O empresário e deputado federal Luciano Bivar (União Brasil-PE), fundador do Partido Social Liberal (PSL) e ex-presidente do União Brasil, lançou, neste mês, o livro “Democracia acima de tudo”, onde relata sua aliança e seu rompimento com o ex-presidente Jair Bolsonaro e faz denúncias severas sobre traições internas e um grande esquema de corrupção que envolve figuras de destaque no partido.
As alegações de Bivar ganham ainda mais relevância à luz da recente ação da Polícia Federal (PF) contra o empresário José Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, apontando para um mega esquema de corrupção que pode implodir o próprio União Brasil. As informações são do portal Brasil247.
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No último capítulo, intitulado “A traição aos ideais partidários ainda é um dos males de nossa cultura”, Bivar deixa claro que foi traído por Antônio Rueda, atual presidente do União Brasil, e expõe a desilusão com a liderança do partido após a fusão do PSL com o Democratas, que resultou na criação do União Brasil.
“Presidi eu o maior partido independente do Congresso Nacional, com nossas linhas próprias nos campos econômico, social e moral. Mal sabia eu que a metástase tirânica estaria incrustada em nosso próprio partido, através do fisiologismo obscuro e deplorável – o pior de todos os males, porque corrompe e distorce a verdade. Isso atinge, permeia pessoas: indivíduos que coordenam e dirigem instituições, inclusive as político-partidárias, confundem as ideias, enganam os incautos e professam o caos”, escreveu.
Bivar detalha como Antônio Rueda, seu ex-braço-direito, assumiu o comando do União Brasil após um golpe interno que teria sido orquestrado por figuras como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o senador Davi Alcolumbre, cotado para presidir o Senado, e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, – todos possíveis alvos de uma delação premiada do “rei do lixo”.
Segundo Bivar, esses líderes formaram uma aliança para destituí-lo do cargo. Um dos objetivos seria extorquir o orçamento público por meio do esquema das emendas parlamentares que agora está vindo a público. “A Câmara dos Deputados, através do seu presidente, defende a Casa como instituição, enquanto o grupelho se junta por mero oportunismo, objetivando extorquir o orçamento público”, aponta Bivar.
No livro, ele também lamenta não ter sido capaz de frear a traição de Rueda, cujo nome não é citado por Bivar na obra. “Diante de tudo isso, penitencio-me pela miopia de ter rechaçado as denúncias de pessoas amigas e os fatos que, durante tantos anos, acusavam-no de ser um alpinista social, despido de qualquer valor moral. O que é pior: eu insistia em não acreditar”, escreve. “Com a traição dentro de um partido que nós todos criamos, que a ressonância desta reflexão chegue a tempo àqueles que detêm o discernimento e a coragem de enfrentar a hiena interesseira e fisiológica”.
Ontem, no Brasil 247, o jornalista Joaquim de Carvalho destacou algumas declarações de Bivar, que falou diretamente de Miami, na Flórida, onde passa férias com a família. “Essa milícia do Rio de Janeiro é trombadinha perto do que políticos da cúpula do partido fazem”, afirmou. “Acho que não houve um esquema de corrupção tão grande quanto este do União Brasil”.
A Operação Overclean da Polícia Federal investiga contratos de recolhimento de lixo em estados como Amapá, Bahia, Tocantins, Rio de Janeiro e Goiás, que estão envolvidos em superfaturamentos e práticas criminosas. No relatório da PF, o Estado de Amapá, de Davi Alcolumbre, é mencionado dez vezes no contexto de contratos suspeitos, assim como Bahia e Goiás, estados de ACM Neto e Ronaldo Caiado. A publicação de “Democracia acima de tudo” ocorre em um momento crítico para o cenário político brasileiro, onde as denúncias de Bivar e as ações da PF podem ter consequências significativas para o futuro do União Brasil e suas próximas etapas eleitorais. Uma das possibilidades é uma delação premiada do “rei do lixo”, que poderia praticamente implodir o partido.
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