A partir da colaboração da deputada estadual Gleide Ângelo (PSB), o candidato da Frente Popular à Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PT), apresentou, nesta quarta-feira (28), propostas do plano de governo voltadas à prevenção e ao combate à violência de gênero na segunda maior cidade de Pernambuco. “Esse é um debate urgente e que precisa contar com o engajamento de toda a sociedade, principalmente diante do atual cenário”, disse Elias ao citar dados oficiais da Secretaria de Defesa Social (SDS) que apontam o município como segundo mais violento do estado.
Responsável pela criação do Centro Maristela Just, espaço que oferece apoio jurídico e psicossocial a mulheres vítimas de violência, Elias defendeu a descentralização do atendimento, com a presença de equipes multidisciplinares nas sete regionais da cidade, bem como uma parceria com a SDS na capacitação de profissionais do setor de segurança pública, principalmente os que atuam nas Delegacias da Mulher.
“Outro ponto de destaque é a proposta que prevê a implementação de campanhas educativas permanentes de combate à violência de gênero, doméstica, política e étnico-racial, com ênfase nas leis de proteção à vida, tanto no meio urbano quanto nas áreas rurais do município”, pontuou Elias.
Em paralelo, o candidato ressaltou a importância de reservar 5% das vagas de trabalho para vítimas de violência e de criar estratégias para assegurar empregabilidade e renda para mulheres.
Comitê das Mulheres
Elias inaugura logo mais, a partir das 18h, em Jaboatão Centro, o Comitê das Mulheres. Localizado na Rua Padre Cromário Leão, 45, o espaço irá funcionar como um ambiente para a realização de debates e formulação de políticas públicas de gênero.
O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), criticou, na manhã de ontem (19), a aprovação da urgência do PL da Anistia e da PEC da Blindagem pela Câmara dos Deputados. As declarações foram concedidas durante uma coletiva de imprensa no Porto do Recife, onde cumpriu agenda ao lado da governadora Raquel Lyra (PSD) e anunciou um investimento de R$ 100 milhões no porto em obras de dragagem e no terminal de passageiros.
Aprovada na última terça-feira (16), a chamada PEC da Blindagem dificulta a investigação de congressistas acusados de crimes. Já o PL da Anistia perdoa os condenados pelos ataques golpistas do dia 8 de janeiro de 2023 e conta com apoio de parlamentares bolsonarista.
Silvio Costa Filho analisou que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), teve que respeitar o colégio de líderes, o que o teria levado a pautar as matérias.
“Eu entendo também a situação do presidente Hugo Motta, que ele tem que respeitar os líderes, a posição de cada partido e pautar as matérias. Entendo a situação dele como presidente da Casa”, avaliou.
O ministro enfatizou que, se estivesse exercendo o mandato de deputado federal, votaria contra ambas as proposições e destacou que as prioridades da Casa deveriam ser pautas na áreas econômica e social.
“Se eu estivesse na Câmara Federal, exercendo o mandato federal, eu votaria contra a anistia e contra a PEC da Blindagem. Eu acho que isso é um retrocesso, isso é ruim para o Brasil. Acho que o Brasil tem pautas muito mais importantes na área econômica, social, do que a gente está tratando de temas como esse”, declarou.
O ministro também comentou a possível candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à presidência da República em 2026. Na avaliação de Silvio, o governador, que é seu colega de partido, buscará a reeleição no estado.
“Meu sentimento é que ele [Tarcísio] disputará a reeleição. Todas as vezes que eu estive com o governador Tarcísio, ele me colocou isso, que precisa se consolidar em São Paulo, que as principais obras dele demoram de 4, 5 a 6 anos, que ele tem tempo, tem idade e precisa naturalmente fazer mais ações no estado de São Paulo e acho que tem tempo para disputar a presidência da República”, analisou.
Costa Filho comentou o posicionamento da família Bolsonaro nas eleições de 2026. Na avaliação do ministro, caso a família Bolsonaro não apresente como candidato a presidente alguém do núcleo familiar, haverá o que ele classificou de “arquivamento” do bolsonarismo no Brasil.
