‘Dívida poderá ser paga em terra para reforma agrária’, diz ministro de Lula

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o governo não vai admitir ocupações de terra fora da lei. Às vésperas do “Abril Vermelho”, quando o Movimento dos Sem-Terra (MST) lembrará o 27.º ano do massacre de Eldorado do Carajás, Teixeira destacou que sua prioridade no cargo será mediar conflitos e acelerar a reforma agrária.

‘‘Protestos fora da lei não terão apoio do governo”, disse ele, em entrevista ao Estadão. “Quando os movimentos souberem de alguma terra improdutiva, basta indicá-la para o Incra.”

A equipe econômica avalia uma proposta para que devedores da União paguem parte de suas dívidas em terras. A ideia é que essas propriedades sejam destinadas à reforma agrária. A sugestão também será oferecida à Suzano Celulose, que teve três fazendas invadidas pelo MST, no sul da Bahia, caso a empresa tenha débitos com a União. O MST deixou as áreas na terça-feira, 7.

A mesa e uma estante do gabinete de Teixeira exibem produtos de cooperativas de várias regiões do País, vindos da agricultura familiar. Na noite do mesmo dia em que o MST saiu das propriedades da Suzano, o ministro compareceu à posse da diretoria da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Acompanhado pelo titular da Agricultura, Carlos Fávaro, ele fez um discurso em tom conciliador. “Para nós, a agricultura familiar e o agronegócio não são contraditórios”, insistiu Teixeira, que é filiado ao PT desde a fundação do partido, em 1980.

A Suzano alega que foi o Incra quem desrespeitou o acordo feito em 2015 sobre a destinação das terras para o MST. Por que o Incra não cumpriu o acerto?

Se a Suzano fez um acordo com o Incra em 2015, caberia à empresa ter exigido o cumprimento, nesses sete anos. O descumprimento se deu nos governo Temer e Bolsonaro.

Mas em 2015 o governo era comandado pela presidente Dilma Rousseff.

Em 2016, caiu o governo Dilma. Quando um termo de intenção é celebrado, há um tempo para se executar. E esse tempo foi o da derrubada da presidente Dilma. Houve uma interrupção do diálogo. Agora, quando aconteceram essas ocupações, a Suzano nos pediu para fazer esse diálogo. Eu chamei o MST e criamos uma mesa de negociação. Estamos nos debruçando sobre o que efetivamente foi assinado e a quem cabem as responsabilidades.

A dotação orçamentária do Incra para aquisição de terras é de R$ 2,4 milhões neste ano. Mas, para que fosse feita a desapropriação de 4 mil hectares da Suzano, o Incra teria de dispor de R$ 50 milhões. É uma conta que não fecha.

Esse orçamento que nós recebemos no Incra é muito insignificante para enfrentar qualquer situação de aquisição de terras. Eu também coloquei na mesa, no debate com a Suzano, se a empresa poderia fazer doação em pagamento de alguma terra para resolver esse conflito na Bahia, caso tenha dívida com o governo federal. Isso tudo está em estudo.

O agronegócio teme que, após esse episódio, a prática de invadir para depois negociar vire rotina. Como combinar a solução dos problemas sociais no campo com o respeito à propriedade produtiva?

Nós vamos cumprir a Constituição e a legislação brasileira e respeitá-las. Protestos fora da lei não terão apoio do governo. O que nós queremos é acelerar o processo de reforma agrária, que está represado desde 2015. Há sete anos que não se desapropria um centímetro de terra no Brasil. O governo passado cometeu um crime em relação à determinação constitucional de fazer a reforma agrária.

Mas o sr. mesmo disse que não há recursos…

Primeiro, vamos ver quais são os processos para os quais já havia até recursos destinados e, mesmo assim, o governo desistiu deles. Aí é concluir a aquisição dessas áreas porque eram desapropriações judiciais. Em segundo lugar, quando a terra não cumpre a função social, você pode desapropriar por meio de pagamentos de Título da Dívida Agrária (TDA). Não é preciso dinheiro em cash para pagar. Nós também vamos fazer o levantamento de áreas públicas disponíveis para reforma agrária no Brasil. E, ainda, estabelecemos diálogo com o Ministério da Fazenda e com a Advocacia-Geral da União para adjudicar áreas de devedores do Estado brasileiro. Uma empresa que é grande devedora do INSS, por exemplo, pode pagar parte da dívida com terra e, com isso, destiná-la à reforma agrária. Se ela é uma devedora de impostos, pode pagar dessa forma. É compensar a dívida com terra.

