A primeira CPI do Governo Raquel?
Em setembro do ano passado, este blog denunciou, em primeira mão, a dispensa de licitação, no valor de R$ 52 milhões, pela Secretaria estadual de Educação, para promoção da Feira Nordestina do Livro, que aconteceria entre 25 de setembro e 5 de outubro. Caiu como uma bomba, um escândalo, na verdade, o que levou a governadora a cancelar.
A secretária de Educação, Ivaneide Dantas, chegou a argumentar que R$ 41 milhões seriam utilizados em bônus para profissionais de educação na aquisição de livros durante a feira e que os R$ 11 milhões restantes seriam destinados ao incremento do acervo das escolas da rede estadual de ensino.
Leia maisMas ninguém engoliu, nem mesmo o Tribunal de Contas do Estado, que chegou a ser acionado por deputados estaduais da oposição. Tudo porque não havia algo fundamental: transparência sobre o orçamento do evento. Em 2018 e 2019, a mesma feira custou cerca de R$ 1,3 milhão aos cofres públicos, valor 40 vezes menor que o previsto pela gestão da governadora Raquel Lyra (PSDB).
O desastroso Governo de Raquel Mandacaru não desistiu da feira. E está promovendo em vários municípios numa forma que cheira a novo escândalo: através de um bônus, professores da rede estadual podem comprar até R$ 1 mil em livros e os funcionários das escolas até R$ 500,00, desde que seja nessas tais feiras, organizadas por uma empresa privada.
Segundo denunciou ontem o jornal online O Poder, a empresa promotora atua em subterrâneos dos negócios da feira não explicados. Além de suspeitas, as feiras estão sendo realizadas sem um mínimo de organização: calor intenso, banheiros químicos sujos, corredores intransitáveis, livros caríssimos, acima dos preços do mercado, além de uma praça de alimentação que não comporta a quantidade de visitantes e nenhum local para sentar-se.
O chamado Circuito Literário de Pernambuco (Clipe) recebe uma enxurrada de reclamações por parte dos professores, que deveriam ser os principais beneficiados com a feira. O objetivo é só vender livros para professores e funcionários gastarem os bônus dados pelo Governo.
Além de estranho, esse evento é uma vergonha. Por isso, já há um movimento na Assembleia para criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar tudo isso.
Mais estranheza – Na época, tão logo a governadora cancelou a dispensa de licitação da feira, a Andelivros (Associação do Nordeste das Distribuidoras e Editoras de Livros), organizadora do evento, divulgou uma nota informando que o evento “foi adiado para uma nova data, que está sendo discutida e será, em breve, anunciada”. “Para os expositores que, no entanto, não desejarem manter sua participação na feira, será devolvido o valor que foi pago. Qualquer outra dúvida, pedimos que entre em contato com a produção da feira, através do e-mail: aceventosne@gmail.com, ou pelo telefone (81) 9.9213-4402″, acrescentou a nota.
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Greve de advertência – O que já se esperava, aconteceu: policiais civis rejeitaram, ontem, a proposta de reajuste salarial oferecida pelo Governo Raquel e decidiram, em assembleia, promover uma paralisação de 24 horas. Segundo o presidente do Sinpol, a categoria tentou, de todas as formas, convencer o Governo sobre a urgência na valorização e reestruturação do Juntos pela Segurança. “Infelizmente, apesar de todo montante de investimento anunciado para segurança pública, existe um impasse político por parte de alguns integrantes do governo”, afirmou o presidente da instituição, Áureo Cisneiros.
Levando sol e chuva – O desgoverno Raquel Mandacaru ainda não explicou por que o estacionamento da Secretaria de Educação está abarrotado de ônibus escolares, enquanto faltam veículos para transportar alunos no Interior. Em vídeos registrados por servidores da educação, é possível ver a quantidade de veículos parados no pátio da pasta. Os equipamentos estão por lá há meses sem destinação e enfrentando deterioração. “Mais de 100 ônibus parados. Que coisa mais estranha. As escolas não quiseram? O que houve?”, questionou um professor. Segundo ele, os ônibus começaram a chegar desde o lançamento do programa Todos pela Educação, em junho do ano passado.
Queda de popularidade – Pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira mostra uma tendência de queda na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre eleitores da capital de São Paulo, na contramão da aprovação ascendente do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na região. Conforme o levantamento, Lula é avaliado como “ótimo/bom” por 35% do eleitorado paulista. Em março, o grupo representava 38% do todo. A variação do índice está dentro da margem de erro. Mesmo assim, em comparação com os resultados de agosto de 2023, os dados representam uma queda significativa: antes, 45% dos paulistas.
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Reação fria – Aparentemente, o deputado estadual Luciano Duque, eleito pelo Solidariedade e que não pode contar com o partido para seu projeto de disputar a Prefeitura de Serra, por negação de legenda, decisão da presidente estadual, Marília Arraes, não perdeu a cabeça ainda. “Recebo com tranquilidade. Ela é a dona do partido, então ela toma a decisão que achar mais conveniente para o partido”, disse, ontem, ao blog da Folha, assinado pela jornalista Carol Brito.
CURTAS
REELEIÇÃO – O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse, ontem, numa entrevista à emissora BandNews, que o presidente Lula (PT) é “candidato natural à reeleição” em 2026. “O presidente Lula é candidato natural à reeleição. Num sistema de reeleição, o titular é um candidato natural”. Evitou, no entanto, responder sobre participar novamente da chapa como vice do petista.
RELAÇÃO BOA – Na entrevista, o vice-presidente afirmou também que sua relação com Lula é “muito próxima”. “O presidente chama ao Palácio, toda hora, para reuniões, apresentação de propostas. Então, tem dia que a gente se encontra três vezes por dia, e tem semana que se encontra duas vezes por semana. Varia muito”, disse.
ENTREVISTA – Marília Arraes convocou uma entrevista coletiva, hoje, em Serra Talhada, para explicar as razões de ter negado legenda para Luciano Duque disputar a Prefeitura do município. Ao mesmo tempo, fala da sua decisão de apoiar a reeleição da prefeita Márcia Conrado (PT).
Perguntar não ofende: A oposição na Alepe tem número suficiente para aprovar a CPI da Feira do Livro?
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