Por Luís Costa Pinto
Do ICL Notícias
“Quem escolheu Nelson Souza para presidir o BRB, hoje de manhã, foi o Ciro Nogueira. A Celina Leão pediu a ele um nome com quem ela tivesse diálogo, e ele trouxe o Nelson Souza. O governador nomeou sem pestanejar”. A afirmação foi feita ao ICL Notícias no início da tarde de ontem (19) por um secretário do governo do Distrito Federal. A equipe política mais próxima de Ibaneis Rocha (MDB), governador de Brasília, diz que o chefe está “atordoado” com a repercussão e o furacão de fatos do caso BRB/Master e sente que a vice-governadora, Celina Leão, filiada ao PP presidido pelo senador Ciro Nogueira, ocupa o vácuo de poder que se abriu nos corredores apertados e maltratados do Palácio do Buriti, a sede do GDF.
Nelson Souza, funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, presidiu o segundo maior banco federal entre 2018 e 2019, no período em que Michel Temer ocupou a presidência da República, indicado pelo mesmo Ciro Nogueira (PP-PI). Naquela época Nogueira também exercia o mandato de senador, tinha indicado Souza para a presidência do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) como um dos prêmios políticos aos quais fez jus por ter tirado seu partido (o PP) da base de Dilma Rousseff colocando-o na linha de frente do impeachment sem crime de responsabilidade.
Leia maisPara preservar seu quinhão de poder na equipe montada por Temer, o senador piauiense escalou o novo indicado para presidir o Banco Regional de Brasília para a vaga de Gilberto Occhi. Em 2018, Occhi deixou a Caixa para assumir o Ministério da Saúde, também latifúndio de poder e de negócios designado por Michel Temer aos partidários de Ciro Nogueira. Até ser chamado para se enroscar no novelo de fatos investigados pela PF e pelo MP na relação do BRB com o Master, Nelson Souza ocupava uma das vice-presidências do Cartão Elo.
Ciro Nogueira também indicou presidente afastado do BRB
Celso Elói, indicado na manhã da última terça-feira (18), para substituir Paulo Henrique Costa na presidência do BRB no calor das buscas e apreensões do Ministério Público e da Polícia Federal na sede da instituição financeira estatal do DF, não passou pelo crivo da vice-governadora. Celina Leão vai assumir o GDF em abril de 2026 a fim de disputar a reeleição sentada na cadeira de governadora. Ibaneis se desincompatibilizará do cargo para disputar o Senado.
Paulo Henrique Costa, que também tinha assumido o BRB por indicação de Ciro Nogueira, tinha péssimo relacionamento com Celina. Ele criou uma estrutura operacional própria no BRB, lubrificada por interesses personalíssimos, até fazia concessões a pedidos de Ibaneis Rocha, mas sempre impôs dificuldades para atender a pedidos políticos da vice. Como Elói havia sido escolha pessoal de Rocha e Celina Leão não tinha relação alguma com ele, a vice-governadora bateu o pé e exigiu: ela indicaria o futuro presidente do BRB, uma vez que herdará o imenso mico que hoje é o Banco Regional de Brasília, depois que foram expostas as relações figadais da instituição com o quebrado Banco Master, ora em processo de liquidação extrajudicial pelo Banco Central.
CADE liberou compra do Master pelo BRB
Celina Leão tem lealdade imensurável a Ciro Nogueira, presidente de seu partido, e a Arthur Lira (PP-AL), a quem prestou muitos serviços enquanto foi deputada na Câmara e a quem deve a designação para muitas relatorias recebidas em seus dois mandatos federais. Ela foi buscar o auxílio de Nogueira para a definição do nome que estará à frente do BRB no curso do processo de federalização do Banco Regional de Brasília – porque é esse o futuro que os técnicos do Banco Central querem para a instituição que se prestou a ser usada pelo Master de Vorcaro e do sócio dele, Augusto Lima – em razão da pesada influência que o senador piauiense ainda conserva em algumas agências centrais do poder em Brasília.
Foi Nogueira, por exemplo, quem indicou o atual presidente do CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico), Alexandre Barreto de Souza. De acordo com informações levantadas pelo jornalista Fábio Pannunzio, Ciro Nogueira também relatou (favoravelmente e com elogios) a indicação de Barreto de Souza no Senado, no período de Temer. Em 17 de junho de 2025, Alexandre Barreto de Souza assinou decisão do CADE que liberou a compra do Master pelo BRB quando os dois bancos já eram investigados pela área técnica do BC.
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