Quem são esses grandes devedores?

Esse não é um debate em que você indica um ou outro devedor. Nem acho correto fazê-lo. Isso requer uma avaliação técnica da AGU e do Ministério da Fazenda de quais desses devedores também estão dispostos a pagar seus impostos entregando áreas para fim de reforma agrária. É uma proposta em discussão dentro do governo.

E como o governo se prepara para o “Abril Vermelho”, quando há uma onda de invasões promovidas pelo MST para lembrar o massacre de Eldorado do Carajás, em 1996?

Esses protestos todos devem ocorrer dentro da lei. Quando os movimentos souberem de alguma terra improdutiva, basta indicá-la para o Incra. Esse ministério estará aberto para receber todos os movimentos, para indicar as suas demandas e para fazer com que nós aceleremos os programas de reforma agrária. Nós vamos respeitar a propriedade privada. Vamos buscar o cumprimento de sua função social.

O “Abril Vermelho” é sempre marcado por invasões e o governo Lula 3 está começando. O presidente disse que o MST não invadia área produtiva, mas invadiu. Esses protestos não desgastam o governo?

Eu não sei como será o “Abril Vermelho”. Todas as audiências que os movimentos nos pedirem serão marcadas.

Eu não estou falando de audiências, mas de invasões. Isso não aumenta o clima de polarização no País?

O que está dentro da lei será recepcionado. O que estiver fora da lei, não. Essa ocupação na Bahia foi um caso isolado. Não é uma política nacional de nenhum movimento a ocupação de áreas produtivas.

Só que o próprio governo foi surpreendido nesse caso.

Nós constituímos uma comissão de mediação de conflitos, com a presença de gente especializada. Localizamos áreas de conflito no Paraná, em São Paulo, em Minas Gerais e no sul do Pará. Estamos dedicados a evitar a ampliação desses episódios e a ter um clima de paz no campo. Para nós, o agronegócio e a agricultura familiar não são contraditórios. O que precisamos ter é uma interação entre eles e uma boa relação. É isso que nós vamos promover aqui.

O sr. compareceu à posse da diretoria da Frente Parlamentar da Agropecuária, na terça-feira. Como pretende se aproximar da bancada ruralista, que é forte no Congresso?

Eu conto com a bancada associada ao agronegócio para fortalecimento da agricultura familiar, programa de reforma agrária, combate à pobreza na zona rural, produção de alimentos e também para fazer uma transição ecológica na agricultura. O agronegócio tem papel importantíssimo para o Brasil, para a balança comercial.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário ficou com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Incra. Deputados ligados ao agro se queixam de que o Ministério da Agricultura foi esvaziado e vão tentar derrubar essa medida. É possível alguma negociação?

É uma ofensa dizer que o Ministério da Agricultura está esvaziado tendo a Embrapa na mão e toda a estrutura que tem. A Embrapa é uma potência. O Programa de Aquisição de Alimentos (PPA) da Conab será lançado no próximo dia 22, no Recife. E a Conab vai comprar agora, via PPA, R$ 500 milhões do agricultor familiar. Esse recurso é para ajudar o agricultor familiar a organizar a sua produção. Quando você precisar fazer estoque regulador, vai ser ser do agro. Então, nós estamos fazendo uma gestão híbrida. Certas diretorias mais relacionadas com agricultura familiar serão ocupadas por pessoas que já foram da Conab nos governos Lula e Dilma. E as diretorias relacionadas ao agronegócio vão ser indicadas pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. O Fávaro é um achado, uma benção de Deus. Minha relação com ele é muito fraterna. O Incra também é um órgão íntimo desse ministério. Não há conflito.

Hoje, cerca de 90 mil pessoas vivem em acampamentos, em condições precárias. A maior parte dos assentamentos está abandonada por falta de estrutura. De que forma o sr. vai resolver esse problema?