“Se a família não tiver um candidato, na minha opinião, será o arquivamento do bolsonarismo no Brasil. Qualquer candidatura do centro será arquivar o bolsonarismo no país. É isso que o Bolsonaro quer? Arquivar o seu legado? Porque hoje existem dois líderes no Brasil. Existe o presidente Bolsonaro, que é um líder, e existe o presidente Lula. Eu não sei se o ex-presidente Bolsonaro está disposto a entregar esse patrimônio eleitoral que ele construiu no Brasil e o bolsonarismo ser arquivado no país”, disse.
A vereadora Célia Galindo (PSB), decana da Câmara Municipal de Arcoverde com 10 mandatos consecutivos, divulgou uma mensagem contundente contra a chamada “PEC da Blindagem”, proposta que vem sendo criticada em todo o país por conceder privilégios inéditos a deputados e senadores.
Na declaração, Célia destacou sua trajetória ilibada na vida pública, afirmando que sempre atuou sem manchas e em defesa do povo arcoverdense. “Nós, representantes do povo, temos que ser exemplo e não exceção. A Constituição é clara: todos são iguais perante a lei. Ninguém é melhor que o outro”, disse a parlamentar. Para Célia, a proposta representa um retrocesso democrático. “O Brasil precisa de justiça e igualdade, não de blindagem para poucos. Minha trajetória é prova de que é possível exercer a política com seriedade, honestidade e compromisso com a coletividade”, reforçou.
A chamada PEC da Blindagem — já apelidada de “PEC da Bandidagem” ou “PEC da Vergonha” — cria um mecanismo que impede que parlamentares sejam investigados ou julgados por crimes comuns sem a autorização da própria Câmara ou do Senado. Na prática, isso significa que delitos graves como homicídio, estupro, corrupção ou lavagem de dinheiro só avançariam na Justiça caso os próprios colegas de plenário dessem aval, ao contrário do que acontece com qualquer cidadão.
A Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco, começou a ser demolida ontem (19). O espaço onde a cadeia funcionou por 50 anos será ocupado por um projeto destinado ao turismo. Em breve, segundo o governo do estado, será feito o anúncio do novo uso do terreno.
A Barreto Campelo, desativada oficialmente em 1º de abril deste ano, será demolida por conta das más condições estruturais, incluindo pavilhões deteriorados e comprometimento de áreas administrativas e de segurança. As informações são da Folha de Pernambuco.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, conduziu a demolição simbólica do pavilhão B. “O que está aqui hoje, prestes a ser demolido, também faz parte de uma atenção e um fortalecimento do sistema penitenciário de Pernambuco, pois as condições encontradas eram de muita precariedade, em um ambiente onde as pessoas não eram enxergadas para a ressocialização. Não existe segurança pública sem olhar para o sistema penitenciário, e é preciso cuidar de todos”, disse Raquel Lyra, acrescentando que para permitir a desativação do prédio, o governo criou novas vagas no sistema prisional.
Antes da desativação, demanda antiga da população do Litoral Norte, a unidade contava com 640 vagas e abrigava 472 custodiados, que foram transferidos para outros presídios do estado.
O senador Alessandro Vieira (MDB), relator da PEC da Blindagem na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, classificou o projeto em entrevista ao UOL como uma tentativa clara de proteger parlamentares envolvidos em crimes. Segundo ele, a proposta, que amplia o foro privilegiado e permite ao Congresso barrar investigações, não tem defesa viável e não será aprovada no Senado. “É uma PEC feita para defender bandido. Não tem outra justificativa”, afirmou, destacando que a medida envia “um recado de impunidade para o Brasil” e criticando colegas que tentam justificá-la como proteção ao Supremo.
Três ícones da MPB, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, se apresentarão amanhã (21), durante um protesto na praia de Copacabana contra a chamada PEC da Blindagem, que busca proteger parlamentares de serem processados criminalmente e que gerou indignação no Brasil.
Na terça-feira, a Câmara dos Deputados aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC), que exige que o Congresso autorize, por meio do voto secreto, qualquer acusação penal contra deputados e senadores.
