Em 2026, Lula deve repetir estratégia de 2006 e subir em dois palanques em Pernambuco
Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog
A última semana foi de movimentações na política pernambucana, com o PT no centro dos debates para as eleições de 2026. Ao contrário do que os políticos gostam de dizer, as articulações para o próximo ano já estão a todo vapor e os possíveis candidatos tentam garantir as melhores condições para seus grupos, tanto o presidente Lula (PT), quanto a governadora Raquel Lyra (PSDB), como o prefeito do Recife, João Campos (PSB).
A conclusão que dá para chegar neste momento é a seguinte: para a disputa pelo Governo do Estado, tanto a governadora Raquel Lyra quanto o prefeito João Campos estão interessados em ter o presidente Lula nos seus palanques, mesmo que isso signifique dividir o petista com o grupo adversário e esteja Raquel Lyra em qual partido estiver até lá. Apesar da popularidade em queda, Lula ainda é o maior cabo eleitoral de Pernambuco.
No Nordeste, o presidente é imbatível e é preciso considerar que até a eleição do ano que vem, ele ainda tem tempo de recuperar a imagem, fazer entregas, viajar e conversar pessoalmente com os eleitores. Além disso, nenhum outro nome lidera as intenções de voto do campo progressista hoje no Brasil como o de Lula.
Leia maisÉ interessante tanto para Raquel quanto para João ter o presidente em seus palanques. Mais do que isso: é muito pouco provável que, o presidente escolhendo um lado ou outro no pleito, quem supostamente ficasse de fora não fosse pedir votos para Lula em 2026, já que o petista ajudou as duas administrações, de Pernambuco e do Recife, com milhões em recursos e com a atenção de ministros que vieram pessoalmente várias vezes ao Estado, nos últimos dois anos.
Tanto é verdade que, na mesma semana em que o titular deste blog revelou que o poderoso ministro da Casa Civil de Lula, Rui Costa, quer Raquel Lyra no PT, João Campos cuidou logo de garantir a foto com o presidente em visita à Brasília. Já a governadora Raquel Lyra não disse nada, mas também não “desdisse”.
O presidente Lula, por sua vez, sabe que a eleição de 2026 não vai ser fácil para a esquerda e também tem interesse em ter os dois principais palanques do pleito pernambucano abertos para ele. Habilidoso e experiente, Lula não vai se fazer de rogado se precisar subir nos dois palanques e agradar todo mundo, como já fez na eleição de 2006, quando apoiou as candidaturas de Eduardo Campos e de Humberto Costa ao Estado.
LULA QUER RESULTADOS – Também pensando em 2026, o presidente vai cobrar mais resultados dos ministros. Ainda em meio a uma espécie de ressaca da “crise do Pix”, Lula vai passar o recado para a equipe na próxima segunda-feira (20). Ele quer ações concretas das pastas para mostrar serviço à população. Vai ser a primeira reunião ministerial do ano e ele pediu aos ministros que apresentem no encontro uma lista do que será entregue por cada um em 2025. Existe um clima de otimismo com a chegada do novo titular da Comunicação, Sidônio Palmeira. Aliados do Governo, no entanto, alertam para a necessidade de o time de Lula colaborar com medidas que beneficiem a população, para que as mudanças na comunicação tenham consequência prática na popularidade do líder petista.
Popularidade em baixa – O presidente vem, desde o ano passado, com a popularidade despencando. A mais recente pesquisa, da Gerp, foi divulgada ontem (17). O governo é aprovado por 38% dos brasileiros e reprovado por 50%, segundo o levantamento. Cerca de 12% dos entrevistados não sabem ou não responderam. As informações são do portal Exame. A pesquisa foi conduzida entre os dias 11 e 15 de janeiro e indica que acontecimentos recentes, como as normas da Receita Federal aumentando a fiscalização das operações financeiras e a disseminação de mentiras sobre a suposta taxação do Pix, podem ter influenciado na avaliação.
Bolsonaro não vai ver Trump – Já o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não vai conseguir ver a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na próxima semana. O ministro do STF Alexandre de Moraes rejeitou, ontem, o recurso da defesa de Bolsonaro para liberá-lo a ir ao evento. O ex-chefe de Estado argumentou que cumpre integralmente as medidas cautelares desde as suas imposições e que “nada indica” que a devolução do passaporte por um período delimitado e justificado possa trazer riscos. Mas Alexandre de Moraes alegou que poderia haver fuga em caso de prisão decretada no inquérito da tentativa de golpe de Estado, em 2022.
Mas os deputados bolsonaristas vão – Ao contrário de Bolsonaro, um grupo de ao menos 20 deputados federais deve participar da posse de Donald Trump. O principal organizador da delegação de parlamentares é o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos do ex-presidente e atual secretário de relações institucionais e internacionais do partido. Eduardo mantém relação com aliados de Trump e esteve nos Estados Unidos para acompanhar a eleição, em novembro passado. Ele inclusive participou de um jantar na casa de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida.
Comemorou – A deputada federal Clarissa Tércio (PP) celebrou a decisão do Governo Lula de revogar a nova medida da Receita Federal que ampliava o monitoramento e controle das transações realizadas pelo Pix. Para Clarissa Tércio, a revogação enfatiza a importância da mobilização popular e o papel das redes sociais na influência das decisões governamentais. “Esta vitória é do povo brasileiro, que não aceita ser fiscalizado de maneira opressiva e sem transparência. A revogação desta norma mostra que quando nos unimos e usamos nossa voz, podemos fazer o Governo recuar de medidas que prejudicam a população”, afirmou.
CURTAS
Educação de Pernambuco 1 – Este blog divulgou com exclusividade, ontem, que a Secretaria de Educação do Governo Raquel Lyra pagou com recursos da própria pasta R$3 milhões para a União Nacional de Estudantes (UNE) realizar a 14ª Bienal de Arte e Cultura da UNE. O pagamento ocorreu após a saída conturbada do ex-secretário Alexandre Schneider, que pediu as contas e voltou para São Paulo.
Educação de Pernambuco 2 – O dinheiro enviado à UNE inicialmente seria pago pela Secretaria Estadual da Criança e Juventude, mas cinco dias após a saída de Schneider, houve a mudança e os recursos sairão da Secretaria de Educação, por meio de um “termo de execução descentralizada” dos recursos. A medida revoltou professores e chamou atenção porque chegou após o ex-secretário enviar a nota de despedida para governadora dizendo textualmente que “há valores que são inegociáveis”.
Dificuldade financeira – A prefeita de Sertânia, Pollyanna Abreu (PSDB), reuniu a imprensa, ontem, e afirmou que o quadro financeiro da cidade é crítico. Segundo ela, o ambiente deixado pela gestão do ex-prefeito Ângelo Ferreira (PSB) é de dívidas superiores a R$ 10 milhões, incluindo débitos com fornecedores e pendências previdenciárias. De acordo com a prefeita, a nova equipe encontrou o saldo de apenas R$22 mil no Instituto de Previdência dos Servidores de Sertânia, que antes contava com R$18 milhões. Apesar da situação, Pollyanna garantiu que fará o aporte necessário para assegurar o pagamento dos aposentados.
Perguntar não ofende: o ano letivo em Pernambuco vai começar sem que haja um novo secretário de Educação?
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