Aos atuais assentamentos nós vamos destinar crédito, assistência técnica, financiamento para compra de equipamentos e para instituição de agroindústria e cooperativa. Já temos R$ 270 milhões para assistência técnica e estamos fechando um projeto com a ONU. Para os novos assentamentos, nós vamos testar uma outra modalidade, por meio de agrovilas e de cooperativas para exploração dessas terras. A agrovila se organiza em torno da escola, do posto de saúde… Tem internet, tem uma área de esporte para as crianças. E assim você promove o desenvolvimento no campo.

As igrejas pentecostais e o bolsonarismo entraram nos assentamentos. O ex-presidente Jair Bolsonaro deu internet 5G para assentados e distribuiu títulos de propriedade de terra. Há uma preocupação com essa aliança numa área até agora sob influência exclusiva da esquerda?

Os evangélicos são bem-vindos, todas as religiões são bem-vindas em todos os cantos do Brasil porque realmente querem fazer o bem. O campo brasileiro, principalmente a agricultura familiar, votou no Lula. Bolsonaro abandonou a agricultura familiar.

O sr. disse que títulos de propriedade concedidos pelo governo Bolsonaro são “papel de pão”. Por quê?

Porque são títulos que as pessoas não conseguem registrar em cartório. Ele (Bolsonaro) não aprovou a lei no Congresso. Mesmo assim, fez um programa sem respaldo legal. É um programa no qual você automaticamente consegue a titulação da sua área sem que alguém vá lá verificar se você está na área. A nossa preocupação é que essa titulação automática possa legalizar áreas de grilagem. Há decisões do Tribunal de Contas da União (TCU) apontando que certas áreas foram concedidas a pessoas que não poderiam receber esses títulos. Esse programa requer uma revisão.

O governo vai tirar quem já está morando nessas áreas?

Não. A vida é olhar para frente. Doravante, nós vamos destinar terra conforme critérios sociais e ambientais. Terra pública não é um bem infinito.

E quem vai decidir isso?

É a Câmara Técnica de Destinação e Regularização Fundiária. Antes, nós ficamos sete anos ao “deus-dará”.

Líderes do campo reclamam que boa parte das 27 superintendências do Incra ainda está nas mãos de aliados de Bolsonaro. Por que a demora nas substituições?

Quinze das 27 superintendências já foram nomeadas e outras 12 serão na semana que vem.

O presidente Lula quer medir a fidelidade da base aliada em votações no Congresso antes de distribuir os cargos que faltam?

O Incra não entra nessa conta. É que, principalmente hoje, para alguém ser nomeado, a vida dele tem que passar por um pente-fino. Então, isso tudo demora.

Por falar em pente-fino, parece que isso não houve com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. O sr. ia assumir Comunicações, mas Juscelino entrou na última hora. O ‘Estadão’ mostrou irregularidades praticadas por ele, como uso de avião da FAB para participar de leilão de cavalos. Lula errou?

Em primeiro lugar, eu estou muito feliz aqui. Em segundo, ele (Juscelino) dialogou com o presidente Lula. O presidente disse que as explicações que ele deu foram satisfatórias. Foi uma nomeação que significou a necessidade de alianças com o Congresso (Juscelino Filho é filiado ao União Brasil) e, portanto, necessária.

Essas críticas que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, fez à reoneração dos combustíveis, às indicações do Ministério de Minas e Energia para o Conselho da Petrobrás e a cobrança dela pelo afastamento de Juscelino atrapalham o governo?

Há temas sobre os quais eu acho legítimo e necessário que o PT se pronuncie e o governo possa concordar ou discordar. Na minha opinião, foi corretíssimo fazer a reoneração dos combustíveis. E também se tocou no tema do PPI (Preço de Paridade de Importação). O que nós temos de ver? Um governo nosso não pode ter um partido que seja subalterno.

Mesmo que isso cause desconfiança e desgaste com o mercado?

Desgaste não se causa por declarações, mas, sim, por políticas. Nesse caso, Gleisi teve uma opinião sobre a desoneração e o governo tinha outra. O PT tem que expressar as suas opiniões e nem sempre a opinião do partido terá razão no governo. É novo porque você vê que nos outros governos não existe partido, não é? Não tem opinião a ser dada. E, no nosso partido, isso é da vida. É proibido proibir no PT.

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Por Letícia Lins*

Tida como referência fundamental nos estudos sobre Clarice Lispector e autora de livros como “Clarice, uma vida que se conta” (biografia) e “Clarice, Fotobiografia”, a professora Nádia Battella Glotib chega ao Recife, para uma tarde de bate-papo e lançamento de “Clarice na memória dos outros“, que ocorre  a partir das 19h30m na Livraria Leitura, que fica no RioMar, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife.

