Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
Estava marcada para esta quarta-feira (19) a filiação de Luiz Eduardo Estevão Lira ao Progressistas (PP). Luiz Eduardo é neto do ex-senador Luiz Estevão, primeiro senador da República com mandato cassado pelas acusações de corrupção na construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. Foi preso também por isso. É neto também do ex-senador paraibano Raimundo Lira.
Luiz Eduardo vai presidir a ala jovem do PP e é aposta também para se eleger deputado distrital. Ou era. O rolo envolvendo os negócios do Banco Regional de Brasília (BRB) com o Banco Master levou à suspensão do ato de filiação. Enquanto aguarda os desdobramentos do escândalo, o governador Ibaneis Rocha (MDB) adiou todos os passos.
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A filiação de Luiz Eduardo ao PP selaria a aproximação política de Luiz Estevão, hoje empresário, com Ibaneis. O projeto do governador é se eleger senador e eleger a vice-governadora Celina Leão como governadora, numa aliança, portanto, entre o MDB e o PP.
O problema agora é que o rolo envolvendo o BRB e o Master não envolve somente Ibaneis. Esbarra também no Progressistas. As investigações apontam indícios fortes de participação do presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI) nas transações.
Hoje, Ciro Nogueira completa 56 anos. E está prevista uma grande festa no Terraço Itália, o restaurante de alta gastronomia que fica no 41o andar de um edifício na Avenida Ipiranga, em São Paulo. A festa não está desmarcada, como a filiação de Luiz Eduardo Estevão Lira. Mas certamente ficará empanada pelas denúncias e pela preocupação com seus desdobramentos. Nos bastidores do Palácio do Buriti, duas preocupações eram alvo de comentários: o aparecimento de novas denúncias e a possibilidade de o Banco Central decretar uma intervenção no BRB. O rolo soma-se a preocupações políticas que já havia.
Na quarta-feira, o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) começou a colher assinaturas para a instalação de uma CPI para investigar o BRB/Master. “A instauração (…) se faz urgente (…) para apurar (…) um dos maiores (…) esquemas de fraude financeira (…) do país”.
“Diante da profundidade das irregularidades, da extensão territorial das operações (…), a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito do Banco Master é uma medida de transparência e de defesa do interesse público que se impõe de forma urgente”, completa Rollemberg.
Na noite de terça-feira (18), uma decisão da 10a Vara Federal de Brasília suspendeu decisão anterior que determinava o bloqueio de R$ 12,2 bilhões das contas e bens do próprio BRB. A decisão repassou o bloqueio somente para os dirigentes do banco responsáveis.
No caso, especialmente, o ex-presidente afastado por 60 dias do cargo Paulo Henrique Costa. A mudança no posicionamento gerou um alívio para o banco e para o GDF e deve ter levado em conta a situação de correntistas e a solvência da instituição.
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