Por Claudemir Gomes*
O vereador Romerinho Jatobá (PSB) tem dado alguns gritos de alerta sobre a imperiosa necessidade de se buscar um antídoto para salvar o futebol pernambucano. Aos poucos, sua verbalização, que tem como alvo principal o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, vai encontrando eco no Estado, levando todos a vislumbrarem dias melhores para um futebol que caiu em desgraça na última década.
Evandro ocupa a presidência da FPF desde agosto de 2011, quando aconteceu a morte súbita do então presidente, Carlos Alberto Oliveira. Seu atual mandato se encerra no próximo ano, quando estará completando 15 anos no comando do futebol pernambucano — período no qual houve uma incontestável desidratação da entidade e de seus filiados. Como o estatuto não permite mais uma reeleição, o burgomestre se aposentará sem deixar saudades, mas dispõe de meios para fazer o seu sucessor.
Leia maisO modelo eleitoral em vigor no futebol brasileiro é imoral, antidemocrático e draconiano, fato que explica a longevidade de alguns mandatários no comando das entidades. Sempre foi assim, e assim será. A história registra alguns pontos fora da curva, como foi a eleição ganha por Fred Oliveira em 1985.
No final dos anos 70, quando repórter esportivo do Diário de Pernambuco, fui escalado pelo nosso editor, Adonias de Moura, para fazer uma matéria com João Caixero de Vasconcelos, grande mentor do colegiado que administrou o Santa Cruz por um período de dez anos. Caixero era um crítico contumaz do presidente da FPF, Rubem Moreira. Após fazer uma exposição de fatos, ele me revelou um pouco da sabedoria de Rubão:
“O futebol pernambucano é sustentado por três pilares: Santa Cruz, Sport e Náutico. Rubem Moreira nunca briga com os três de uma só vez. Ele sempre traz um ou dois clubes como seu aliado, pois, quando ele tiver os três grandes clubes do Recife do outro lado, perderá a legitimidade”, argumentou João Caixero.
Sabemos que os votos das ligas do interior asseguram a vitória de um candidato numa eleição para presidente da FPF. É o voto do clientelismo, com a marca registrada do favor. Mas, se os três grandes clubes — Sport, Náutico e Santa Cruz —, donos das maiores torcidas do Estado, não votarem a favor, o presidente não terá legitimidade. Simples assim, como nos ensinou Caixero.
Na última eleição para escolher o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Alexandre Moreira — Mirinda — se candidatou para bater chapa com Evandro. Do seu trono, o presidente sabia que tinha a vitória nas mãos, e os inúmeros erros cometidos pelo opositor facilitaram sua marcha triunfal.
Conheço Romerinho desde a época em que ele usava calça curta e dava seus primeiros passos como amante do Santa Cruz. Cresceu dentro das Repúblicas Independentes do Arruda, onde experimentou o doce e o amargo que são servidos nos banquetes do futebol. Por indicação do saudoso governador Eduardo Campos, ingressou na política como promessa e se transformou numa grata surpresa. Ao colocar em prática um jeito novo de exercer o mandato de vereador, revelou uma força de trabalho que lhe rendeu a conquista de liderança entre os seus pares e a credibilidade das comunidades que lhe sufragaram mais de vinte mil votos.
O brado de Romerinho é a tradução de uma insatisfação coletiva, e não apenas um protesto individual de um torcedor. De uma entidade cheia de vida, povoada, onde se discutia e buscava soluções para os problemas do futebol pernambucano, a FPF, no seu luxuoso prédio da Rua Dom Bosco, foi transformada num cartório frio, quase desabitado, assombrada pelos zumbidos emitidos por fantasmas da inteligência artificial. Futebol não se faz em home office.
O desportista Romerinho Jatobá ressaltou a necessidade de se criar um grupo para buscar uma saída para o caos.
Torço para que encontrem.

