Nádia  é organizadora da publicação que traz ricos depoimentos sobre Clarice, autora de obras como a “A paixão segundo G.H.”, “Perto do Coração Selvagem”, e “Felicidade Clandestina”, que fizeram desta uma das escritoras mais aclamadas e idolatradas da literatura brasileira. Até mesmo a atriz australiana Cate Blanchett revelou, recentemente, ter se rendido aos escritos de Clarice, que classificou de “absolutamente genial”, afirmando que nela busca a “coragem necessária” nesses tempos “tão incertos”. 

A atriz australiana fez os comentários no mês de setembro, ao receber um prêmio no Festival de Cinema de San Sebastian, na Espanha.

No seu mais recente livro sobre Clarice, Nadia reuniu depoimentos de nada menos que 60 pessoas que conheceram, conviveram ou foram amigas de Clarice. Publicada pela Editora Autêntica (SP), a obra inclui depoimentos de gente como Ana Maria Machado, Autran Dourado, Bruna Lombardi, Maria Bethânia, José Castello, Ledo Ivo, Otto Lara Rezende, Chico Buarque, entre outros. 

De Pernambuco, há dois representantes: o escritor Raimundo Carrero e o poeta José Mário Rodrigues – que foi, inclusive, o organizador do livro “O que escrevo continua”, editado pela Cepe, em comemoração ao centenário da escritora. Na publicação, ele assina o capítulo “Quando Clarice voltou”, contando como foram os três dias que ela passou no Recife, na década de 1970. O poeta foi seu cicerone durante a estadia, e quando ela viajou de volta ao Rio de Janeiro, escreveu-lhe um poema.

“A melhor homenagem que eu poderia fazer”, afirma José Mário. Ao  retornar ao Rio de Janeiro, a escritora prometera levá-lo “à minha cartomante”. Mas faleceu antes de cumprir a promessa. Foi José Mário, também, que organizou um almoço de Clarice com o escritor Raimundo Carrero, hoje autor consagrado e premiado.

Carrero está no livro organizado por José Mário, descrevendo “O meu encontro com Clarice”. Lembra o romancista: “Naquele tempo, Clarice já era uma escritora em plena afirmação, amada e aplaudida, senão idolatrada, por centenas de leitores. Qualquer um estaria deslumbrado”, afirma o escritor em seu depoimento. E, agora, os dois figuram no livro de Nádia, que participará do bate-papo no RioMar, tendo  a jornalista, apresentadora e atriz Stella Maris Saldanha como debatedora.

*Jornalista do Oxe Recife

Jaboatão dos Guararapes - Matriculas 2025

Após três horas de audiência realizada na tarde desta quinta-feira (21), no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes confirmou a validade do acordo de colaboração premiada do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência da República Mauro Cid.

O ministro considerou que o colaborador esclareceu as omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal. Assim, as informações apresentadas por Mauro Cid na colaboração seguem sob apuração das autoridades competentes.

No ano passado, o tenente-coronel celebrou o acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal, e a delação foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes. Com a deflagração da operação Contragolpe, na última terça-feira (19), em que foram presos militares que teriam atuado em um plano para matar autoridades, a PF apontou omissões e contradições no depoimento prestado por Cid no mesmo dia. Isso porque a descoberta do plano se deu a partir de conversas encontradas no celular do colaborador.

Na audiência no STF, Mauro Cid prestou os esclarecimentos necessários.

Petrolina - Testemunhal

Primeira mulher eleita para presidir a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Pernambuco (OAB-PE), nos 93 anos de atividades da instituição, a presidente eleita Ingrid Zanella é uma das co-fundadoras do Comitê de Equidade de Gênero e de Diversidade do Setor Aquaviário, lançado nesta quinta-feira (21), em Brasília. 

A coordenação dos trabalhos está a cargo de Flávia Takfashi, diretora da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). A ONU Mulheres, CNI, CNT e CNA, o Ministério dos Portos, entre outras entidades compõem o grupo. Kátia Cubel, presidente do Prêmio Engenho Mulher, representa a sociedade civil. O Comitê tomou posse na sede do Conselho Federal da OAB.

