A Escola de Sargentos de Armas (ESA) que o Exército Brasileiro quer construir em uma Área de Proteção Ambiental em Aldeia, no município de Abreu e Lima, pode ser feita sem que sejam derrubadas mais de 2 milhões de m² de árvores nativas da Mata Atlântica. É o que alerta o presidente do Fórum Socioambiental de Aldeia, Herbert Tejo. A intenção do Exército é construir a ESA dentro do Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC), que beira a PE-027, ou Estrada de Aldeia.
“Da maneira como está proposta, a ESA vai devastar uma área de 2 milhões de metros quadrados de floresta madura em um bioma considerado hotspot mundial, ou seja, uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do planeta, exatamente em Pernambuco onde se estima um remanescente de apenas 6% da floresta original”, explica Tejo. Ele acrescenta que existe uma área dentro do próprio CIMNC, já desmatada, que poderia abrigar o projeto sem maiores danos ao meio ambiente.
Leia maisO Exército anunciou um redesenho do projeto original em uma reunião em Brasília (DF), realizada em 14 de março passado. A reunião foi convocada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para apresentação do projeto à bancada federal de Pernambuco. O projeto, que anteriormente estava orçado em R$ 1 bilhão, agora, segundo o Exército, custará cerca de R$ 1,8 bilhão.

Na esfera ambiental, segundo o Fórum Socioambiental de Aldeia, o projeto redesenhado aumentará o desmatamento da Mata Atlântica de 149 hectares para 189 hectares, ou seja, aproximadamente 2 milhões de m². A área que será desmatada fica localizada na Unidade de Conservação APA Aldeia-Beberibe, estabelecida por decreto estadual para proteção do bioma no estado. Para “minimizar os danos”, o Exército prevê, como forma de compensação ambiental, a necessidade de replantio em torno de meio milhão de mudas de árvores nativas.
Segundo Tejo, uma compensação ambiental para o replantio de meio milhão de mudas nativas de Mata Atlântica em Aldeia soa como uma ficção. “Justificar o gigantesco desmatamento de uma floresta estabelecida com uma promessa de replantio da floresta não parece razoável, pois, além do custo altíssimo, que posso estimar em algo entre 15 a 20% do valor da obra, teríamos que esperar uns 80 anos para uma restauração no padrão da floresta atual, e sem qualquer garantia de sucesso”, aponta.
O Fórum Socioambiental de Aldeia, enfatiza Herbert Tejo, não se opõe à construção da ESA, mas defende e aponta que existe uma alternativa de localização dentro do próprio CIMNC, o que respeitaria uma exigência imposta pelo Exército, que é a “dominialidade do terreno” onde será instalada a Escola. Ele diz que é uma área já desmatada que fica dentro do CIMNC, com 200 hectares, a qual podem ser acrescentados ainda mais 100 hectares de área onde há apenas vegetação jovem. “Dessa forma, o projeto poderá ser implantado com impacto ambiental extremamente minimizado e com desmatamento quase zero”, aponta Herbert Tejo.
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