foi uma Constituição. Para ter uma monarquia constitucional.

O senhor chegou a dizer que a Constituição deixaria o país ingovernável. Como avalia hoje?

Fiz isso no processo de nós marcharmos para fazer uma Constituição. Aqueles excessos que estavam sendo feitos foram corrigidos. Eram os processos vindos da comissão de sistematização e que alguns sobreviveram dentro do texto constitucional. Nós ainda temos 200 e poucas emendas constitucionais previstas dentro da Constituição. Que absurdo, né?

O senhor foi a maior autoridade do país e presidente do Senado por três vezes. Como enxerga o desgaste entre o Executivo e o Legislativo em relação às emendas?

Isso é falta de ampliar o diálogo. E falta também de lideranças que se imponham à classe política. Essas lideranças que estão surgindo, participando do processo, de certo modo, são novas, ainda não têm uma grande experiência. Então, os velhos continuam a ser imprescindíveis. (Risos)

A nossa democracia sofreu riscos lá atrás. Ela ainda sofre? Está consolidada?

A democracia é um processo de consciência de cada um de nós. Nesse processo, o que a democracia traz, em primeiro lugar, é a liberdade. O coração da democracia é a liberdade. Quando ela traz a liberdade, ela tem um poder criativo que faz com que existam parlamentos, instituições fortes, que só podem existir num processo de liberdade. É aquela definição do Churchill de que a democracia é um regime muito ruim, mas não há outro melhor. Tem outra dele que acho mais precisa, relativa à democracia como o regime da liberdade: quando batem na sua casa às 6 horas da manhã, você tem absoluta tranquilidade de que é o leiteiro ou o padeiro. Nunca é a polícia.

O que pensa da denúncia da Procuradoria Geral da República contra acusados de promover um golpe contra a democracia?

Isso é uma demonstração da democracia. É um processo que está correndo na Justiça, naturalmente, os acusados terão o direito de defesa. Agora, eu me choco, sob o ponto de vista humano e político, dessa coisa inacreditável de assassinato do presidente, do vice-presidente e de um ministro do Supremo Tribunal Federal. É o que eu disse. Desde que as Forças Armadas voltaram aos quartéis, dedicaram-se às atribuições que tinham, elas não respaldarão jamais um processo de queda do regime democrático. Nós instituímos o regime democrático e estamos num processo de consolidação e já atravessando muitos casos difíceis, como os de impeachment.

Ou seja, a nossa democracia passou no teste.

Não no teste, ela passou na estrutura.

O 8 de janeiro foi um dos piores momentos para o Brasil?

Aquilo foi uma coisa lamentável, terrível, que chocou a todos nós. Mas eu acho que, estruturalmente, não foi o momento mais difícil que nós tivemos. Os momentos mais difíceis foram realmente os processos do Collor — o da Dilma não, que foi um processo meio forçado. O processo do Collor foi difícil porque vinha logo da saída da transição. Ele tinha me atacado muito, e os nossos índices econômicos não tinham sido bons naquele momento. Então, foi muito difícil. Outro momento difícil foi fazer as eleições presidenciais naquele tempo que o Lula ganhou a eleição. A meu ver, foi muito mais sério do que esse problema atual. Nesse episódio do 8 de janeiro, de certo modo, eles começaram por uma baderna. Os outros problemas nasciam na parte estrutural das lideranças do país.

E sobre a anistia aos neogolpistas?

Esse é um problema do Congresso. De avaliação política, vamos dizer, eu já estou na fase de garantias, né? (Risos)

Mas tem gente que diz: “Se não tiver anistia, não tem pacificação do país”. E outros dizem que, com anistia, aí é que haverá guerra. Haverá guerra mesmo?

Esse processo de enfrentamento é deformado, mas faz parte da própria democracia — que tem seus problemas. Vejam vocês agora os Estados Unidos. Que problema eles estão vivendo com o Trump, né? Problemão.

O Trump vai ajudar Bolsonaro nesses processos aqui do Brasil?

O Trump tem uma personalidade de prejudicar os personagens do mundo. Nunca ele se envolveu em ajudá-los. Nem os aliados dele, que são ocasionais.

O que vem pela frente com Donald Trump, que, em um mês, já botou o mundo meio que de cabeça para baixo?

Nunca pensei que os Estados Unidos tivessem um presidente ou chegassem a um momento em que eles também tivessem um movimento popular de invadir o Congresso para forçar o não reconhecimento pelo Senado Federal do presidente da República, conforme a Constituição americana. Era uma coisa que eu jamais podia pensar. Entretanto, fizeram. E nós estamos com um presidente da República condenado em processo judicial. E a própria sociedade americana no momento já está colocando Trump como rei.

