Por Antônio Campos*
O Brasil está redesenhando sua estratégia logística com foco no mercado asiático, em especial a China. A chamada Rota Amazônica, que promete ligar Manaus a portos no Pacífico – como o de Chancay, no Peru – por meio de hidrovias e rodovias, abre novas possibilidades de integração continental e deve reduzir significativamente o tempo de transporte. Paralelamente, um projeto ferroviário ambicioso prevê a ligação de Ilhéus, na Bahia, ao mesmo porto de Chancay, em um traçado de aproximadamente 3 mil quilômetros, passando por estados como Maranhão, Tocantins e Piauí.
Essas iniciativas demonstram que o Brasil está voltando suas rotas de exportação para o Pacífico e, consequentemente, para a China. Trata-se de uma decisão estratégica, com potencial para transformar a competitividade da produção do Centro-Oeste e de parte do Nordeste. No entanto, surge um alerta: Pernambuco corre o risco de ficar ainda mais isolado desse novo cenário.
Leia maisSe a Transnordestina – obra prometida há décadas e ainda inconclusa – não for efetivamente conectada à Ferrovia Norte-Sul, o estado permanecerá à margem desse corredor internacional. A ausência dessa ligação condenaria Pernambuco a ficar fora das principais rotas de exportação, mesmo dispondo de um porto moderno e estratégico como Suape.
Ante o pouco esforço político das forças de Pernambuco, fiz um pedido hoje de tutela de urgência, na ação popular que movo sobre a Transnordestina, trecho Salgueiro/Suape, pedindo informações urgentes sobre a atual situação da Transnordestina e dos estudos do traçado, para que constem oficialmente nos autos da ação popular, cujo valor é 3,8 bilhões.
Em outras palavras, enquanto o Brasil acelera sua integração com a China pela rota do Pacífico, Pernambuco e parte do Nordeste podem assistir de fora. Cabe ao governo federal, portanto, redesenhar a Transnordestina e assegurar sua integração. Sem isso, mais uma vez, o Nordeste será excluído de um projeto que deveria ter caráter nacional e equilibrado.
*Escritor e advogado
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