Os cantores e compositores, todos octogenários e com décadas de ativismo político, vão liderar as manifestações que serão realizadas em mais de uma dúzia de cidades do País contra o que os críticos denominaram de “PEC da Bandidagem”.
Para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a proposta “tem um efeito cascata importante: pode haver uma infiltração do crime organizado nos Parlamentos, que é algo que muito me preocupa”, segundo advertiu em declarações ao jornal O Globo.
A indignação cresceu na quarta-feira, quando os deputados aprovaram dar caráter de urgência ao Projeto de Lei da Anistia, que poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado na semana passada a 27 anos de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado.
No Instagram, Caetano Veloso disse que a iniciativa do Congresso em ambas os temas “não pode ficar sem resposta por parte da população brasileira”. “Precisamos ir às ruas”, conclamou.
A estrela do funk Anitta também se somou à convocação para as manifestações, pedindo a seus 63 milhões de seguidores no Instagram para imaginar “ser assassinados e que seu assassino não pudesse ser processado sem autorização de seus colegas”.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos – PB), defendeu a PEC como uma proteção contra abusos judiciais.
Quando uma norma semelhante esteve vigente entre 1988 e 2001, segundo o portal de notícias G1, apenas um legislador foi processado enquanto 250 solicitações do Supremo Tribunal Federal (STF) foram recusadas.
“Chega de impunidade. Parlamento sem vergonha”, diz a mensagem que circula maciçamente nas redes sociais convocando os protestos.
A PEC, assim como o PL da Anistia para os bolsonaristas condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e que poderia beneficiar o próprio ex-presidente, enfrenta resistência no Senado.
O presidente Lula prometeu vetar o PL da Anistia e disse que a PEC da Blindagem “não é uma coisa séria” com a qual os legisladores deveriam se ocupar.
Catende recebeu, ontem (19), a apresentação do deputado federal Felipe Carreras (PSB) como novo representante do grupo político de Dr. Caio Almeida e Dr. João Insilene. O ato, realizado na Praça Coração Eucarístico, reuniu apoiadores e contou também com a presença do deputado estadual Rodrigo Farias (PSB). A aliança reforça o alinhamento a João Campos e amplia a representação de Catende nas esferas estadual e federal.
As lideranças ressaltaram a união do grupo e prometeram investimentos para o município. Dr. Caio afirmou que o time do PSB trabalhará “com seriedade” pela cidade, enquanto Felipe Carreras anunciou R$ 1,5 milhão para obras de infraestrutura. Já Rodrigo Farias destacou a importância de Catende ter Carreras em Brasília, reforçando a expectativa de conquistas para o desenvolvimento local.
Na carteira de identidade expedida há 28 anos, a alagoana Joana do Espírito Santo tem data de nascimento registrada de 2 de fevereiro de 1909. Aos 116 anos, ela pode ser a pessoa mais velha do mundo.
Joana mora em uma casa simples em Rio Largo, município da Grande Maceió, e teve 21 filhos. Aposentada com um salário mínimo, ela não sabe ler ou escrever e vive com a filha e o genro, que tomam conta dela.
Segundo a entidade LongeviQuest, que tem o maior banco de dados sobre a vida dos mais idosos no mundo, o caso certificado de pessoa viva mais velha do mundo é o da inglesa Ethel Caterham. Ela nasceu em 21 de agosto de 1909, ou quase seis meses depois da data que consta nos documentos de Joana.
Já no Brasil, a pessoa reconhecida como mais velha é Izabel Rosa Pereira, de 114 anos, que nasceu na pequena Caputira (MG). Sua idade foi certificada pelo site em 26 de outubro de 2024; pela lista atualizada, ela é a quarta pessoa mais velha do mundo.
Em novembro do ano passado, o cearense João Marinho Neto, morador de um abrigo no município de Apuiarés (CE), foi apontado pela mesma entidade como o homem mais velho do mundo, com 112 anos.
O caso de Joana, porém, deve não ser reconhecido por questões burocráticas. O registro de nascimento da aposentada foi perdido nas enchentes que devastaram Alagoas em 2010. Joana não só teve a casa destruída, como uma das vítimas da tragédia foi o cartório do município de Murici, onde estava o seu registro. Os livros que guardavam os dados foram levados pelo rio Mundaú.