No seu artigo publicado sexta-feira no Correio, o senhor fala de ódio. Ódio, não.

Evidentemente, porque a gente vê no país uma radicalização inaceitável. O Brasil não é para isso. O brasileiro cordial, que se falou tanto, está na raiz do Brasil. Nós não temos vocação para esse radicalismo. Ele é antiBrasil.

Mas está difícil sair desse radicalismo, hein?

Eu volto ao Deng Xiaoping. O tempo vai nos tirar do radicalismo, e esses grupos vão ver que isso não leva a nada. E terão de aparecer líderes que vão se formar no Brasil.

Mas o senhor já enxerga essas lideranças novas?

Elas podem crescer, se afirmar e se projetar em termos de futuro. Eu vivi um período áureo de lideranças. Graças a elas, eu vi, ao longo do tempo, nós atravessarmos problemas como o suicídio de Getúlio, a renúncia do Jânio, a posse do Jango. Em tudo isso, eu participei como assistente algumas vezes, outras vezes como testemunha, e outras como protagonista até.

Como avalia o terceiro mandato do Lula? Ele já esteve com o senhor?

O Lula, e eu o apoiei por isso, foi o primeiro presidente operário no Brasil. Não podemos mais nos queixar sobre os elitistas. Tivemos general, tivemos advogados, médicos, sociólogo, tivemos todo mundo. E tivemos um operário. Eu achei que isso coroava o regime e a transição que nós tivemos para a democracia. Eu fiz uma amizade com ele que, hoje, não é quase política, é pessoal. Porque velho gosta de consideração, e ele tem muita consideração comigo. Eu disse a ele: “Presidente Lula, velho gosta de agrado e gosta de ser bem tratado. O senhor não precisa mais (de mim como político), não tenho mais ingerência nenhuma”.

O senhor, inclusive, o acompanhou depois que ele passou a faixa presidencial para Dilma Rousseff.

Foi uma demonstração de amizade e de reconhecimento pelo governo que ele tinha feito. Ele pacificou o país.

Que diferença o senhor vê entre o Lula do primeiro mandato, do segundo e do atual?

Olha, Denise, você vai me desculpar, mas eu não vou fazer julgamento. Essa pergunta é mais contra mim do que contra o Lula. (Risos)

Voltando a 1985. Qual é a lembrança mais forte daqueles dias históricos?

Eu tenho uma lembrança muito forte da grande figura do Tancredo Neves. Porque foi ele que possibilitou a transição democrática. Ele foi escolhido candidato porque não se chocava com a área militar nem com os grupos políticos opositores a ele. Então ele possibilitou que se fizesse essa união.

O senhor se recorda de algum episódio particular?

Quando participamos da escolha do Tancredo para a presidência, o processo passava pelo Aureliano Chaves (então vice-presidente da República), que era seu adversário em Minas Gerais. Quando eu, o Jorge Bornhausen e o Marco Maciel fomos ao Aureliano, ele disse: Eu quero uma carta do Tancredo, se comprometendo comigo. Porque eu conheço o Tancredo de Minas Gerais, etc”. Aí eu, pelo menos, disse: a coisa está perdida, não vamos fazer porque o presidente Tancredo não vai querer fazer carta.

E o que aconteceu?

Quando chegamos no Tancredo, fomos surpreendidos. Ele disse: “Oh, mas Aureliano sabe, eu vou fazer imediatamente a carta. Aureliano deve saber que nós, em Minas, só fazemos uma carta quando recebemos a resposta antes”. (Risos) Esse era o Tancredo, né? E ele fez uma carta muito boa e que não dizia nada. (Risos). E Aureliano não nos mostrou a carta; quem nos mostrou foi o próprio Tancredo. Ele era um grande homem, um estadista. Ele não transigia em princípios, mas em mecanismos de superação, em processos, ele era muito capaz.

Por quê?

Há uma coisa que acho formidável no Tancredo, que mostra como ele era. Na morte do Getúlio, ele chorava no túmulo do presidente e fez um discurso. Mas não foi um discurso de vingança, como foram todos os outros naquele tempo. Ele disse: “Que o sangue do presidente não seja uma divisão do Brasil. Que esse gesto não divida o Brasil”. Então, ele mostra o conciliador que sempre foi.

Quando foi a última conversa com Tancredo?

A última foi com o Aureliano Chaves e Marco Maciel. Aureliano me telefonou para que nós fôssemos lá, porque ele queria indicar um nome para a Eletrobras. E o Tancredo já tinha escolhido o nome do Bhering (Mario Penna Bhering), que era diretor presidente da Companhia de Energia de Minas Gerais — aliás, um homem extraordinário. Ele pintou aquela aquarela ali (Sarney aponta para o quadro na sala de estar). Bonita, né?