Conheça Petrolina

Por Letícia Lins*

A primeira vez que ouvi falar de Martha de Hollanda (1903-1950), foi há muito tempo, quando entrevistava o poeta Mauro Mota (1911-1984), para escrever uma reportagem sobre caju, tão consumido e apreciado no Nordeste, seja in natura, na batida de cachaça, no suco, nas compotas ou mesmo como passa. Também há quem o use para moquecas vegetarianas. Isso sem falar na castanha, uma das mais deliciosas amêndoas que existem.  Sim, Mauro Mota é autor de um clássico sobre o assunto, “O Cajueiro Nordestino”, árvore nativa do Brasil.

Conversa vai, conversa vem e não lembro como surge o assunto Martha de Hollanda, segundo o poeta, uma mulher muito avançada para o seu tempo. E, também, ousada até no vestir. Ele passa a me contar sua convivência social com a moça ousada e fascinante, que me deixou muito curiosa. Por coincidência, poucos dias após a entrevista, ganho um livro autografado de Cristina Inojosa – “Martha de Hollanda: Feminismo e Feminilidade”, no qual ela relata a trajetória da mulher que mexeu com a sociedade pernambucana nas primeiras décadas do século passado e que até hoje é reverenciada na cidade onde nasceu, Vitória de Santo Antão, onde Martha virou uma espécie de lenda, sobre a qual contam fatos e versões.  

A menina que se transformara, depois, “numa mulher rebelde, personalíssima e intelectual”. Para Inojosa, Martha teve “um comportamento diferenciado no sentido de procurar vencer barreiras sociais, contrariando uma família tradicionalista e uma sociedade hermética”.

Mas não é só isso. Martha de Hollanda foi articulista política, escritora, feminista, agitadora cultural, segundo mostra Cristina Inojosa no livro agora reeditado e que terá festas de lançamentos em dois dias seguidos, em São Paulo, na quinta e na sexta-feira desta semana.

Martha foi para o Recife para fundar o movimento Cruzada Feminista Brasileira, no intuito de ajudar outras mulheres a lutarem por seus direitos. Foi a primeira mulher a votar em Pernambuco, além de ser poeta e gostar de agitar a vida cultural, promovendo saraus. Cristina Inojosa (1940-2007), historiadora, publicou, em 1984, o livro “Martha de Hollanda: feminismo e feminilidade”, um ensaio a respeito da feminista. 

O relançamento, sob a edição do Selo Mirada e organização de Henrique Inojosa, está programado para acontecer em São Paulo, o que é muito bom para tornar mais conhecida essa mulher tão surpreendente, uma espécie de Pagu pernambucana. Os lançamentos ocorrem nos dias 22/11, (na Ria Livraria) e 23/11 (no Cine Café Felini) às 18 horas, dentro da programação do Circuito Literário Artístico Mirada.  

*Jornalista do Oxe Recife

A Polícia Federal (PF) concluiu nesta quinta-feira (21) o inquérito que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

Em nota divulgada há pouco, a PF confirmou que já encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório final da investigação. Entre os indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa estão Bolsonaro; o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Outras 29 pessoas foram indiciadas. São elas: Ailton Gonçalves Moraes Barros; Alexandre Castilho Bitencourt da Silva; Amauri Feres Saad; Anderson Lima de Moura; Angelo Martins Denicoli; Bernardo Romão Correa Netto; Carlos Cesar Moretzsohn Rocha; Carlos Giovani Delevati Pasini; Cleverson Ney Magalhães; Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira; Fabricio Moreira de Bastos; Fernando Cerimedo; Filipe Garcia Martins; Giancarlo Gomes Rodrigues; Guilherme Marques de Almeida; Helio Ferreira Lima; José Eduardo de Oliveira e Silva; Laercio Vergilio; Marcelo Bormevet; Marcelo Costa Câmara; Mario Fernandes; Nilton Diniz Rodrigues; Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho; Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira; Rafael Martins de Oliveira; Ronald Ferreira de Araujo Júnior; Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros; Tércio Arnaud Tomaz e Wladimir Matos Soares.

Segundo a PF, as provas contra os indiciados foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo Poder Judiciário.

