Por Mauro Ferreira Lima*
Neste próximo dia 10, será aberta, em Belém, a Conferência das Partes Sobre Mudanças Climáticas. Se estenderá por 12 dias, até o dia 21. Dos 197 países que subscreveram o ‘Acordo de Paris’, na 21ª COP, 147 estão inscritos, até o presente. Entre estes, a presença de líderes globais atinge o patamar de 57. Pouco, ainda!
Espera-se que tal número se eleve, desde que sejam superados os diversos entraves que se verificaram para Belém sediar este evento. Lá, ressalte-se a precária infraestrutura local e a baixa oferta de acomodações para receber os inscritos. Serão milhares de delegados, jornalistas, representantes de ONG’s, além de líderes nacionais protagonistas e interessados nas discussões que ali ocorrerão, que lá aportarão.
Leia maisAlém desses obstáculos, outros de ordem ambiental e geopolítica comprometem o processo de mitigação desses graves fenômenos climáticos. No contexto ambiental, a decisão do presidente Lula (PT) de oficializar a prospecção para exploração de petróleo na margem equatorial da Amazônia, destaca-se como elemento que vai de encontro aos objetivos desta COP.
A Petrobras, há 22 dias, já trabalha na exploração desta polêmica área de rigorosa preservação ambiental. O Brasil, como referência climática global, face a sua diversidade de recursos naturais, deverá ser muito cobrado pela decisão de explorar petróleo naquela área de tanta sensibilidade natural.
O presidente joga por terra sua legitimidade como pretendente a liderar, mundialmente, o contexto da proteção ambiental. Deverá ser contestado fortemente, e isto poderá levá-lo a manter um posicionamento muito defensivo que tenderá a atingir o pleno êxito do evento.
Entre outros fatores contundentes que irão comprometer o sucesso desta COP, estão as reiteradas e devastadoras declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contrárias à exploração de energias alternativas como a eólica e solar, ao mesmo tempo em que estimula a utilização de carvão e produção petrolífera, seja via perfurações de poços, ou à base de exploração de xisto.
Continua este presidente a se digladiar com todos aqueles que contestam seu negacionismo climático. Desde o Acordo de Paris, na COP 21, a comunidade internacional se comprometeu a limitar o aquecimento global a 1,5 graus centigrados, tendo como referência o início da Revolução Industrial do século XVIII.
No entanto, passados 20 anos dessa COP, os resultados são pífios. Já estamos em cima desta gradação!
Posicionamentos como esses do presidente da segunda maior nação poluidora do mundo, só contribui para estabelecer-se uma crença geral que caminhamos para uma situação de gravíssimo colapso climático nas próximas 3 décadas.
Posicionamentos negacionistas concomitantes a interesses econômicos e geopolíticos preponderam e deixam a urgência ambiental em segundo plano. As emissões de gases de efeito estufa como CO2, óxido nitroso e metano, continuam presentes em ritmo de redução bastante aquém do acordado em 2015. Metas nacionais, em sua maioria, não estão sendo cumpridas.
Na COP 28, em Dubai, há 2 anos, houve um compromisso de aportar-se 100 bilhões de dólares, anualmente, para mitigação dos efeitos desses gases que afetam a ordem climática. Ficou no papel!
Enquanto isto, o Planeta continua sentindo avançarem os efeitos de uma crise que já se caracteriza como um estado de emergência climática geral.
Secas extremas, enchentes, ondas de calor e perda acelerada da biodiversidade, são sentidas em praticamente todas as regiões do Planeta.
A ausência absoluta de mecanismos obrigatórios para a efetivação do que já foi acordado, continua! Têm sido apenas intenções!
A COP 30 corre o risco de repetir este mesmo roteiro. Palavras, palavras…
Ações concretas… poucas!
As negociações que se verificam em cada Cúpula, se tornam reféns de interesses econômicos e geopolíticos, enquanto a urgência ambiental segue em segundo plano.
Atitudes como a do presidente do Brasil junto com a ausência e negacionismo dos Estados Unidos, e mais, a inexistência de imposições financeiras aos países mais responsáveis por este estado de calamidade climática, podem comprometer irremediavelmente os resultados desta COP 30, caracterizando o que, lamentavelmente, poderá resultar em um grande fiasco.
Que esta análise não se verifique e que tudo ocorra bem, mesmo sem os Estados Unidos presentes!
*MS em Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente
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