E o que houve?

O Aureliano chegou e falou: “Tancredo, eu vim aqui propor…”. Aí o Tancredo respondeu, batendo na minha perna – eu estava do lado dele: “Aureliano, eu já escolhi Mario Bhering para presidente da Eletrobras”. Aí, Aureliano disse: “Surpresa nossa, né?” Porque Aureliano era também um homem de temperamento forte. Aí, ele disse: “Tancredo, você é o presidente. Se você fez essa escolha, está feita”. Saímos eu e Aureliano. Na saída, Tancredo me disse uma única coisa: “Eu estou dizendo que estou com problema de garganta, para que esses jornalistas não me persigam”. Eles estavam na porta. E assim era o Tancredo. Ele tinha muitos gestos de conciliação, mas ele não transigia das coisas que ele achava que eram de sua atribuição.

E com os militares?

Também conversei muito com ele sobre o problema de nós pacificarmos a área militar. E ele também estava de acordo. Ele tinha colocado o comandante em Minas Gerais e pedido ao Geisel para indicar o nome do SNI. Então, ele tinha tido o cuidado de cobrir essas áreas todas.

Ele também estava preocupado com os militares?

Sim. Aliás, era muito justo. Por aí era que passaria a nossa transição. Nós teríamos que ter o apoio deles para poder atravessar os problemas que eu tive que enfrentar, e não o Tancredo. Essa dificuldade caiu no meu colo.

Quando foi que o senhor caiu na real?

Quando eu tive que ser o presidente da República. Eu nunca pensei nisso. No Maranhão, quando se nasce, se pede ‘Academia”. As parteiras até já conhecem, os meninos choram ‘Academia’, e não a presidência, né? De repente, eu era o presidente da República. Isso me fazia profundamente perplexo. Quando me comunicaram a morte do Tancredo, eu saí para chorar e orar.

Como foi conviver com ministros que o senhor não tinha escolhido?

Eu encarnei o próprio Tancredo. Comecei a dialogar.

Por que se deve comemorar a redemocratização?

Nós devemos comemorar. Eu, inclusive, disse ao presidente Lula sobre os 40 anos de democracia. É o maior período de democracia que já tivemos sem nenhum hiato. Devíamos fazer uma comemoração grande, porque essa comemoração fortifica a democracia. Não é uma comemoração por comemorar. Nós devemos ficar felizes porque estamos chegando aos 40 anos. Mas, ao mesmo tempo, isso significa que nós estamos pedindo ao povo brasileiro, à história, a tudo, a continuidade do regime democrático e as excelências desse regime.

Falou com mais alguém?

Também falei com o presidente da Câmara de que devíamos ter comemorações nesse sentido. Eles me convidaram para uma comemoração muito grande no Panteão da Pátria, que vai ser feita pela Fundação Astrojildo Pereira.

Como o senhor espera ser julgado pela História?

Eu acho que o meu lugar é o daquele homem que foi surpreendido pela morte do Tancredo e conseguiu transmitir ao Brasil a consolidação do regime democrático. Acho que, nesse ponto, eu tenho uma grande participação. O meu temperamento e a minha formação intelectual ajudaram o Brasil naquele momento. Atravessei todos os instantes procurando fazer essa transição, sabendo o que ela significava para o Brasil. Eu tenho, de certo modo, algum conhecimento de História. Tinha vivido muito a experiência, participei de muitos governos, tinha enfrentado muitos problemas. Então, eu julgava que sabia o que ia enfrentar. Estava preparado para isso.

O que o senhor fez?

Aí, eu fiz o Plano Cruzado, que não era apenas um plano econômico, era também um plano político. Sem o Plano Cruzado, não teríamos levado a Câmara, o Senado e os governadores a dar suporte a uma Constituinte. Fazer uma constituinte numa transição democrática é uma coisa que não se viu em lugar nenhum do mundo. Nenhum país da América Latina fez. E nós proporcionamos isso. Eu e o Alfonsín (Raúl Alfonsín, ex-presidente da Argentina), com o Mercosul, exigimos a cláusula democrática. Além de Portugal e Grécia, foram transições democráticas muito visíveis naquele tempo.

O senhor recebeu muitas críticas em vários momentos. Essas críticas todas eram destinadas à sucessão presidencial.

