Chapa com votações baixíssimas
Além de todas as dificuldades que a Frente Popular tem enfrentado no curso da pré-campanha, a maior delas, provavelmente, seja o efeito do voto popular dos seus candidatos protagonistas que compõem a chapa majoritária. Considerando as últimas votações de Danilo Cabral (PSB), pré-candidato a governador, de sua vice Luciana Santos (PCdoB) e a da postulante ao Senado, Teresa Leitão (PT), a soma dos três chega a pouco mais de 154 mil votos.
Para efeito de comparação, a principal adversária, Marília Arraes (Solidariedade), sozinha, teve 193.108 mil votos como candidata a deputada federal. Ou seja, a falta de afinidade da chapa da Frente Popular com o voto do eleitor já nasceu muito comprometida. Rifado como candidato, o ex-prefeito Geraldo Júlio, através de mensagem, traduziu a um amigo e interlocutor próximo como vê o problema.
Leia mais“Aqui, a condução do governador vai eleger a oposição. Matou a candidatura natural e vamos sofrer com uma chapa, como costumava dizer Eduardo Campos, inelegível por falta de voto”, disse, segundo um interlocutor bem próximo. Essa falta de empatia com o eleitor, nas ruas, está cada dia mais presente nas campanhas dos candidatos proporcionais.
Conta-se nos dedos os que acompanham a agenda da chapa majoritária. Eles priorizam seus próprios compromissos, pois diagnosticaram que os atos com Danilo, Luciana e Teresa são improdutivos, porque só falam para os mesmos, com plateias formadas majoritariamente por cargos comissionados das prefeituras e do Governo Estado.
“A questão é a seguinte: se a chapa majoritária não empolgar, como vem acontecendo com a nossa, a tendência é ela puxar nossa votação, a votação dos candidatos das chapas proporcionais, para baixo. Ninguém vai se suicidar em nome de Danilo, Paulo Câmara, João e Renata Campos. Vou cuidar da minha sobrevivência, justificou um deputado federal do PSB que tenta novo mandato.
Há uma constatação também, além da falta de empatia com o eleitor comum, a grande pedra no caminho: a altíssima rejeição do governador Paulo Câmara e, consequentemente, do Governo. Já o prefeito-infante-viajante João Campos tem feito corpo mole e criado dificuldades para Teresa Leitão, segundo um parlamentar petista.
“Tudo porque ela é do PT. Ele odeia o PT. Então, não adianta ficar remando contra a maré. Muitos já estão jogando a toalha e conduzindo seus movimentos de forma independente”, reforçou, por sua vez, um candidato a deputado estadual pelo PT, que tenta uma vaga na Assembleia Legislativa pela primeira vez.
Uso da máquina – Prefeito do Cabo, Keko do Armazém, ligado a Dudu da Fonte, viu entrar nos cofres do município, ontem, a bagatela de R$ 64,4 milhões horas antes de promover um ato formalizando apoio ao pré-candidato do PSB, Danilo Cabral. Tem uso da máquina mais explícito? Nem na China! A dinheirama, segundo o Diário Oficial, se destina a obras em estradas, na saúde, educação, desenvolvimento social e lazer.
Chapa banguela – A chapa de Raquel Lyra, pré-candidata tucana ao Palácio das Princesas, foi fechada, ontem, com a escolha do executivo Guilherme Coelho, também do PSDB, para o Senado. “Mainha não tem chapa, Mainha está banguela”, ironizou um parlamentar da bancada federal. Em tempo: candidato a deputado federal, Guilherme não teria sequer 20 mil votos, segundo cálculos do deputado Daniel Coelho, que o queria na chapa proporcional como calda, para atingir o coeficiente eleitoral e garantir sua reeleição.
Enfermagem 1 – Aprovado por ampla maioria no Congresso, o Projeto de Lei (PL) do piso da enfermagem se tornou um problema para Jair Bolsonaro. O presidente indicou que iria sancionar o texto que estabelece o piso de R$ 4.750 para a categoria, mas seus aliados agora consideram que o presidente será criticado tanto se sancionar quanto se vetar a proposta.
Enfermagem 2 – Como não há previsão de fonte de custeio, Bolsonaro será alvo de questionamentos sobre a criação de mais uma despesa sem saber como pagá-la – a exemplo da manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600. Membros do Centrão aconselharam Bolsonaro a vetar o texto, mas o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, insiste na sanção. O prazo para Bolsonaro se decidir termina no dia 4.
Jogo pesado – O presidente Jair Bolsonaro (PL) postou, ontem, um vídeo de roubo em resposta a um post do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O trecho é uma cena do filme norte-americano “As Branquelas”, lançado em 2004, em que o ladrão rouba uma bolsa vermelha das mãos do protagonista, que corre atrás do assaltante. Na publicação, Lula havia escrito: “Se cuidem, se alimentem bem, façam ginástica. Porque vocês vão ter que estar com as canelas boas para me acompanhar andando pelo Brasil”.
CURTAS
MORTOS 1 – Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que o governo federal pagou auxílio emergencial a 135,7 mil pessoas mortas, entre 2020 e 2021 – durante o auge da pandemia de Covid-19. O prejuízo aos cofres públicos alcançou R$ 336,1 milhões.
MORTOS 2 – O procedimento rotineiro da CGU visa averiguar eventuais falhas relacionadas a fraudes nos benefícios concedidos aos cidadãos brasileiros. Dentre todos os pagamentos que não se enquadravam nos requisitos exigidos para o recebimento do auxílio, o governo desembolsou R$ 9,4 bilhões.
Perguntar não ofende: Lula vai resolver o imbróglio carioca?
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