A prefeitura de Rio Largo tentou resgatar a documentação de Joana, a pedido da família, mas não foi possível, e por isso decidiu não seguir com um pedido oficial de reconhecimento de pessoa mais velha do mundo.
Mesmo assim, Joana mostrou documentos anteriores a 2010, além da sua identidade, que apontam a data de nascimento dela como as carteiras de Trabalho e de filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Murici. “Eu trabalhava cortando cana, foram muitos anos nisso”, conta Joana ao receber a visita da reportagem do UOL no último dia 1º.
Rotina de acordar meio-dia
Sentada no sofá vermelho da sala, ela conta que é viúva “há uns 40 anos”. “Ainda sinto saudades dele. Era um bom dono de casa”, afirma, citando que sua festa de casamento (não lembra a data) durou três dias.
Com a idade, a memória de Joana já falha algumas vezes. Mas ela lembra e conta fatos marcantes. Um deles foi o episódio do bando do cangaceiro Lampião (que foi morto em 28 de julho de 1938), que invadiu a cidade de Delmiro Gouveia (AL), onde morava quando criança. “Fiquei debaixo da cama, com medo”, lembra. “Também já dancei em uma festa com Luiz Gonzaga”, garante.
Joana gosta de dormir, acorda normalmente perto do meio-dia. Explica que os remédios que toma a deixam com sono. Católica, ela diz que tem como um dos principais passatempo cantar, além de rezar rosários.
Ela afirma que não tem receita para explicar a longevidade. “Só Deus sabe dizer”, cita igualmente ao responder duas perguntas: o que a fez viver tanto e quanto tempo acha que ainda pode viver.
Casa onde mora Joana do Espírito Santo, em Rio largo (AL). Imagem: Carlos Madeiro/UOL
Ela recebeu a reportagem do UOL após ser “ajeitada” pela filha Maria de Lourdes, 60, que mora com ela. “Ela gosta de dormir tarde, fica cantando na madrugada”, diz.
Lourdes cita que Joana tem cerca de 50 netos e incontáveis bisnetos. Ela conta ainda que foi uma surpresa recente saber que a mãe pode ser a pessoa mais velha do mundo e espera comemorar em 2026 com uma festa. “Vamos fazer uma grande festa de 117 anos no ano que vem, e vamos convidar todo mundo. Você vem, né?”, diz, convidando esse repórter.
Saúde em dia
Joana é acompanhada em visitas semanais todas às terças pela equipe do programa municipal Melhor em Casa. Ela recebe também remédios e fraldas.
Segundo a enfermeira Marta Luna, que acompanha a idosa, Joana é uma paciente lúcida e muito saudável para a idade que tem. “Ela conversa normalmente, apresenta saúde estável”, diz, citando que a maior preocupação é que ela é hipertensa — toma remédios por isso.
“Ela ama as visitas da nossa equipe e costuma interagir e manter o bom humor. Sua filha Maria cuida dela com zelo e amor e mantém os profissionais da saúde informados sobre as eventualidades”, relata.
Na visita da terça-feira (9), o médico Bruno Eduardo encaminhou ela para uma consulta com o dermatologista. “Mas ela tem sinais vitais e exames laboratoriais bons. Ela também está tendo atendimento com a fisioterapia no domicílio”, ressalta.
Quarto de Joana, no Espírito Santo. Imagem: Carlos Madeiro.
A França está numa encruzilhada. Nas eleições de abril de 2022, Emmanuel Macron foi reeleito com 58,6% dos votos contra 41,46% de Marine Le Pen. Ele não venceu a eleição; foi Le Pen quem perdeu. Ela assustou no 1º turno, mas chegou ao 2º com uma baita rejeição do eleitor médio, especialmente nas grandes cidades, perdendo votos do centro e vendo a esquerda ter como única opção votar em Macron.
Em junho, nas eleições parlamentares, nenhum partido conseguiu maioria absoluta. O resultado foi uma crise permanente. Macron está no 5º primeiro-ministro e sua popularidade caiu para meros 24%, de acordo com pesquisa Ipsos divulgada em 9 de setembro.