Nós tínhamos muitos candidatos: Brizola, Covas, Fernando Henrique, Montoro, Ulysses. Esses candidatos todos estavam querendo que tivéssemos a eleição logo, o mais rápido possível. Eles estavam interessados em apressar a eleição, enquanto eu e Ulysses, preocupados com a transição democrática. Por isso que, de certo modo, ele julgava que no momento em que proclamasse a Constituição, o povo brasileiro iria reconhecê-lo. Tanto que o Collor uma vez chegou a ele e disse: “Dr. Ulysses, o senhor não acha que eu posso ser seu vice-presidente?” Ulysses respondeu: “Cresça e apareça”.

Ipojuca No Grau

Do blog de Roberto Almeida

O prefeito Sivaldo Albino esteve presente na posse da nova diretoria da Codeam, no sábado (22), e quando pegou o microfone falou em união e trabalho. A nota negativa do encontro está registrada num vídeo que circula na internet, desde ontem à noite. Mostra a governadora Raquel Lyra, no evento, apertando a mão de todos os prefeitos e fazendo que não vê Sivaldo, para não cumprimentá-lo.

A atitude está sendo muito criticada nas redes sociais, com muita gente chamando a dirigente estadual de mal educada. Realmente lamentável, um gesto feio e desrespeitoso com o gestor, a cidade e todos os presentes, inclusive os ministros que participaram do ato.

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O auditório da Codeam (Consórcio do Desenvolvimento do Agreste Meridional) foi tomado por autoridades, lideranças políticas e demais convidados para a posse da nova diretoria, para o biênio 25/26, nesse sábado (22). A solenidade marcou a transição de Expedito Nogueira (ex-prefeito de Calçado) para Rivaldo Júnior, prefeito reeleito de Saloá, seu vice Edimilson da Bahia, prefeito reeleito de Correntes) e posse dos demais membros da diretoria.

O prefeito de Garanhuns, cidade polo do Agreste Meridional e que sedia a Codeam, Sivaldo Albino, também ex-presidente da Codeam, em sua fala, parabenizou Rivaldo Júnior e a nova diretoria, e destacou a importância da Codeam para o desenvolvimento regional. “O caminho é para andarmos juntos, buscando iniciativas que tragam desenvolvimento social e econômico, com união e trabalho”, afirmou.

Sivaldo Albino chegou ao evento acompanhado do Ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, e seu irmão, Carlos Costa, e do deputado estadual Cayo Albino, ex-secretário geral da Codeam, que se pronunciou colocando seu mandato na ALEPE em prol do Agreste. “Moramos em Garanhuns e temos muitos apoios em diversos municípios da região, mas não somente isso, não é somente política, é trabalho, é tratar todos igualmente para avançarmos juntos, o Agreste é um celeiro de produção para o estado e o Nordeste, e a Codeam forte é certeza de mais conquistas para todos”, afirmou o deputado.

O prefeito Sivaldo Albino foi ao aeroporto de Garanhuns recepcionar o ministro Sílvio Costa Filho e o conduziu ao evento, em um gesto de hospitalidade e amizade, ao lado de Carlos Costa e Cayo Albino.

A solenidade foi prestigiada por lideranças do estado e ministros do Governo Lula, a exemplo de Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e André de Paula (Pesca e Aquicultura). Também estiveram presentes a governadora Raquel Lyra e a vice, Priscila Krause. Secretários de estado, praticamente todos os prefeitos dos municípios consorciados e demais convidados.

Camaragibe Cidade do Trabalho

Da Folha de S.Paulo

O presidente Lula (PT) confirmou a aliados a intenção de nomear o titular da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), Alexandre Padilha, para o Ministério da Saúde, no lugar de Nísia Trindade.

Como antecipou a Folha, Lula avisou a políticos e interlocutores da área da Saúde que iria substituir Nísia. Nessas conversas, ocorridas desde a semana passada, Lula já manifestava a disposição de nomear Padilha, apesar de uma preferência pessoal pelo ex-ministro Arthur Chioro.

Nas conversas em que discutiu a sucessão de Nísia, com pessoas próximas, o presidente apontou a necessidade de o titular ter um perfil mais político, como é o caso de Padilha.

Um argumento adicional a favor de Padilha é o fato de que, atualmente, Chioro faz uma gestão bem avaliada pelo governo à frente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e mantê-lo nesse posto seria uma decisão segura.

Em conversas deste fim de semana, Lula reafirmou essa opção. Para assumir a vaga, Padilha deu sinais de que concordaria em ficar no governo até o fim de 2026, abrindo mão de concorrer à Câmara de Deputados.

Apesar dessas conversas, aliados são cautelosos ao afirmar categoricamente sobre reforma ministerial. Não seria a primeira vez que o presidente mudaria de ideia no curso das mudanças em sua equipe.