As investigações apontaram que os envolvidos se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência de ao menos seis núcleos: o de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral; o Responsável por Incitar Militares a aderirem ao Golpe de Estado; o Jurídico; o  Operacional de Apoio às Ações Golpistas; o de Inteligência Paralela e o Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.

“Com a entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, informou a PF.

Da Agência Brasil

O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto, participou, nesta quinta-feira (21), de uma audiência com o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho; o comandante geral da Polícia Militar de Pernambuco, Coronel César Torres; e a delegada geral adjunta da Polícia Civil de Pernambuco, Beatriz Leite, para solicitar reforço na segurança pública dos municípios do Agreste Meridional. Acompanhado do prefeito reeleito de Lajedo, Erivaldo Chagas, Porto pediu mais policiamento e ações que inibam a violência naquela região. 

“Tanto Lajedo quanto os demais municípios do Agreste Meridional estão sofrendo com os frequentes assaltos, nas áreas urbanas e também nas áreas rurais, que são ainda mais expostas aos ataques. É preciso reforço na atuação das polícias para que a população não fique nas mãos dos bandidos”, disse.

Segundo o deputado, seu gabinete tem sido procurado por prefeitos e lideranças locais preocupados com o aumento no número das investidas dos assaltantes. “Solicitamos que haja uma mobilização de modo a reprimir a insegurança. Nas cidades, as pessoas estão se trancando nas suas casas. Já quem mora nos sítios está sendo obrigado a andar armado por conta do receio de assalto”, completou.

O secretário Alessandro Carvalho, o comandante geral da PMPE e a delegada geral adjunta da Policia Civil receberam as informações e se comprometeram a tomar medidas para garantir mais segurança para a população do Agreste Meridional. 

A Polícia Federal (PF) deve indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado no Brasil depois do resultado da eleição presidencial de 2022, como mostrou a CNN. Se a inclusão do ex-chefe do Executivo no inquérito se confirmar, será o terceiro indiciamento de Bolsonaro.

Leia abaixo sobre os inquéritos referentes à tentativa de golpe e aos outros dois em que o ex-presidente foi indiciado.

Plano golpista

A Polícia Federal investiga uma organização que planejava matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo era dar um golpe de Estado e manter Bolsonaro na Presidência.

Relatório da PF mostra que a organização, formada por quatro militares de alta patente e um policial federal, cogitou envenenar Lula e Moraes. Artefatos explosivos também foram considerados.

Na operação, a PF obteve mensagens do tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordens de Bolsonaro à época. Nas mensagens, Cid afirma que o então presidente estava sendo “pressionado” para dar um golpe por deputados e por alguns empresários do agronegócio.

Segundo apuração da CNN, o relatório da corporação concluiu que Bolsonaro tinha “pleno conhecimento” do plano golpista.

O depoimento de Mauro Cid foi o último para a Polícia Federal finalizar o inquérito que apura a trama golpista.

Joias sauditas

Em julho deste ano, a PF indiciou Bolsonaro no âmbito da investigação relacionada à venda de joias sauditas presenteadas ao governo brasileiro e, posteriormente, negociadas nos Estados Unidos.

O ex-presidente foi indiciado por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos.

A investigação apura se Bolsonaro e ex-assessores desviaram, do acervo presidencial, peças valiosas presenteadas a ele quando era presidente do país.

Fraude em cartão de vacina

A PF também indiciou Bolsonaro e Mauro Cid por participação em esquema de fraude em registro no cartão vacinal contra a Covid-19.

A corporação investiga a ação de uma associação criminosa que teria feito registros falsos de doses contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde para diversas pessoas.

Investigadores da PF afirmam que o ex-presidente se beneficiou do esquema de fraudes nos documentos.

Um produto cada vez mais procurado e bem aceito pelos brasileiros, o seguro de vida é uma modalidade de seguros que vai muito além da cobertura em casos de morte. Seu crescimento expressivo de cerca de 15% no primeiro semestre de 2024, em comparação com o ano anterior, demonstra o interesse por mais cobertura também para os casos de doenças graves e afastamento do trabalho.

Especialmente importante para os profissionais liberais e empreendedores, num contexto de crescimento desse tipo de trabalhador no mercado de trabalho, o seguro de vida garante renda quando se deparam com um empecilho para o trabalho. Seja afastamento por motivo de doença ou tratamento, seja por invalidez temporária ou permanente, o seguro de vida vem em auxílio destes, mas também dos profissionais registrados.