Aquele Macron ousado e charmoso empossado em 2017, encolheu, perdeu o encanto, virou “Micron”. É seguramente o presidente mais impopular da 5ª República. Esta semana a França foi tomada por protestos. Na quinta-feira, o povo pediu a renúncia do presidente, numa onda de protestos parecida com a dos jalecos amarelos em 2018. O governo gasta muito e gasta mal, mostram as contas. A dívida pública já está em 114% do PIB e o deficit público em 5,8%, quase o dobro do limite de 3% recomendado pela União Europeia.
Antes de cair em 8 de setembro, deposto por uma moção de desconfiança votada no Parlamento, o ex-primeiro-ministro François Bayrou disse claramente que os jovens franceses corriam sério risco de enfrentar dificuldades na hora da aposentadoria, porque a França estava trilhando o mesmo caminho da Grécia de anos atrás, quando o governo suspendeu o pagamento de pensões por falta de dinheiro.
Os franceses têm um enorme apego aos seus direitos e benefícios. Depois da 2ª Guerra, a elite teve de negociar com as classes populares. Foram elas que defenderam o país dos nazistas, engrossaram as fileiras da Resistência de Jean Moulin, deram seu sangue pela pátria, enquanto os ricos fugiam para os Estados Unidos ou colaboravam com os alemães na chamada República de Vichy, comandada pelo entreguista marechal Philippe Pétain.
Nos anos 1950 em diante, os trabalhadores e a classe média conquistaram mais direitos e houve uma maior distribuição de renda. Essa situação durou até o início dos anos 1990, quando o mundo começou a sofrer novas transformações provocadas pela queda da União Soviética e iniciando uma era de concentração de renda cada vez maior, como explicou o filósofo Stéphane Hessel (1917-2013) no seu livro “Indignai-vos”. François Mitterrand deixou o poder em 1995, encerrando o primeiro governo socialista da França.
Em seguida vieram dois governos de direita: Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, este último um desastrado que acabou processado por corrupção. Veio François Hollande, socialista, inábil, comandou um governo ruim e acabou perdendo as condições de disputar a reeleição. Foi substituído por Macron, um jovem banqueiro sócio do Rothschild & Cie Banque na França.
Fez um 1º mandato razoável, enfrentou questões delicadas como o Brexit, e tinha maioria no Parlamento. Mas bastou ganhar a eleição de 2022 para empurrar a França para uma das suas maiores crises políticas e sociais desde a criação da 5ª República. O governo atravessa um turbilhão de instabilidade parlamentar, pressão dos mercados financeiros e revolta popular, que culminou nesta semana em uma greve geral paralisando transportes, escolas e hospitais em todo o país. Os manifestantes pediam aumento de impostos para os ricos e menos cortes de gastos.
Um mau começo de 2º mandato sem maioria legislativa. Sua coalizão, a Ensemble, conquistou só 245 cadeiras na Assembleia Nacional (577 deputados), longe da maioria absoluta de 289. O Parlamento fragmentado deu força inédita à esquerda reunida na Nupes e ao Rassemblement National, de extrema-direita, liderado por Marine Le Pen, agora com uma bancada recorde de 89 deputados.
Num sistema parlamentarista como o da França, um governo sem maioria é um governo fraco. Para aprovar leis e orçamentos, Macron recorreu repetidamente ao artigo 49.3 da Constituição, que permite adotar medidas sem votação plena, o que rendeu críticas de excesso de autoritarismo e alimentou protestos.
A reforma da Previdência elevou a idade mínima da aposentadoria de 62 para 64 anos, simbolizou o desgaste. Imposta em 2023, desencadeou uma onda de greves e manifestações nacionais. A partir de então, sucessivos primeiros-ministros enfrentaram dificuldades para governar.
Élisabeth Borne deixou o cargo depois de perder apoio parlamentar; François Bayrou caiu em setembro de 2025, derrotado por uma moção de censura depois de apresentar um plano de austeridade.
A nomeação de Sébastien Lecornu, 39 anos, como novo premiê não apaziguou os ânimos. Pelo contrário: a agenda de cortes orçamentários proposta pelo governo provocou uma resposta imediata dos sindicatos. A palavra de ordem é: “Os políticos vivem muito melhor que o povo”.
