Onze meses após a última inspeção, fiscais do Conselho retornaram ao Hospital Regional do Agreste e identificaram superlotação, pacientes internados em macas espalhadas pelos corredores, falta de insumos e sobrecarga de trabalho para as equipes de enfermagem.
O cenário é de calamidade e preocupa pela ausência de solução. Onze meses após uma megaoperação no Hospital Regional do Agreste (HRA), em Caruaru, fiscais do Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) retornaram à unidade, ontem, e constataram um panorama semelhante, colocando em risco a vida de dezenas de pacientes. Entre os principais problemas observados estão: superlotação na emergência; pacientes em macas pelos corredores, muitos deles idosos; além da falta de insumos e medicamentos, situação que compromete o serviço prestado pelas equipes de enfermagem.
Leia maisA emergência da unidade dispõe de 55 leitos. Entretanto, durante a inspeção, os fiscais contabilizaram 106 pacientes internados. Destes, 45 estavam em macas baixas nos corredores. “Identificamos que na emergência a superlotação é um desafio constante. Encontramos dezenas de pacientes, especialmente idosos, internados nos corredores, distantes dos postos de enfermagem e alguns sem identificação adequada, o que pode induzir a equipe a possíveis erros na prescrição e administração de medicamentos. Além disso, flagramos procedimentos de enfermagem sendo realizados ali mesmo nos corredores. É um cenário de total desrespeito à vida, tanto dos profissionais quanto dos pacientes”, ressalta a enfermeira-fiscal do Coren-PE, Drª Luana Andrade.

Ainda segundo ela, a unidade passa por reformas, expondo todos (pacientes, familiares e profissionais) ao risco e à insegurança. “Outro problema é a falta de insumos básicos, como cateteres, luvas e máscaras, além de medicamentos. Isso dificulta ainda mais o trabalho da equipe de enfermagem, que não consegue oferecer assistência adequada. Observamos equipes exaustas, profissionais preocupados, sobrecarregados e angustiados por não conseguirem desempenhar seu trabalho com qualidade”, alerta.
Cenário que se repete
Em setembro do ano passado, o Departamento de Fiscalização do Coren-PE realizou uma inspeção no HRA que revelou graves irregularidades, especialmente no setor de emergência. Na ocasião, foram identificados pacientes em macas nos corredores, incluindo idosos aguardando leitos há mais de dois dias, muitos deles sem identificação adequada, aumentando o risco de falhas no cuidado.
Outros problemas constatados incluíam superlotação nas alas verde e vermelha, com ocupação além da capacidade, ausência de medicamentos essenciais, lixo infectante no chão, limpeza precária e estrutura física inadequada. Na época, o Coren-PE notificou imediatamente a direção da unidade para a elaboração de um planejamento de enfermagem e encaminhou relatório aos órgãos competentes, como Vigilância Sanitária e Ministério Público.
Após a fiscalização desta quarta-feira (27), “o Coren-PE notificou a instituição para reavaliar o dimensionamento da equipe de enfermagem, deixou recomendações para a melhoria da organização dos fluxos nos corredores e está produzindo relatório que será apresentado ao Ministério Público durante audiência com o Hospital Regional do Agreste, prevista para a próxima semana”, adianta Drª Luana Andrade.
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