O advento do seguro de vida inclusivo

Além disso, uma nova modalidade de seguros, a de seguros de vida inclusivos, com prestações mais em conta e com mais flexibilidade nos tipos de cobertura, têm tido crescimento importante entre as classes mais baixas e entre os MEI. Muitas empresas de seguros têm ofertado apólices cujo prêmio, isso é, o preço a ser pago periodicamente é a partir de R$ 5. 

Para Eduardo Bom Ângelo, presidente da BrasilPrev, empresa de previdência do Banco do Brasil, não se tratam de produtos só para quem é de baixa renda, mas também para quem quer apenas pagar menos. Um dos motivos dessa oferta a preços mais baixos passa pelo grande mercado disponível, uma vez que o mercado de produtos para rendas mais altas beira o esgotamento.

Benefícios do seguro de vida para baixa renda

Entre os benefícios do seguro de vida inclusivo, além da cobertura para os casos de morte, doença grave, invalidez e também funeral em muitos casos, está até mesmo a quitação de dívidas em caso de desemprego. Para Patrícia Soeiro, superintendente em uma empresa de seguros, “o seguro para baixa renda é importante porque esse público demoraria muito para juntar o valor pago de indenização, ou teria que se endividar para resolver o problema”.

Seguro de vida é uma forma de planejamento 

Logo, o seguro também tem um papel social importante. Esse ponto é afirmado pelo presidente da Caixa Seguridade, Felipe Montenegro Mattos. Para ele, o que segue é uma cultura de prevenção. A empresa pública oferece em seu produto descontos em farmácias ou em cestas básicas por determinado tempo, além da renda para os casos de afastamento do trabalho.

Nesse sentido, trata-se também de alimentar uma cultura de planejamento financeiro nas famílias brasileiras. Para isso, o segurado deve escolher um tipo de plano que mais se adequa à sua realidade. Além disso, deve apontar também quais serão os beneficiários para o caso de morte. Para o corretor Thiago Sena, porém, “o seguro de vida acaba cobrindo bem mais em vida do que após a morte”.

A expansão do assunto entre todas as camadas sociais ajuda a tirar as dúvidas sobre o que é seguro de vida e o quanto ele auxilia no planejamento e na segurança das famílias ou mesmo de indivíduos solteiros. Afinal, o seguro de vida traz liquidez e protege o patrimônio no caso de eventualidades, e a manutenção do estilo de vida é certamente do interesse de todos.

Por Isabel Cesse

A chamada ‘Operação Faroeste’, do Ministério Público Federal — deflagrada em 2019 e que apura ilícitos referentes a disputas de terras no oeste baiano, em diversos inquéritos — continua levando a decisões que têm chamado a atenção em todo o Judiciário. Principalmente, pelo fato de ter diversos magistrados no epicentro da investigação. No mais recente desdobramento do caso, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu por unanimidade, esta semana, aposentar compulsoriamente a desembargadora Lígia Maria Ramos Cunha Lima, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA).

A aposentadoria compulsória de um magistrado costuma ser um julgamento que leva a longos debates nas sessões do CNJ e é visto com cautela por parte dos conselheiros. É muito difícil quando uma decisão deste porte é acolhida por unanimidade, como aconteceu no caso de Lígia Lima.

Acontece que a magistrada foi investigada no âmbito da Operação Faroeste por suposta participação em um esquema de venda de sentenças, grilagem de terras, organização criminosa voltada para lavagem de dinheiro e corrupção. A decisão foi tomada no julgamento de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que teve como relator o conselheiro João Paulo Schoucair.

Conforme o voto do relator, os indícios apontam para faltas funcionais graves por parte da desembargadora, incluindo interferência na atividade jurisdicional para atender a interesses particulares e econômicos de seus filhos e conluio para interferir nas investigações sobre o esquema de venda de decisões no tribunal.

“As evidências mostram uma atuação direta da desembargadora em sua assessoria, com o objetivo de obstruir investigações e manipular fatos para seu benefício. O conjunto probatório demonstra que ela atuou de maneira desapegada aos deveres e obrigações inerentes à atividade jurídica”, afirmou o conselheiro.