O presidente deverá se reunir na terça-feira (25) com Nísia para informar a decisão, desencadeando a reforma ministerial pela chamada “cozinha” do governo. Uma segunda etapa da reforma deverá acontecer depois do Carnaval.

Com a transferência de Padilha, Lula definirá o novo titular da SRI. Segundo aliados do presidente, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e os ministros dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), e de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), são cogitados para o cargo.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), chegou a ser sondado para a função, mas, segundo relatos, teria alegado que a maior fonte de tensão para o governo está na Câmara. Dentro dessa lógica, dirigentes do centrão defendem o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), para o ministério.

Em conversas, Lula manifestou simpatia pelo nome da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), para o cargo como uma forma de provar sua capacidade de articulação, sempre posta em dúvida pela classe política.

Mas tem sido desaconselhado pela dificuldade de trânsito que ela enfrenta junto a parlamentares de oposição, após exercer a presidência do PT. Neste sábado, no Rio, Lula teceu elogios a Gleisi, ressaltando sua capacidade de articulação. Ela deverá assumir a Secretaria-Geral da Presidência.

Festa do PT

Neste sábado (22), em festa de aniversário de seu partido, no Rio de Janeiro, Lula afirmou que há desconhecimento do que é feito por seu governo mesmo em seu ministério.

“Descobri na reunião, Gleisi [Hoffmann, presidente do PT], que o ministério do meu governo não sabe o que estamos fazendo. Não sabe. Se o ministério não sabe, o povo muito menos.”

Nísia também compareceu ao evento do PT.

Sem citar diretamente a mudança já feita na pasta da comunicação, chefiada atualmente pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, Lula disse que agora “não tem mole” e que “não haverá mais mentiras contra o governo”.

A troca na Secom foi feita por Lula por entender que a baixa aprovação do governo, conforme institutos de pesquisa, está aquém dos resultados do mandato, como a alta do PIB e a baixa taxa de desemprego.

Pesquisa Datafolha divulgada neste mês apontou que a aprovação de Lula desabou em dois meses, de 35% para 24%, chegando a um patamar inédito para o petista em suas três passagens pelo Palácio do Planalto. A reprovação também é recorde, passando de 34% a 41%.

No discurso deste sábado ao PT, o chefe do Executivo nacional aproveitou para reiterar que está totalmente curado do acidente doméstico, no qual caiu no banheiro e bateu a cabeça. “Graças a deus, o Lulinha tá 100% curado da cabeça.”

Lula fez críticas ao mercado, ao presidente dos EUA, Donald Trump, e às big techs, defendeu a atuação de Gleisi e da primeira-dama, Janja.

Disse ainda que o partido precisa mudar. “Precisamos voltar a discutir política dentro da fábrica, nos locais de trabalho da cidade e do campo. É preciso voltar a dialogar com a periferia, percorrer o Brasil, dialogar com as igrejas, ocupar de novo as ruas. Se a gente só aparece de quatro em quatro anos para pedir voto, seremos iguais a todos os partidos políticos desse país.”

Ao falar de Janja, Lula disse que ela “agora é a bola da vez”. Para o presidente, sua esposa tem sido alvo da oposição como forma de atingi-lo. O presidente defendeu que a primeira-dama continue de “cabeça erguida” fazendo o que ela gosta “sem ligar para oposição” e disse que em sua casa “é proibido proibir”.

“Ou você para de fazer o que você gosta, eles vão parar de incomodar, ou você continua falando até eles perceberem que não vão mudar a sua ideologia, não vão mudar o seu pensamento. Isso é uma guerra.”

Lula orientou a militância a combater notícias falsas e emendou uma crítica a Trump. Segundo ele, os EUA, que sempre “venderam a ideia de paladino da democracia”, têm sido contra o discurso ao qual o país era fiel.

“América para os americanos. O Canadá não é mais um país, é um estado. A Groenlândia é dele. O México não tem mais o Golfo. Mas a gente é cidadão. Ele não foi eleito para ser o xerife do mundo, ele foi eleito para governar os Estados Unidos.”

Toritama - Prefeitura que faz

Da Folha de Pernambuco

Imagens de drone feitas por Adeilson Calixto neste domingo (23) mostram que a escultura do Galo Gigante já começa a tomar forma na ponte Duarte Coelho.

Este ano, a alegoria traz como tema “Cidadão Ecológico”, em referência a sua montagem 100% reciclável. A ponte foi interditada no sábado (22).

A estrutura, assinada por Leopoldo Nóbrega e Germana Xavier, tem 32 metros de altura, cinco metros maior, com referências ao meio ambiente, inclusão social e patrimônio cultural.

O gigante ficará de pé na próxima quarta-feira (26), e reinará absoluto no Carnaval de Pernambuco até o domingo pós-Carnaval, 9 de março. O desfile é no Sábado de Zé Pereira (1º).

