A Gazeta do Povo questionou o senador, que pertence ao União Brasil, sobre como garantir a transparência das nomeações feitas, pelo partido, de sete presidentes de Detrans, para garantir que não haja conflitos de interesses ou favorecimentos políticos.
Moro respondeu que tem “zero cargos no governo federal de Lula e em qualquer outro governo”, como o do estado do Paraná, do governador Ratinho Junior (PSD). “Não trabalho com essa com essa questão de patrimonialismo, de loteamento, também não vejo nenhum problema em eventualmente poder indicar ou sugerir bons nomes”, afirmou.
O senador afirmou que fez indicações técnicas quando era ministro da Justiça, no governo de Jair Bolsonaro, e que é o único que chefiou a pasta e é ameaçado pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
“Em 2019, a gente teve uma queda expressiva dos indicadores criminais no país inteiro. O crime organizado se sentia na defensiva”, disse Moro. “Não vejo essa ameaça contra o Dino, não vejo essa ameaça contra o Lewandowski, porque, para falar sinceramente, eles não incomodaram. A gente incomodou”, adicionou.
O controle do crime organizado no Brasil é o mais amplo entre 18 países na América Latina, incluindo alguns bastante conhecidos pela violência armada dos grupos criminosos, como México e El Salvador.
Ao comentar a ação penal em que é réu por suposta calúnia ao ministro Gilmar Mendes (STF), o senador Sergio Moro (União-PR) afirmou que o caso é uma armação de apoiadores do governo Lula e classificou o processo como absurdo.
Questionado sobre o risco de ficar inelegível, Moro afirmou que considera essa hipótese muito improvável e voltou a dizer que a ação não tem base jurídica. Para ele, o processo tem motivação política e busca desgastar seu mandato.
Ele afirmou que confia em um julgamento técnico e criticou a origem da denúncia. “É tão absurda a ação penal que eu não posso levar a sério. Vamos esperar que o Supremo julgue conforme a lei, conforme os fatos e conforme a prova. A origem disso são perfis vinculados à esquerda que divulgaram aquele vídeo. Eu não tinha interesse em divulgar e nem em gravar, porque afinal de contas é absurdo.”
O senador acrescentou que suas críticas ao Supremo são sempre feitas “de forma respeitosa e com base em fatos”, embora discorde de decisões recentes da Corte, como a descriminalização das drogas e as penas aplicadas aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Moro atribui escândalo do INSS ao governo Lula e diz que caso se equivale ao Petrolão
Durante a entrevista, o senador Sergio Moro (União-PR) foi questionado sobre as acusações feitas na CPMI do INSS, segundo as quais teria conhecido o esquema de fraudes quando era ministro e não tomado providências. Ele negou omissão e disse que o escândalo é responsabilidade do governo Lula.
O senador afirmou que está na CPMI para investigar os fatos a fundo e levar os responsáveis à Justiça. Segundo ele, “o governo do PT colocou uma quadrilha no comando do INSS em 2023”. Moro citou os nomes de dirigentes nomeados por Lula que, de acordo com ele, teriam recebido milhões de reais em propina.
Ele também lembrou que, em 2019, quando era ministro da Justiça, tomou medidas para coibir abusos contra aposentados e pensionistas. Disse que, na época, o tema foi levado ao ministério como um caso de defesa do consumidor, e não criminal. Segundo ele, em 1º de agosto de 2019 foram descredenciadas associações envolvidas nas principais reclamações, enquanto o governo atual ficou dois anos sem agir.
“Temos governo Lula tentando erguer uma cortina de fumaça para esconder suas responsabilidades, mas esse escândalo do roubo dos aposentados e pensionistas do INSS, que é um roubo que se equivale ao Petrolão em números, está no colo do governo Lula”, concluiu.
Perguntado se não gostaria de se candidatar à presidência em 2026, e sobre como se posicionaria em relação ao bolsonarismo, Moro respondeu que prioriza o governo do Paraná.
“A minha prioridade em 2026 vai ser proteger o meu estado do Paraná, quero preservar o meu estado dessa loucura de Brasília. Se o Lula for reeleito, ele vai querer espalhar ainda mais essa loucura de Brasília pros outros estados. E eu não posso correr o risco de ter o meu estado governado por alguém que seja do PT, aliado do PT, ou, que se diz contra o PT, mas está disfarçado”, afirmou Moro.
“A gente quer retomar a agenda anticorrupção. Se Brasília abandonou, nós vamos mostrar que o Paraná pode ser diferente, mas precisamos fazer a nossa lição de casa, porque também temos nossos problemas. Por exemplo, dois deputados estaduais que confessaram ter recebido suborno fizeram aquele acordo de não persecução penal e continuam nos seus mandatos. A meu ver, isso é um absurdo completo e não pode acontecer”, disse.
Em relação aos presidenciáveis, Moro citou o governador de Goiás e correligionário, Ronaldo Caiado (União), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD).
Em relação a Jair Bolsonaro, o senador afirmou que “é uma liderança importantíssima do campo da direita”, mas que “está difícil” devido a inelegibilidade. “O que tenho defendido é que precisamos ter sim uma união da direita e da centro direita para fazer frente ao Lula. Se formos entrar numa lógica autofágica, não vamos chegar a lugar nenhum”, concluiu.
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