A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, discursou neste sábado (23), durante a Plenária de Encerramento da COP 29, que aconteceu em Baku, capital do Azerbaijão. O Brasil recebeu a passagem de presidência para sediar a COP30 no próximo ano, em Belém, no Pará.
“É com grande senso de responsabilidade e cientes do enorme desafio coletivo que nos está sendo entregue, que o Brasil recebe do Azerbaijão a presidência designada da Conferência das Partes. Sabemos como chegamos até aqui e sabemos dos desafios que estão postos aqui para cada um de nós”, afirmou a ministra.
Leia maisA representante brasileira destacou o peso da responsabilidade e a necessidade dos esforços globais para enfrentar a crise climática. Durante o momento decisivo para as negociações climáticas globais, Marina ressaltou que o trabalho da COP30 no Brasil será construído sobre décadas de negociações e compromissos climáticos, como o Acordo de Paris, a COP28, em Dubai, e a própria COP29, em Baku.
“O que precisamos alcançar na COP30 no Brasil a se realizar em plena Região Amazônica, será o resultado daquilo que durante mais de três décadas fomos capazes de tecer com os fios de nossos compromissos éticos e políticos”, ressaltou a ministra. “Aquilo que há de mais importante está colocado para cada um de nós, que é o equilíbrio da cadeia de vida na Terra, o equilíbrio do planeta. Tais tessituras vêm do acordo de Paris, do consenso dos Emirados Árabes Unidos, em Dubai, e do que fomos capazes de produzir aqui em Baku”, completou.
O Brasil foi oficialmente designado para sediar a COP30, marcada para ocorrer em Belém, no Pará, em 2025. Durante seu discurso, a ministra Marina Silva pediu maior colaboração diante da emergência climática. Para a ministra, o desafio da COP30 só será vencido com a colaboração de cada representante.
“A COP30 em Belém é realmente um grande desafio que só poderemos alcançar com o esforço e a colaboração de cada um de nós aqui representados”, ressaltou. Ela destacou, ainda, que é necessário chegar a um acordo aceitável na COP29. “Para que isso aconteça, é fundamental chegar a um resultado que seja minimamente aceitável para todos nós diante da emergência que estamos vivendo”.
Marina afirmou que a COP no Brasil será um marco para o país e para o mundo, mas reiterou a necessidade de colaboração entre os países e representações. “É fundamental que antes de chegarmos à COP30 possamos fazer um alinhamento interno dentro dos nossos países e entre cada um de nós”, enfatizou.
A ministra também destacou a Missão 1,5, proposta feita pelo Brasil na COP 28, em Dubai, para limitar a temperatura da Terra a 1,5 º C. Marina afirmou que o objetivo é fazer ajustes para que haja recursos financeiros suficientes para cumprir a missão, além de destacar o compromisso do Brasil em cumprir com a sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, sigla em inglês).
“Aqui no Azerbaijão nossa principal tarefa é a de fazermos com que esse alinhamento tenha os recursos necessários, recursos financeiros, meios de implementação para cumprirmos com a Missão 1,5. Até a COP 30 nosso objetivo central é o de termos NDCs suficientemente ambiciosas para alcançar a missão 1,5”, salientou.
COP DAS COPs – Antes da próxima COP na Amazônia, de acordo com a ministra, é essencial buscar alinhamento dentro e entre cada país. Ela destaca, ainda, a importância de cooperação e solidariedade entre os países, reconhecendo que esses valores estão se tornando escassos no mundo. A ministra listou três pilares essenciais para toda a Conferência do Clima.
“Que possamos compreender que solidariedade, sentido de cooperação e confiança são as matérias-primas para o sucesso de qualquer COP, particularmente daquela que está sendo chamada de COP das COPs, onde cada um de nós estamos voltados com esperanças e com muitas expectativas para chegarmos lá com NDCs alinhadas com a missão 1,5”, disse a ministra.
Marina enfatizou que ações concretas e coordenadas precisam ser tomadas, diante da exigência da sociedade para que se chegue a um consenso e a um realinhamento de quem está no topo. “Que nos realinhemos para prosseguir a caminhada, com agudo senso de disposição, responsabilidade e urgência, pois somos a linha de frente das mudanças que pouparão a humanidade de muito sofrimento e garantirão o futuro da vida no planeta”, enfatizou.
DESAFIOS – Um dos desafios mencionados é fazer da COP30 um momento para restaurar aquilo que parece estar se perdendo, segundo a ministra. “Fazer da COP30, no território simbólico da Amazônia, o momento da vida para restaurar tudo aquilo que parece que estamos perdendo a cada situação extrema que estamos enfrentando, é um dos maiores desafios que temos pela frente”, ressaltou.
Encerrando sua fala, a ministra fez um apelo à cooperação e confiança como elementos indispensáveis para manter todas as formas de vida no planeta frente à crise ambiental. “Não há mais tempo a perder. Que possamos aprender com as fiandeiras da Amazônia e com todos os povos tradicionais do mundo que precisamos fiar e confiar para termos um lugar melhor para todas as formas de vida, inclusive a nossa, como seres humanos.”
NO CORAÇÃO DA AMAZÔNIA – O Brasil já é, oficialmente, a sede da próxima Conferência da ONU sobre Mudanças do Clima. A COP30 irá reunir líderes mundiais, cientistas, organizações governamentais e representantes da sociedade civil para discutir ações para enfrentar a mudança do clima. Com investimentos de quase R$ 5 bilhões do Governo Federal, a cidade de Belém recebe obras para melhorar a infraestrutura que irão gerar mais emprego, impulsionar o turismo e dar mais qualidade de vida para os moradores do Pará.
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