Belo Jarfim - Cidade Limpa

Da CNN

Friedrich Merz é o favorito para se tornar o próximo chanceler da Alemanha nas eleições federais de hoje. O veterano político, de 69 anos, adota uma postura linha-dura em relação à imigração e o amor pela aviação.

Mas quem é o conservador da velha guarda que quer livrar seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), do legado centrista da ex-líder Angela Merkel?

A decisão da sua rival de longa data de deixar o cargo máximo em 2021 levou Merz a sair da hibernação política e concorrer à liderança do partido. Após duas tentativas fracassadas, ele foi finalmente selecionado para liderar a CDU em 2022.

Agora, ele parece ter a chancelaria em suas mãos após o colapso em novembro da coalizão governante da Alemanha – composta pelos Social-Democratas (SPD), Partido Democrático Liberal (FDP) e os Verdes – que abriu caminho para eleições antecipadas.

Se seu partido vencer, Merz pode assumir o comando de um país atolado em crises – embora possa levar semanas para formar uma coalizão governamental. Ele prometeu reiniciar a grande economia da Alemanha após anos de estagnação atípica, reprimir a imigração e reduzir impostos, tudo isso enquanto tenta reconquistar votos da ultradireita.

Apesar de seu partido liderar confortavelmente as pesquisas, sua campanha não foi uma navegação tranquila. Um flerte com a ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) três semanas antes da eleição atraiu críticas – e acusações de que ele havia violado o “firewall” dos principais partidos contra a AfD.

Rivalidade com Merkel

Merz nasceu em 1955 em uma família católica conservadora na cidade de Brilon, na Renânia do Norte-Vestfália, na Alemanha central, e se juntou à ala jovem da CDU enquanto ainda estava na escola. Ele entrou para a política em tempo integral em 1989, quando foi eleito para o Parlamento Europeu aos 33 anos.

Depois de servir um mandato como membro do Parlamento Europeu, Merz foi eleito para o Bundestag – o parlamento da Alemanha – e se estabeleceu como um líder em política financeira. Em 2003, ele argumentou que as regras fiscais alemãs deveriam ser simples o suficiente para serem calculadas no verso de um porta-copos de cerveja.

No entanto, a crescente rivalidade com Merkel acabou levando-o a abandonar a política.

Merz, que apelou para a facção mais tradicionalista e de direita da CDU, perdeu para Merkel em uma disputa pela liderança do partido em 2000.

A liderança de Merkel sinalizou uma ruptura com a norma da CDU. Ela foi sua primeira líder mulher, com formação protestante — e não católica — e tendências centristas.

A rivalidade entre os dois se tornou mais evidente em 2002, quando Merz foi afastado da liderança da oposição no Bundestag em favor de Merkel.

No final de 2009, a Merz ingressou totalmente no setor privado. Ele trabalhou como advogado e consultor sênior no escritório de advocacia internacional Mayer Brown, entre outros cargos. Esses empreendimentos o tornaram multimilionário, de acordo com o jornal de negócios alemão Handelsblatt.

Esse histórico pode ter persuadido os eleitores de que Merz é um homem que sabe fazer negócios; uma habilidade desejável para qualquer um que espera consertar a maior economia da Europa, que se contraiu pelo segundo ano consecutivo em 2024.

Volta para a política

Nove anos depois de deixar a política, o anúncio da renúncia de Merkel do cargo mais alto da Alemanha abriu caminho para Merz retornar. Após duas tentativas frustradas de liderança do partido CDU, em 2018 e 2021, ele foi selecionado para liderar em 2022, consolidando seu retorno político.

O desejo de Merz de se distanciar do legado de Merkel é claro. Ele buscou levar a CDU mais para a direita do que era sob Merkel, em parte para tentar impedir que os eleitores se voltassem para a ultradireita, enquanto defendia uma economia mais pró-mercado.

Em uma entrevista à emissora alemã ZDF em 2019, Merz descreveu a liderança “ociosa” de sua antecessora como um “tapete de neblina” sobre o país e disse que vê sua política de refugiados de “portas abertas” durante a crise migratória de 2015 como um erro grave.

Merkel, por sua vez, criticou Merz em uma rara intervenção política em janeiro, depois que ele fez passar um projeto de lei sobre imigração com a ajuda da AfD – agora o principal rival da CDU. O projeto de lei foi finalmente derrotado pelo parlamento alemão.

Em uma entrevista no congresso de seu partido no início de fevereiro, no entanto, Merz reiterou à CNN que trabalhar com a AfD era um fracasso. “Eles são contra… tudo (o que) somos, o que construímos na República Federal da Alemanha. Não há cooperação com este partido”, disse ele.