Enquanto a crise política se aprofundava, a situação econômica também se deteriorava. Os déficits persistentes levaram a agência Fitch a rebaixar a nota de crédito do país de AAA para A+.
Na última semana, a tensão explodiu em uma greve geral convocada pelas principais centrais sindicais. Os protestos reuniram milhares de pessoas em Paris, Marselha, Lyon e outras cidades. Cerca de 900 mil pessoas foram para as ruas. Trens cancelados, escolas suspenderam aulas e hospitais operaram com equipes reduzidas. “Vamos bloquear tudo”, gritavam os manifestantes.
Os sindicatos acusam o governo de tentar fazer os trabalhadores pagarem a conta da crise fiscal. “Não aceitaremos cortes que destruam serviços públicos e prejudiquem aposentados e jovens”, afirmou Laurent Berger, um dos líderes sindicais no comando das manifestações. A polícia usou e abusou da violência, colocou 80.000 homens nas ruas e centenas foram presos, com muitos feridos nos confrontos.
🚨FRENCH REVOLUTION?🚨 France erupts in massive strikes! Up to 800,000 protest Macron’s €44B austerity cuts & pension reform, demanding fair taxes & better wages. Schools, trains, hospitals hit. Heavy police presence as tensions rise. Is this the start of a new Yellow Vest… pic.twitter.com/YsAm0YSnNW
O presidente está numa encruzilhada: ou cede às ruas e adia medidas de austeridade, arriscando maior deterioração das contas públicas, ou mantém os cortes e amplia a revolta social. Sem maioria parlamentar e com a confiança popular em queda, Macron está no pior dos mundos.
Numa tática de avestruz, ele tem buscado o palco internacional para tentar compensar a impopularidade. Quer reconhecer o Estado Palestino na Assembleia Geral da ONU e posar de amigo da natureza na COP30. Nada disso resolve a situação da França e dos franceses. Sem garantir estabilidade, ele terá de decidir se convoca novas eleições ou renuncia.
A crise tem tudo para incendiar ainda mais o país. E um dos motivos é a falta de maturidade política do presidente. Ele jamais terá o sangue frio de François Mitterrand, que viu a oposição vencer a eleição, nomeou Jacques Chirac primeiro-ministro e completou o governo reconhecido como um dos maiores estadistas da França. Macron, tudo indica, deixará a política pela porta dos fundos.
João Campos e Lula Cabral afinam parceria visando 2026
Por Larissa Rodrigues – repórter do Blog
Os prefeitos do Recife, João Campos (PSB), e do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral (Solidariedade), almoçaram juntos, ontem (19), na capital. O encontro, segundo Cabral, faz parte de uma rotina que há entre os dois. A cada 15 dias, João e Lula tentam alinhar as agendas para estarem juntos e conversarem sobre a política.
Na pauta de ontem, uma programação conjunta que devem fazer nos próximos 15 dias por cidades da Região Metropolitana (RMR) e da Zona da Mata Sul. Pretendem tirar um final de semana para circularem pelo Cabo e Ipojuca (RMR), Rio Formoso, Sirinhaém, Barreiros e Tamandaré, as últimas na Mata Sul.
Lula Cabral quer levar João Campos para visitar o local onde planeja construir uma sede do Compaz (Centro Comunitário da Paz), no Cabo. A obra é inspirada nas outras unidades do Compaz que existem no Recife e são vitrines das administrações do PSB.
A proximidade entre os dois gestores indica o papel de Lula Cabral na campanha de João Campos ao Governo do Estado, em 2026, contra a atual chefe do Poder Executivo, Raquel Lyra (PSD): o prefeito do Cabo será um dos articuladores do projeto de João na RMR.
Para executar a missão, enfatizou Lula Cabral, ele não necessita de nome oficial, como coordenador, por exemplo. “Não preciso de título de nada para ajudar na campanha de João. Sou um soldado. Acredito muito no futuro dele na política, porque ele tem uma grande visão, além do DNA de Miguel Arraes e Eduardo Campos”, destacou o prefeito do Cabo.