Entre as violações atribuídas à magistrada estão a quebra de normas da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) e do Código de Ética dos Magistrados. A defesa de Lígia Maria Ramos Cunha Lima havia questionado a justa causa para a continuidade do PAD, alegando violação ao devido processo legal, mas o relator refutou todas as alegações, afirmando que o conjunto de provas reunido era suficientemente robusto para comprovar a responsabilidade disciplinar da desembargadora.

A segunda do grupo

No último dia seis, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu denúncia do Ministério Público Federal contra outra julgadora do mesmo TJBA: a desembargadora Sandra Inês de Azevedo. Ela está sendo acusada de participar do mesmo esquema de venda de decisões. Os ministros do STJ — decidiram pelo ajuizamento da ação, que terá a magistrada como ré.

A diferença entre a situação das duas magistradas é que Sandra Inês estava afastada do cargo, mas não aposentada. E o que foi autorizado pelo STJ foi a abertura de uma ação penal contra ela. No caso de Lígia Maria, ela foi aposentada agora pelo CNJ. E segue sujeita a ações penais que possam vir a ser ajuizadas contra ela posteriormente.

Para o relator que analisou a denúncia no STJ referente a Sandra Inês, ministro Og Fernandes, o caso “apresenta provas de materialidade dos crimes praticados e indícios suficientes de autoria, de modo a afastar a possibilidade de uma ação penal temerária”.

Nos bastidores do CNJ e do STJ, as informações dos conselheiros e dos ministros é que vem mais chumbo grosso sobre o caso, uma vez que a Operação Faroeste tem descoberto ainda mais nomes envolvidos nos ilícitos, entre autoridades e profissionais respeitados profissionalmente em todo o país. O número do processo julgado esta semana pelo CNJ é o PAD 005357-19.2022.2.00.0000

A gestão municipal de São José do Egito, no Sertão do Pajeú, realizou quase R$ 4 milhões em compras de materiais de expediente, limpeza e merenda escolar ao longo de 11 meses, todas sem processo licitatório. Os valores foram pagos a apenas três fornecedores, levantando suspeitas sobre a prática.

Nos primeiros seis meses de 2024, a empresa Pajeú Nordeste recebeu R$ 1.150.000,00 dos cofres públicos. Já nos três meses que antecederam as eleições, a empresa Expedito Romário, localizada no Sítio Lagoinha, em Brejinho, vendeu quase R$ 2 milhões. Após o período eleitoral, a empresa Rodolfo Silva Bezerra, com sede em Tabira, movimentou R$ 850.000,00.

As compras foram realizadas por meio das secretarias de Saúde, Ação Social e Educação, sob responsabilidade de Paulo Juca, Isabele Valadares e Selma Leite, respectivamente, com aval do prefeito Evandro Valadares.

Em seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, o deputado federal Lula da Fonte (PP), já alcançou a segunda posição entre os 28 parlamentares federais de Pernambuco no Ranking dos Políticos. Com nota 8,37, o deputado se destaca pela atuação ética e eficiente, sempre comprometido com as demandas do estado e do país.

A avaliação considera critérios como participação nas sessões e votações relevantes, uso responsável dos recursos públicos e integridade no desempenho do cargo. “Receber esse reconhecimento em meu primeiro mandato é uma motivação extra para continuar trabalhando com seriedade e dedicação. Meu compromisso é com o povo de Pernambuco e com um Brasil mais justo e eficiente”, disse o parlamentar.

O Banco do Nordeste (BNB) realizou, nesta quinta-feira (21), em Sertânia, a entrega do XVII Prêmio Banco do Nordeste de Microfinanças e do IX Prêmio Banco do Nordeste da Agricultura Familiar. O evento, sediado no Clube América, reuniu autoridades como o presidente do BNB, Paulo Câmara, representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Secretaria de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco, além de lideranças da Fetape e Fetraf.

Os prêmios destacaram empreendedores que impulsionaram seus negócios com microcrédito orientado dos programas Crediamigo e Agroamigo, promovendo crescimento econômico e geração de empregos em suas comunidades. Também foram reconhecidos empreendedores que implementaram práticas sustentáveis e mulheres que lideram negócios de impacto em suas localidades.

Durante a cerimônia, o BNB anunciou a assinatura de 300 novos contratos do Agroamigo, com um investimento total de R$ 4,5 milhões. O montante será destinado ao fortalecimento da economia de Sertânia e das regiões circunvizinhas.