Sua campanha para a chancelaria se concentrou principalmente em questões básicas, como cortes de impostos, desregulamentação e incentivos ao trabalho.

Merz segue uma linha dura sobre imigração e vê a contenção da imigração irregular para a Alemanha como a tarefa mais urgente se for eleito, de acordo com a revista de notícias alemã Der Spiegel. Ele pediu que requerentes de asilo que chegam de outros estados-membros da União Europeia sejam rejeitados nas fronteiras terrestres da Alemanha.

Merz criticou os benefícios liberais de assistência social e acusou os refugiados ucranianos de “turismo social” – uma frase que ele mais tarde se desculpou por usar. No geral, ele promete cortar gastos com assistência social, dizendo ao The Economist em uma rara entrevista na preparação para a eleição que ele quer evitar “pagar pessoas que não estão dispostas a trabalhar”.

Merz e a CDU apoiam a ajuda militar contínua da Alemanha a Israel em meio à guerra em Gaza, ao mesmo tempo em que defendem uma solução de dois estados como meta de longo prazo. Em um debate televisionado com o chanceler Olaf Scholz no início deste mês, Merz expressou desconforto com a proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, de “tomar” Gaza, ao mesmo tempo em que sugeriu que ainda resta ver “o que realmente significa seriamente”.

Sobre o tópico de enviar ajuda à Ucrânia, Merz defendeu uma abordagem mais prática do que a coalizão liderada pelo SPD que está saindo. Ele apoia a entrega de mísseis de cruzeiro Taurus de longo alcance para Kiev – algo que o governo de Scholz recusou por medo de atrair a Alemanha para o conflito.

“Estamos do lado ucraniano porque o ataque é contra todos nós”, disse ele à CNN.

Merz foi vago quando questionado pelo The Economist sobre a questão dos gastos de defesa da Alemanha, embora tenha reconhecido que eles teriam que aumentar no longo prazo. O Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, reiterou esta semana a demanda de sua administração para que os membros da Otan gastem 5% do PIB em defesa em uma reunião com aliados dos EUA em Bruxelas.

No mês passado, o governo alemão disse que havia cumprido a meta da Otan de gastar 2% do seu PIB em defesa após estabelecer um fundo especial após a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia — mas isso está significativamente aquém da demanda do governo Trump.

Nas horas vagas, Merz é um piloto amador, às vezes pilotando seu próprio avião particular – um hobby caro para um homem que certa vez se descreveu ao tabloide alemão Bild como “classe média alta”.

Da Reuters

Alice Weidel, candidata a chanceler do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), é um rosto público improvável para um partido anti-imigração dominado por homens que se descreve como defensor dos valores familiares tradicionais e das pessoas comuns.

A alemã de 46 anos tem dois filhos com uma mulher nascida no Sri Lanka, uma cineasta, e fala mandarim fluentemente, tendo feito um doutorado em economia na China. Antes de entrar para a política, a alemã trabalhou para o grupo financeiro Goldman Sachs e a empresa de gestão de investimentos Allianz Global Investors como consultora empresarial freelance.

Analistas políticos afirmam que o perfil incomum de Weidel, no entanto, é precisamente o que faz dela uma vantagem para a AfD, emprestando um verniz de respeitabilidade liberal a um partido que autoridades suspeitam ser antidemocrático.

Normalmente vestindo um terno escuro, camisa branca e pérolas, ela parece mais equilibrada e competente em vários tópicos do que alguns de seus colegas, os especialistas dizem. Seus críticos a chamam de oportunista implacável e um “lobo em pele de cordeiro”. Como colíder do AfD, Weidel supervisionou um aumento no apoio ao partido nos últimos anos, beneficiando-se da frustração com a coalizão fragmentada do chanceler Olaf Scholz, cujo colapso resultou na eleição antecipada de 23 de fevereiro.

Pedindo uma diminuição da imigração para a Alemanha e controles rigorosos nas fronteiras, a maior vitória política da AfD em nível federal ocorreu no início deste ano, após uma votação patrocinada pelo líder do partido conservador alemão, aprovada com seus votos — a primeira vez na política alemã em que a maioria dos principais partidos se recusa a trabalhar em conjunto com a AfD.

Weidel e seu partido também receberam apoio fora da Alemanha, entre eles do CEO da Tesla, Elon Musk, que fez um discurso em vídeo em um evento do AfD em janeiro.

Na última sexta-feira, a candidata se reuniu com o vice-presidente americano, JD Vance, durante a Conferência de Segurança de Munique. Eles se encontraram em um quarto de hotel por cerca de 30 minutos e falaram sobre a guerra na Ucrânia e a política interna alemã.