Lula ainda avaliou a movimentação de João Campos, neste momento, como natural. “Ele está se aproximando dos prefeitos, assim como a governadora tem feito. Está fazendo o papel dele”, comentou.
Por falar em João – Sobrou até para o prefeito do Recife a aprovação da PEC da Blindagem na Câmara dos Deputados. Ocorre que o irmão do gestor é o deputado federal Pedro Campos (PSB), que votou favorável à PEC e recebeu uma enxurrada de críticas nas redes sociais. João Campos também foi bastante cobrado, porque acumula a função de presidente nacional do PSB. Os seguidores não deram trégua ao prefeito e inundaram as postagens dele pedindo posicionamento sobre a questão.
Por falar em Lula Cabral – O prefeito do Cabo de Santo Agostinho comemorou, ontem (19), o crescimento da unidade da Aché Laboratórios Farmacêuticos, no Complexo Industrial Portuário de Suape, no Cabo. A empresa vai passar por uma ampliação de R$ 267 milhões, com previsão de 3 mil empregos diretos e indiretos. “A construção e operação da nova unidade terá um impacto significativo na economia local. As obras civis, montagem e operação do empreendimento gerarão empregos e renda imediatos, dinamizando a economia local, impulsionando setores como o de fornecedores, transporte, alimentação e comércio”, destacou Cabral.
Protesto contra blindagem e anistia 1 – O Partido dos Trabalhadores (PT) de Pernambuco estará presente, neste domingo (21), nos atos convocados contra a PEC da Blindagem e a anistia aos golpistas. A mobilização nacional, acontece também em diversas cidades do Estado e busca colocar o povo na rua em defesa da democracia e das pautas que realmente importam para o Brasil. No Recife, a concentração será a partir das 14h, na Rua da Aurora (em frente ao Ginásio Pernambucano).
Protesto contra blindagem e anistia 2 – Em Caruaru, no Agreste, a manifestação está marcada para as 9h, em frente ao Grande Hotel. Já em Petrolina, no Sertão, o ato será realizado às 16h, na Praça da Catedral. Para o PT, o Congresso tem agilizado a aprovação medidas que buscam perdoar golpistas, enquanto a população exige prioridade para a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos e taxação dos super-ricos, o fim da escala 6×1, a redução da jornada de trabalho e a defesa da soberania nacional.
Presidente do PT de PE – O deputado federal e presidente do PT Pernambuco, Carlos Veras, destacou que é fundamental que a população ocupe as ruas neste momento. “O nosso compromisso é com o povo trabalhador, com a soberania nacional e com as pautas que podem melhorar de fato a vida da maioria. Por isso, somos contra a anistia para golpistas e convocamos toda a militância a se somar a esses atos de luta neste domingo”, afirmou.
CURTAS
NEM HADDAD NEM PADILHA NA ONU – Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Saúde, Alexandre Padilha, decidiram não viajar com o presidente Lula (PT) para Nova York, nos Estados Unidos (EUA), onde haverá a Assembleia Geral da ONU, na próxima semana. O chefe do Executivo embarca neste domingo (21), pela manhã.
AGENDA INTERNA E RESTRIÇÃO – Haddad decidiu priorizar à “agenda doméstica”, como projetos da pauta econômica em tramitação no Congresso, a exemplo do que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais. Já Padilha não gostou das restrições impostas pelos EUA. O país, sob Donald Trump, concedeu visto diplomático ao ministro, mas limitando sua circulação a poucos quarteirões de Nova York.
JAMILDO CELEBRA CARREIRA DIGITAL – Para celebrar os 20 anos de jornalismo digital, o jornalista Jamildo Melo promoverá um jantar para amigos e leitores, no dia 6 de outubro, a partir das 18h, no Mirante do Paço, no Paço Alfândega, no Recife Antigo. Será no formato de adesão com parte da renda revertida para instituições de caridade. Estarão autoridades, políticos, gestores, empresários e profissionais liberais, além de jornalistas e amigos de jornada.
Perguntar não ofende: João Campos já está convocando os prefeitos para coordenarem sua campanha?
