O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), cuja vice-presidência é ocupada por Frei Chico, irmão de Lula, recorreu a “artifícios para burla da identificação da origem, do destino, dos responsáveis ou dos destinatários finais” do dinheiro movimentado, aponta relatório que mira fraudes no INSS.
A informação consta em documento produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Banco Central. No levantamento obtido pela coluna, o órgão aponta práticas que comprometeram o monitoramento das transações, como a atualização cadastral de uma cooperada que passou a declarar faturamento mensal de R$ 105 milhões — valor que, segundo o Coaf, “corresponde ao faturamento anual do período, gerando falso positivo na análise da capacidade financeira mensal”. As informações são do Metrópoles.
Leia maisO mapeamento também indicou “depósitos em espécie relevantes em contas de servidores públicos”, “movimentações atípicas de recursos por agentes públicos”, “movimentação de valores incompatíveis com o faturamento mensal das pessoas jurídicas”, “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio”, e “existência de conta de depósitos à vista cujos saldos ou movimentações financeiras não apresentem fundamentação econômica ou legal”.
Foram identificadas ainda operações em espécie que somaram cerca de R$ 6,5 milhões nos últimos seis anos. Entre saques e depósitos, essas transações foram classificadas como “complexas, dada a dificuldade de rastreamento da origem primária dos recursos e da identificação dos beneficiários finais”.
Ao elencar os artifícios usados pelo Sindnapi para burlar o rastreio dos valores, o Coaf se baseou em normativas do Banco Central. O órgão levou em consideração a habitualidade, o valor e a forma das transações.
Nessa quinta-feira (9/10), a CPMI do INSS ouvirá representantes do sindicato. Frei Chico não comparecerá, pois sua convocação ainda não foi apreciada pelo colegiado.
Sindicato movimentou R$ 1,2 bilhão
Entre janeiro de 2019 e junho de 2025, o Sindnapi movimentou R$ 586,45 milhões a crédito e R$ 614 milhões a débito, somando R$ 1,2 bilhão, como mostrou o Metrópoles na coluna de Tácio Lorran.
O relatório do Coaf detalha 4.377 transferências entre contas e PIX, totalizando R$ 18 milhões, além de 1.171 depósitos em dinheiro, de R$ 0,01 a R$ 618 mil, somando R$ 2,775 milhões. Foram registradas ainda 1.152 TEDs, totalizando R$ 553 milhões. Segundo o Coaf, “a quantidade de transações inviabiliza a rastreabilidade de todos os remetentes”.
Entre os valores consolidados, destacam-se pagamentos a pessoas físicas como Janice Batista dos Santos — R$ 312 mil; Francisco Luiz dos Santos — R$ 324 mil; Guilherme Costa de Albuquerque — R$ 322 mil . Também houve transferências para empresas e instituições, como BMG Corretora de Seguros — R$ 15 milhões — e Fundo do Regime Geral de Previdência Social — R$ 436 milhões. O sindicato aparece ainda com movimentações consolidadas de R$ 35 milhões em determinados registros.
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