Em um debate poucos dias antes das eleições, Weidel foi a única candidata a defender que a Alemanha deixe de apoiar os ucranianos na guerra contra a ocupação russa, pedindo por uma postura de neutralidade no conflito.

Embora seja improvável que Weidel faça parte de qualquer novo governo formado após as eleições antecipadas, já que todos os principais partidos no parlamento rejeitaram trabalhar em conjunto com o AfD, a sigla está atualmente em segundo lugar nas pesquisas, atrás do partido conservador e à frente dos sociais-democratas e do partido Verde.

Do g1

As urnas da eleição da Alemanha abriram às 4h no horário de Brasília (8h no horário local) neste domingo (23). Os alemães vão escolher, em eleições gerais antecipadas, os representantes do Bundestag, o Parlamento alemão, que definirão o próximo chanceler, chefe de governo do país.

Os cerca de 61 milhões de alemães aptos a votar terão até às 14h em Brasília (18h no horário local) para fazer as suas escolhas. Em linhas gerais, os eleitores escolhem um candidato, mas também votam em um partido. Quanto mais votos a legenda receber, mais cadeiras terá no Bundestag

Com o crescimento da extrema direita, representada pelo partido AfD, especialistas apontam que a formação de uma coalizão governamental será difícil, o que pode ameaçar a estabilidade política do país.

Nos últimos anos, todos os partidos que compõem o Bundestag se recusaram a trabalhar ou formar alianças com a AfD, já que a legenda é investigada por extremismo e acusada de abrigar movimentos neonazistas.

Além disso, a eleição na Alemanha, a maior economia da União Europeia, também pode definir os rumos do bloco e as respostas da Europa a provocações recentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump sobre a Ucrânia e as tarifas.

Como é a eleição na Alemanha

Nas eleições alemãs, o eleitor precisa preencher duas cédulas, conhecidas como Erststimme (primeiro voto) e Zweitstimme (segundo voto).

  • No primeiro voto, o eleitor escolhe um candidato do distrito em que mora para ser eleito deputado.
  • No segundo voto, o eleitor vota em um dos partidos que concorrem às eleições.

Vale ressaltar que o eleitor não é obrigado a votar no mesmo partido nas duas cédulas. Ou seja, é possível escolher um candidato de um partido no primeiro voto e, no segundo, apoiar outra legenda.

Das 630 cadeiras do Bundestag, 299 são ocupadas pelos deputados eleitos diretamente em seus respectivos distritos. As outras 331 são distribuídas proporcionalmente ao número de votos que cada partido recebeu. Ou seja, quanto mais votos um partido obtiver, mais assentos ele terá no Parlamento.

Na distribuição proporcional, os partidos preenchem suas cadeiras com base em uma lista estaduais pré-definidas e registrada junto às autoridades eleitorais antes da votação. Geralmente, essa lista é liderada pelo principal nome do partido, que costuma ser o candidato a chanceler.

Com o Parlamento formado, cada partido irá indicar um nome para a escolha do próximo chanceler e cabe ao presidente alemão escolher um dos candidatos.

Após a escolha do presidente, os parlamentares realizam uma votação interna e secreta para decidir se o nome será aprovado ou não. Se eleito, o chanceler começa a formar o governo.

Do Poder360

O papa Francisco, de 88 anos, teve uma noite tranquila, informou o Vaticano neste domingo (23). O pontífice enfrentou uma crise prolongada de asma e precisou passar por uma transfusão de sangue no sábado (22).

Francisco foi internado no Hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli de Roma (Itália) em 14 de fevereiro para tratar uma bronquite. Foi diagnosticado com pneumonia bilateral. No sábado (22), os exames realizados mostraram plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) associada à anemia, o que levou à necessidade da transfusão.

Eis o boletim divulgado na manhã deste domingo (23):

Segundo o Vaticano, o papa não fará neste domingo (23) a tradicional oração do Angelus na Praça de São Pedro pela segunda semana consecutiva. Assim como no último domingo, o texto será publicado on-line.

Renúncia descartada

Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, publicada no sábado (22), o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, descartou uma possível renúncia do papa Francisco. Ele afirmou que “especulações são inúteis” e que a principal preocupação neste momento é a recuperação do pontífice.

“Nosso foco é na saúde do Santo Padre, em sua recuperação e no retorno ao Vaticano. O restante são apenas rumores”, afirmou Parolin.

O estado de saúde de Francisco preocupa o Vaticano, já que as atividades exigem fisicamente do papa. Desde que assumiu o cargo em 2013, Francisco foi internado cinco vezes.