Um dos pontos mais sensíveis será a atenção com as convocações. O governo afirma que, dos 32 integrantes da comissão, conta com 16 ou 17, o que garante no máximo uma maioria estreita e deixa o Planalto sob risco de novo revés.
O governo vai agir para evitar a exposição de Frei Chico, irmão do presidente Lula. Parlamentares bolsonaristas pressionam pela convocação dele, que tem ligação com o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), citado em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre possíveis fraudes. Frei Chico não é investigado, e o sindicato nega irregularidades.
— A oposição quer convocar o Frei Chico só por mera agitação e com a intenção de prejudicar o presidente Lula — afirma o deputado federal Rogério Côrrea (PT-MG), suplente da comissão.
Tropa de choque
No Planalto, auxiliares do presidente afirmam que, a partir de agora, o governo precisa ter uma tropa de choque atenta a um novo bote da oposição. Na quarta-feira, o colegiado elegeu opositores de Lula para a presidência e a relatoria da comissão, os dois postos mais importantes. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) derrotou o senador Omar Aziz (PSD-AM), que era considerado favorito e contava com o apoio de Lula e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A relatoria será do deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o que também foi uma derrota para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que defendia a escolha do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO). O governo tenta agora ao menos ficar com a vice-presidência.
Dentro desse novo plano, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, é um dos nomes que vêm sendo defendidos por governistas para comparecer à comissão. A ideia é que ele vá ao colegiado fazer a defesa da reação do governo desde que o escândalo veio à tona: interrupção dos pagamentos fraudulentos, mudanças no sistema do INSS para evitar novas fraudes e o pagamento de R$ 1 bilhão a 1,6 milhão de aposentados e pensionistas que tiveram descontos indevidos.
Por outro lado, a base planeja propor a convocação de ex-integrantes do governo Bolsonaro, como José Carlos Oliveira — que presidiu o INSS entre 2021 e 2022 — e Onyx Lorenzoni, ex-ministro do Trabalho e Previdência, além do senador Rogério Marinho (PL-RN), que foi secretário de Previdência de 2019 a 2020. Petistas também já apresentaram requerimento para ouvir o ex-presidente, com a justificativa de que ele foi alertado, ainda na transição de seu governo, sobre a fraude do INSS.
Coordenador da frente governista, Pimenta argumenta que a investigação deve priorizar a ordem cronológica da fraude. Para o parlamentar, uma das estratégias é adotar a linha do tempo do esquema, mostrando quando começou, em que momento “ganhou escala industrial” e como chegou à gestão petista, com o mote de que Lula acabou com o esquema.
— Queremos recuperar todas as medidas que foram adotadas no sentido de facilitar que essas entidades pudessem se credenciar e obter adesão junto ao INSS e entender quais mudanças foram feitas para flexibilizar os repasses e dificultar a fiscalização. E, dentro disso, identificar as figuras políticas da história, em cuja gestão aconteceu e quem era ministro — detalha Pimenta.
Outra hipótese em avaliação é trocar alguns suplentes indicados pelos partidos por parlamentares mais fiéis ao governo e que não se ausentem das sessões das comissões. Parlamentares do MDB faltaram à sessão de instalação da CPI, ao mesmo tempo que líderes criticaram a falta de contato do Planalto para mobilizá-los. Reservadamente, parlamentares da base avaliam que o governo deixou a criação da comissão “correr solta” e subestimou a articulação da oposição.
Reação à derrota
Após a derrota, Gleisi chamou os líderes da base para uma reunião no Palácio do Planalto. O começo da reação passou a ser delineado nessa conversa. A ministra reconheceu erros de articulação e pediu foco para segurar a oposição. Ela reforçou que a maioria que o governo tem na comissão precisa ser efetiva para assumir a pauta da CPI e evitar que a oposição desgaste a gestão petista. Após o encontro, líderes se queixaram de “desorganização” do Planalto.
Também titular da CPI, o senador Izalci Lucas (PL-DF), da oposição, já tem mais de 320 solicitações de requerimentos apresentados com pedidos de informação:
— Não tem que ser Lula contra Bolsonaro, mas é claro que haverá xiitas querendo jogar a culpa um no outro. Queremos apurar a verdade.
Táticas para atuação no colegiado
Linha do tempo
Petistas planejam fazer uma linha do tempo para associar as fraudes do INSS não ao governo Lula, mas à gestão de Jair Bolsonaro. Eles já apresentaram requerimento para ouvir o ex-presidente, com a justificativa de que ele foi alertado, ainda na transição de seu governo, sobre os descontos indevidos de aposentados.
Requerimento
O Planalto também vai redobrar a atenção com os requerimentos para impedir, por exemplo, que um dos irmãos de Lula, o Frei Chico, vire alvo. Bolsonaristas pressionam pela convocação dele, que tem ligação com um dos sindicatos citados no esquema. Frei Chico, contudo, não é investigado. A entidade nega irregularidades.
Ações do governo
A ideia é que o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, vá ao colegiado fazer a defesa da reação do governo, como a interrupção dos pagamentos fraudulentos, mudanças no sistema do INSS para evitar novas fraudes e o pagamento de R$ 1 bilhão a 1,6 milhão de aposentados e pensionistas afetados.
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