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), decidiu indicar o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) para ser o relator da PEC da Blindagem. De acordo com Alencar, Alessandro Vieira tem notório saber jurídico, é delegado de carreira e membro atuante da CCJ.
O presidente do colegiado disse que o relatório de Vieira será apresentado na quarta-feira e será pela rejeição da proposta de emenda à Constituição que aumentou a proteção aos parlamentares contra abertura de investigações criminais. “Ele vai trabalhar para sepultar esse absurdo parlamentar”, disse Otto Alencar.
O presidente da Comissão ressaltou ainda que pesou na escolha de Alessandro Vieira o fato de o senador ser membro do MDB, um partido historicamente, segundo ele, ligado à luta pela democracia e justiça.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu de viajar para os Estados Unidos, afirmando que as restrições impostas pelo país impediram a participação dele na Assembleia Geral da ONU e em outros eventos na próxima semana.
Ele classificou as restrições de circulação impostas pelo governo americano como “inaceitáveis” e “uma afronta”. “Inaceitável as condições, porque eu sou o ministro da Saúde do Brasil. Quando vou para um evento como esse, tenho que ter plena possibilidade de participar do conjunto das atividades das quais nós somos convidados”, disse Padilha.
Em entrevista à GloboNews, Padilha afirmou que as restrições não são contra ele como pessoa, mas sim “ao ministro da Saúde do Brasil”, e o impediriam de participar de uma reunião crucial da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Washington, e de uma série de encontros bilaterais fora da estrutura da ONU. “As restrições inviabilizam a presença do ministro da Saúde do Brasil nas atividades que ele precisa fazer parte”, declarou Padilha.
As restrições impostas a Padilha pelos EUA são:
Circulação restrita: o ministro só pode circular em um perímetro de cinco quarteirões em Nova York, ao redor de seu hotel, da sede da ONU e da missão do Brasil;
Proibição de viagem: ele foi impedido de se deslocar de Nova York para Washington, o que inviabilizou sua participação na Assembleia Geral da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas);
Necessidade de autorização prévia: para qualquer agenda fora do perímetro permitido, o governo brasileiro precisaria solicitar uma autorização com 48 horas de antecedência ao governo dos EUA para análise.
Na terça-feira, o ministro disse que recebeu o visto dos Estados Unidos para realizar a viagem. “Eu recebi o visto hoje, naquilo que é obrigação de um país que tem um acordo sede com organismo internacional da ONU e da OPAS, que tem que garantir o acesso de uma autoridade convidada para esse evento. Então recebi o visto hoje. São dois momentos, tanto a Assembleia Geral da ONU, quanto a assembleia geral da OPAS”, afirmou Padilha na terça.
Os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Eduardo Girão (Novo-CE) e Damares Alves (Republicanos-DF) desembarcaram, na manhã de hoje, em Roma, na Itália, onde visitaram a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que está presa. Depois do encontro, Flávio fez um apelo e pediu para que a parlamentar cumpra pena no país, mas em regime domiciliar.
“Deixe a Carla em prisão domiciliar aqui na Itália, porque no Brasil ela vai ser ainda mais perseguida e vai ter os seus direitos humanos ainda mais violentados por aquele que, reconhecidamente, é um violador de direitos humanos internacional, sancionado pela Lei Magnistinky, que é o caso do Alexandre de Moraes”, disse. A Zambelli está presa no Complexo Penitenciário de Rebibbia desde julho, após ter fugido do Brasil e ser detida pelas autoridades italianas.
Ainda de acordo com o senador, Zambelli não teve um processo justo e é uma perseguida política, em referência à fala do ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro. “As palavras dele são de que o Alexandre de Moraes queria pegar a Carla de qualquer jeito, e conseguiu, usando a máquina pública para persegui-la, sem que ela tivesse chance de uma defesa justa, sem que ela pudesse recorrer em segunda instância”, disse Flávio.
De acordo com as assessorias dos parlamentares que foram a Roma, todos os custos da viagem, incluindo passagens e hospedagem, não são pagos pelo Senado Federal. A visita, segundo eles, tem caráter de solidariedade à colega, que enfrenta processos no Brasil e na Justiça italiana.