Prova de fogo para propaganda?
O título não está na ordem inversa. Sim, 2022 será importante para medir se de fato a propaganda eleitoral de rádio e televisão ainda impacta fortemente nos rumos de uma campanha. Nessa época do ano, as pesquisas ainda não desprezam os percentuais de indecisos e daqueles que declaram voto nulo ou branco.
Esse cálculo só é feito em setembro, e sugere um impacto maior que o de costume. Mas a história demonstra que não é tamanho. Na primeira semana de agosto de 2006, Eduardo Campos pontuava com 14% (e não com os 4% que aliados insistem em propagar. Mendonça Filho, então governador, tinha 32% e Humberto Costa 24%. Aqueles que não declaravam voto beiravam a casa dos 20%. O resultado final do primeiro turno foi Mendonça com 39%, Eduardo com 33% e Humberto com 25%.
Leia maisNa última disputa, em 2018, Paulo Câmara tinha 30% em 22 de agosto, enquanto seu principal adversário, Armando Monteiro, registrava 24%. Brancos, nulos e aqueles que não declararam voto eram 35%. Nas urnas, o socialista terminou reeleito com 50,7%, contra 35,99% do rival. Dado o histórico da relação pesquisa/urna, não se deve esperar candidatos subindo 20 pontos percentuais até outubro.
Ainda mais porque a quantidade de postulantes a governador nunca foi de cinco nomes. Assim, é praticamente certo descartar uma eleição de primeiro turno, mas o segundo colocado não deverá passar com tanta folga. Assim, a propaganda eleitoral, expressivamente reduzida, e um eleitorado que cada vez menos assiste televisão aberta não devem produzir efeitos tão drásticos. Agora é esperar para ver qual prognóstico a realidade vai confirmar.
Democracia vip – A sacada da Faculdade de Direito da USP virou uma espécie de “área vip” para acompanhar os atos em defesa à democracia, ontem, na capital paulista. Em baixo da faixa “Estado de direito sempre”, nomes como a cantora Daniela Mercury, Malu Verçosa, sua esposa, e o jornalista Chico Pinheiro assistiram aos discursos. Professores da USP, nomes do mercado financeiro, políticos como o ex-ministro Aloizio Mercadante, Joice Hasselmann, Marina Silva e Guilherme Boulos também foram vistos na área. A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) marcou presença no evento e comentou: “Esse é um momento de resgate da nossa democracia, algo que lutamos muito para conquistar”.
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Voto contra Lula – O ex-ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, confessou, ontem, que votaria no presidente Jair Bolsonaro (PL) em um 2º turno contra Lula (PT). O juiz, no entanto, afirmou não ser “bolsonarista”. “Não imagino uma alternância para ter como presidente da República aquele que já foi durante oito anos presidente e praticamente deu as cartas durante seis anos no governo Dilma Rousseff [PT]. Penso que potencializaria o que se mostrou no governo atual e votaria no presidente Bolsonaro, muito embora não seja bolsonarista”, disse em entrevista ao portal UOL.
Ciro no primeiro turno – Marco Aurélio Mello também declarou seu voto no 1º turno em Ciro Gomes (PDT). Segundo o ex-ministro, “ninguém conhece mais o Brasil do que Ciro Gomes”. O pedetista, disse, “às vezes é um pouco açodado na fala”, mas “é um bom perfil”. O ex-ministro declarou que, em sua opinião, um ponto positivo do governo Bolsonaro é a escolha dos ministros. “Cito, por exemplo, a atuação, que é digna de elogio, do ministro da Fazenda, Paulo Guedes”, destacou.
A cartinha – O governo Jair Bolsonaro e a campanha à reeleição do presidente buscaram minimizar os atos em defesa da democracia pelo País. O presidente, ministros e coordenadores de campanha traçaram a estratégia de colar a iniciativa à oposição e trataram o ato realizado na Faculdade de Direito da USP como algo menor. Bolsonaro optou, por enquanto, por ignorar o tema em público, depois de dizer que não assinaria a “cartinha”. Nos bastidores, porém, ministros do Palácio do Planalto admitiram desconforto com os atos e já vinham reclamando que todos se identificavam como democratas e que nenhuma ruptura seria positiva para o País.

Vem bomba aí? – Faltando três dias para o início da campanha de rua, a candidata do Solidariedade ao Governo do Estado, Marília Arraes, convocou para hoje uma coletiva, que está gerando grande expectativas. Diz que trará boas novas para o período que se aproxima, mas deve tratar também das agressões que começou a receber dos adversários, especialmente do PSB, até no campo pessoal. Mas deve soltar outras cositas mais.
CURTAS
ESTRELA SOLITÁRIA – Ex-aliada de Jair Bolsonaro (PL), a deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP), também presente no ato pela democracia em São Paulo, disse que chegou a fazer contato com outros políticos da centro-direita para apoiar o ato, mas teve poucas respostas. “Acho que eu sou uma das poucas representantes desse grupo hoje aqui”, comentou.
EM PERNAMBUCO – No Recife, o manifesto pela democracia, promovido pelas centrais sindicais e partidos de oposição, saiu da Rua da Aurora, em frente ao Ginásio Pernambucano, e culminou na histórica Pracinha do Diário, atraindo um grande número de jovens estudantes, lideranças sindicais e políticos.
Perguntar não ofende: Quem vai crescer mais entre os candidatos a governador com a chegada da campanha de rua e depois a propaganda na TV?
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